Capítulo V

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Missford, 25 de fevereiro de 1812

Querido Thomas,

Imagino que nesse momento você já deve estar inquieto e ansiando por receber alguma notícia minha. Por isso, inicio pedindo minhas mais sinceras desculpas por ter prolongado tanto o envio dessa carta. No entanto, apelo para o seu bom senso e seu coração afetuoso que saberá entender que se não entrei em contato mais rapidamente, não foi, em nenhuma medida, por qualquer falta de consideração de minha parte e sim porque tenho vivido dias intensos e quase não tem sobrado tempo algum para sentar e escrever longas linhas como você merece.

Cheguei em Missford sábado pela manhã. Não há muito para contar da viagem até aqui, foi tranquila, apesar de muito cansativa. A Srta. Martin, atual governanta da família, estava me esperando na estação e foi a primeira pessoa que avistei logo que desci da carruagem, desde o primeiro contato, ela me pareceu perfeitamente cordial e educada. Á caminho da residência conversamos um pouco, ela disse que ficará comigo pelas próximas duas semanas para que eu possa aprender e estar confortável com tudo antes de assumir o trabalho sozinha, nem preciso dizer o quanto fiquei grata por tal informação.

Ainda não conheci a família Nicholls, eles estão em uma viajem para visitar a família da Sra. Nicholls e só retornam no próximo fim de semana. Também estou grata por ter este tempo para preparar-me antes de os conhecer. A srta. Martin,me relatou as melhores coisas sobre as crianças, aparentemente eles estão sentindo muito por perde-la, mas estão ansiosos para me conhecer. Também desejo os conhecer e ser a melhor governanta que puder para essa garotinha e esse garotinho. Sobre o senhor e a senhora Nicholls, ainda não tenho muitas informações, mas espero que sejam pessoas agradáveis e com quem terei prazer de conviver.

Agora, querido irmão, preciso lhe contar sobre Missford e não sei se conseguirei expressar nessas próximas linhas o quanto estou realmente encantada com esse lugar. A cidade é, de fato, muito pequena. A parte central possui algumas lojas, todas muito simples, mas muito delicadas e convidativas, as residências são muito bonitas, desde os pequenos e milimetricamente enfileirados chalés da rua dos lírios (todas as ruas tem nome de flores por aqui, vou lhe contar mais sobre isso depois.) até a magnífica imponente Cristhall, residência dos Nicholls e local de onde eu escrevo essa carta agora. Sobre Cristhall, creio que precisaria de uma carta inteira para descrever em detalhes a riqueza arquitetônica desse lugar. Se juntássemos a beleza da nossa casa (agora não tão nossa) e da casa dos Wood em um único local ainda não faríamos justiça à beleza dessa residência. Também não posso me deter agora na quantidade de parques e jardins que existem nessa linda cidade, não é nenhum exagero quando chamam Missford de "A cidade da primavera". As flores estão por todo lugar e eu não estou exagerando, essas paisagens são definitivamente um descanso para os olhos de qualquer pessoa.

Por hora meu amado irmão, creio que essas são as noticias. Seguirei aprendendo todo o possível com a Srta. Martim pelos próximos dias e estou verdadeiramente empolgada (apesar de um pouco assustada) com tudo o que virá.

Por fim, espero que minha descrição tão favorável de todos os últimos eventos não o tenha feito pensar que para mim é fácil estar tão distante de você, porque isso está longe de ser a verdade. Todos os dias, sinto sua falta e a falta dos nossos amados amigos. No entanto sei que é aqui que tenho que ficar, pelo menos por agora.

Tenho que parar de escrever, a srta. Martin me convidou para dar um passeio e conhecer um pouco da vizinhança. Por favor, não me castigue pela demora em escrever com igual ou maior demora em responder-me. Mande-me noticias tão logo seja possível. Diga a todos os nossos amigos e conhecidos que mandei sinceros abraços e lembre-se de que você está em meu coração sempre.

As crônicas de Bethton: Katherine EllisOnde histórias criam vida. Descubra agora