De volta a Cristhall, a governanta recebeu a notícia de que as crianças tinham sido liberadas de suas obrigações durante o resto do dia. Heloise, imediatamente, pediu para ir brincar lá fora. Arthur pediu para ir para o quarto trabalhar em sua nova investigação.
Katherine se sentia leve e animada. Toda aquela atenção dada à primavera ali parecia ter lhe contagiado completamente. Pediu para uma das empregadas olhar Heloise lá fora e seguiu, cantarolando, até a cozinha para verificar como estava o andamento do almoço.
Em um lado do cômodo a cozinheira da família mexia uma enorme panela e do outro, outra empregada polia um incontável número de talheres de prata. Katherine tinha certeza que nem na época em que sua família era consideravelmente rica eles possuam tantos utensílios valiosos assim.
-Está tudo certo por aqui?
Perguntou com um sorriso
-Tudo certo, srta. Ellis. O almoço estará pronto em quarenta minutos, no máximo.
-Ótimo, o cheiro está maravilhoso... Srta. Fall, deixe-me ajudá-la com essa prataria.
-Ah, não precisa se incomodar srta. Ellis, eu dou conta sozinha.
- Tenho certeza que sim, mas não me incomodo de ajudar. Não tenho outra coisa para fazer agora mesmo e assim podemos acabar esse trabalho mais rápido.
Ela sentou-se e se pôs a trabalhar. Enquanto deixava cada garfo e cada faca reluzente, acabou conhecendo um pouco mais daquelas duas mulheres que eram fundamentais para que ela conseguisse fazer o seu trabalho. Katherine contou para elas um pouco sobre sua história, embora não tenha contado nada sobre já ter sido uma grande herdeira, e falou do quanto sentia falta de cozinhar.
-Sinta-se a vontade para usar essa cozinha quando quiser.
-Muito obrigada! Meninas, posso perguntar uma coisa a vocês?
-Claro, senhorita.
- Vocês estão gostando de trabalhar comigo? Podem ser sinceras! Essa é a minha primeira experiência e tenho muito medo de não estar fazendo tudo como deveria, preciso muito da opinião de vocês.
A srt. Fall respondeu com um sorriso cheio de respeito.
-A senhorita está fazendo um ótimo trabalho, sim. Creio que ainda terá que aprender algumas coisas sobre Cristhall, mas tem sido um enorme prazer trabalhar sob as suas ordens.
-É, a srta. Martin era uma excelente governanta também, mas a senhorita tem algo diferente, que de alguma forma deixa o ambiente mais leve.
-Muito obrigada, meninas. Espero que não estejam dizendo tudo isso só para me agradar e gostaria de pedir mais um favor: se vocês tiverem algo a me dizer, podem o fazer a qualquer momento. Se eu fizer alguma coisa que torne o trabalho de vocês mais difícil ou que não seja o melhor para todos, por favor, digam-me. Não existe uma hierarquia entre nós, meu desejo é que nos ajudemos, assim o trabalho vai ser mais leve para todas.
As empregadas concordaram com um aceno entusiasmado e as três continuaram trabalhando como um time por mais algum tempo, até que Katherine ouviu o som de uma carruagem se aproximando.
-A Sra. Nicholls não me disse que estávamos esperando visitas, quem será? Vou até lá ver quem está chegando e subir para avisar. Com licença, senhoritas.
Antes mesmo de chegar até a frente da casa, apenas olhando pela janela, percebeu que a carruagem que havia chegado era, na verdade, do Sr. Nicholls, que só era esperado dalí a dois dias. Rapidamente, Katherine pediu para uma empregada ir até a cozinha avisar que o local do patrão deveria ser preparado à mesa e depois foi até onde ele estava para recebê-lo.
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As crônicas de Bethton: Katherine Ellis
SpiritualBethton é um pequeno e desconhecido país, com os invernos mais frios e as primaveras mais floridas. Um lugar que como todo os outros é cheio do maior tesouro: histórias! Histórias de todos os tipos e para todos os gostos. Nessa primeira crônica de...