Capítulo VI

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Os dias que se seguiram foram tranquilos. No entanto, havia muitas informações para processar. Katherine repassou várias vezes como a educação das duas crianças deveria ser administrada. Ela sabia a que Heloise deveria ter aula de piano das dez da manhã até o meio dia, porque o Sr. Nicholls detestava o "barulho desafinado" da menina e nesse período sempre estava fora de casa. Enquanto isso, Arthur deveria estar fazendo suas leituras e lições variadas. Katherine foi advertida a prestar bastante atenção ao menino porque ele tinha um gosto peculiar para insetos e se recebesse um pouco de liberdade só estudaria livros que falassem sobre "aquelas coisas pavorosas". As crianças deveriam passar o dia ocupadas com alguma atividade, também era recomendado que ficassem um pouco do lado de fora da casa em dias em que o tempo estivesse agradável.

Em uma tarde Katherine aprendeu tudo sobre a alimentação das crianças. No outro dia, enfrentou uma série de testes sobre todas as suas habilidades (algo que imaginou que deveria ter acontecido logo quando chegou) e recebeu uma incontável quantidade de elogios da Srta. Martin. Aparentemente os conhecimentos literários, artísticos, musicais e idiomáticos dela eram "absolutamente admiráveis!" Vendo o quanto a atual governanta parecia feliz com suas habilidades Katherine resolveu acrescentar a sua favorita.

-Eu também sei cozinhar. Quando for preciso posso fazer qualquer receita e posso ensinar a Heloise também.

A srta. Martin estampou um olhar de surpresa e leve curiosidade.

-Minha querida Srta. Ellis, isso parece muito bom, mas creio que não será necessário. Todo o serviço da cozinha deve ficar com os empregados. Além do mais, temo que suas responsabilidades normais nem mesmo lhe darão tempo de adicionar algo extra, sem falar que a ideia de Heloise cozinhar deve ser imediatamente descartada. Ela definitivamente não será o tipo de moça que precisará chegar perto de um fogão.

Katherine se sentiu um pouco frustrada por saber que não poderia fazer uma das coisas que mais amava e antes de prestar atenção novamente a qualquer coisa que a srta. Marin dizia sobre o polimento da prataria, ela pensou que até algum tempo atrás ela também não era o "tipo" de moça que precisaria chegar perto de um fogão, mas, mesmo naquela época, aquilo era uma verdadeira fonte de alegria para ela.

Na sexta-feira pela manhã Katherine pensou em pedir para dar uma volta pelo centro de Missford, tinha passado por lá muito rápido quando chegara e desejava conhecer mais, parecia tão bonito, no entanto deixou essa ideia de lado quando a srta. Martin disse que os Nicholls chegariam sábado e que toda a organização da casa estaria sob o comando da nova governanta. Ela olhou para Katherine e declarou:

-Esse é o momento da senhorita me provar que aprendeu tudo o que lhe passei durante estes dias. Vou supervisionar, mas não interferirei em nada que for decidido.

Katherine sorriu e começou a trabalhar imediatamente. Durante todo o dia, organizou diversas coisas grandes e pequenas, delegou funções e supervisionou os trabalhos. Tudo correu tranquilamente, os empregados pareciam estar confortáveis com ela. Katherine não conseguia ter uma postura tão profissional e firme como a da Srta. Martin. Ela nunca soubera dar ordens, nem mesmo quando era a dona da casa, mas achou que conseguiria fazer com que tudo seguisse da maneira correta dentro da sua própria personalidade. Naquela noite, depois de verificar mais uma vez se tudo estava perfeito para a chegada dos Nicholls, Katherine subiu para o seu quarto com uma sensação de dever cumprido que a fazia sorrir. Antes de deitar, escreveu uma carta para a sua amiga Joanne que foi finalizada da seguinte forma:

Ainda não sei tudo o que essa nova fase me reserva, mas o dia de hoje me faz pensar que estar aqui é realmente a coisa certa e que tendo que descobrir tudo que ainda virá nesse caminho também descobrirei muito de mim mesma!

As crônicas de Bethton: Katherine EllisOnde histórias criam vida. Descubra agora