Capítulo XIII

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Katherine não precisou de muito esforço para lembrar de perguntar a patroa, na primeira oportunidade, sobre as flores de Daniel. A sra. Nicholls, que amava aquele jardim, pediu para Katie avisar que o rapaz tinha toda a liberdade para plantar as flores que quisesse, sempre que quisesse. Katherine também foi rápida em enviar, por um dos empregados, um recado para Daniel com essa informação.

Os dias foram passando e, em meio às suas muitas atividades, Katie sentia muita falta de cozinhar. Passar horas na cozinha desenvolvendo cuidadosamente uma receita, e fazendo vários testes até funcionar, era algo que a relaxava muito e que não fazia desde que havia mudado para Christhall. Além disso, achava que Heloise amaria uma atividade na cozinha e a possibilidade de aprender a criar pratos deliciosos. Ela lembrava o que a Srta. Martin havia dito sobre Heloise não precisar cozinhar, mas ainda assim achava que seria uma algo divertido e que ajudaria a frenética garotinha a gastar um pouco da sua inesgotável energia.  Pensou que não faria mal falar com a sra. Nicholls e pedir permissão. O Sr. Nicholls ainda estava viajando o que tornava mais animadora qualquer ideia de tentar uma atividade diferente.

A sra. Nicholls não apresentou oposição, ela parecia querer concordar com qualquer coisa que pudesse alegrar um pouco as crianças. Com a permissão da patroa,  Katherine se empolgou e começou a organizar tudo para o dia de culinária acontecer na manhã seguinte. Heloise ficou encantada com a ideia de aprender a fazer biscoitos e Katherine quase se arrependeu de não ter deixado a novidade só para o dia em que aconteceria, porque a ansiedade de Heloise fez com que ela falasse o dia inteiro sobre o assunto! Katherine ainda tentou convencer Arthur de que ele deveria participar também, mas ele garantiu que já estaria muito ocupado.

É claro que no dia seguinte, Katherine acordou com Heloise a sacudindo e falando sem parar. Ela precisava urgentemente começar a fechar a porta antes de dormir.

Depois de todas as atividades obrigatórias da manhã, que Heloise fez quase forçada, finalmente chegou o momento de colocar a mão na massa:

-Só mais meia xícara de açúcar. Coloque com cuidado e comece a misturar.

Heloise estava em pé em cima de um banco para chegar à altura da mesa. Perto do fogão, terminando o almoço, a cozinheira ria da agitação da menina enquanto terminava a receita e das tentativas de Katherine de que os biscoitos saíssem minimamente dentro da receita.

-Mexa mais devagar, querida, ou vai ter massa de biscoito na cozinha inteira.

-Não se preocupe, srta. Ellis! Esses vão ser os melhores biscoitos que você já provou na vida! Vou levar para o Arthur e para a mamãe e... Sabe o que mais nós poderíamos fazer: Uma torta. Eu realmente queria comer uma torta. Eu poderia comer uma inteirinha...

Enquanto a menina falava, Katherine pensou que realmente era uma boa ideia fazer uma torta.

-Heloise, você gosta de torta de Mirtillos?

-Como a senhorita  sabia que essa é a minha torta favorita?

Katherine riu.

-Eu não sabia. Mas eu também gosto muito e é a torta favorita do meu irmão.

A cozinheira entrou na conversa.

-Srta. Eliis, ontem passei pelo pomar e ele está repleto de mirtillos maduros. Acho que tem mirtillos lá para cozinhar umas dez tortas.

-Isso é ótimo! A senhora poderia olhar a Heloise por um minuto enquanto eu vou até lá colher alguns?

-Claro, olho sim! Pode ir.

Heloise parou de mexer a massa e colocou as mãos na cintura, parecendo indignada:

-Nada disso. Eu vou com a srta. Ellis.

As crônicas de Bethton: Katherine EllisOnde histórias criam vida. Descubra agora