XI-Amélia

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De todas as coisas que Amélia planejara fazer naquele dia, lutar contra o rei dos lobos não era uma delas. Todo aquele papo de "Filha de Roma" fazia sua cabeça latejar. Ela tinha vontade de sumir e nunca mais voltar.

Sério, ela só queria ter um dia de paz em sua vida, onde ela não teria que se questionar todos os dias sobre absolutamente todos os seus passos. E por que raios um cara que deveria estar morto iria matá-la em busca de vingança? Por que ele não foi simplesmente peitar Zeus, o responsável por esse problema?

E o pior de tudo: quem era Jason e Thalia? Os nomes eram incrivelmente familiares, mas ela não sabia o porquê.

Amélia bufava de ódio. Transformou sua espada e se preparou, esperando um ataque de Licaón.

— Isso mesmo, use sua espada dada pelo seu pai! Me ajuda a ter mais ódio!

Ele avançou sobre ela com as garras à mostra. Tentou arranhar seu braço, mas Amélia foi mais rápida. Ao seu redor, lobos lutavam contra Brett e a alcatéia de Scott. Aquilo parecia muito estranho para ela, como se estivesse presenciando algum tipo de guerra civil.

Licaón continuou tentando arranhá-la. Ela sabia que, se ele a atingisse, seria transformada em lobisomem. As coisas eram diferentes quando se tratava do primeiro lobisomem do mundo.

Durante muito tempo, sua luta baseou-se apenas em desviar dos ataques de Licaón. Ela queria cansá-lo, mas aquilo lhe parecia impossível. Quanto mais ela lutava e desviava, mais ela se cansava. Tentou lembrar-se de algo que pudesse lhe ajudar, alguma informação útil.

Lembrou-se de um velho mito de que lobisomens podiam ser mortos por prata. No entanto, Brett havia lhe explicado que isso era mentira, e que prata não matava lobisomens. Em um momento de pânico, ela pensou que nunca conseguiria derrotar Licaón e seria morta por ele, conforme o planejado.

Seu corpo estremeceu. Ela não podia se dar o luxo de surtar desse jeito, tinha que pelo menos tentar. Amélia desferiu um corte no calcanhar de Licaón. A besta uivou e caiu de joelhos no chão. Amélia se distanciou e transformou sua espada em lança, que tinha a ponta feita de prata. Ela olhou para o céu e rezou para que estivesse certa.

Por um momento, o tempo pareceu parar. Ao seu redor, seus amigos lutavam contra lobos grandes e brancos, todos em câmera lenta. Ela correu em direção ao rei dos lobos e pulou. Um raio percorreu seu corpo e lança, e, quando ela atingiu a besta no estômago, ela o eletrocutou.

Licaón berrou de dor. Seus olhos brilhavam em puro ódio, e fitaram Amélia com rancor.

—A filha de Roma não vai vencer. Você nunca irá vencer! Sentirá a ira dos primordiais e perderá aquele que você mais ama.

O corpo de Licaón se dissolveu, assim como os seus lobos. Amélia continuou parada, na mesma posição que estava antes. Ela respirava fundo, cansada e com medo. Agora, pelo menos, ela sabia o que era. Uma semideusa, embora não soubesse exatamente quem era seu pai.

Ela se virou para o grupo, que a encarava com surpresa.

— Você o matou? — perguntou Scott.

— Ele já estava morto há séculos. De algum modo, escapou do reino inferior.

— Reino inferior? — perguntou Selene. — O quê?

— Prometo que vou explicar. — disse Amélia. — Mas, antes, eu preciso conversar com Satomi.

Amélia olhou feio para Brett. O que quer que ele soubesse, não tinha lhe contado. Tinha destruído sua confiança. Por hora, ela lidaria com Satomi, depois falaria com Brett.

                              .  .  .

Satomi pareceu entender o que ia acontecer quando Amélia voltou da floresta. Todos a fitavam com um misto de surpresa, medo e ódio. Ela não os culpava, no entanto. Também ficaria nervosa se um inimigo viesse em seu território.

A Herdeira De ZeusOnde histórias criam vida. Descubra agora