No outro dia, Amélia acordou mais tarde. Não gostava muito de dormir no chalé 1, mas estava muito cansada do dia anterior. Normalmente ela ficava fitando o teto em forma de domo, decorado com um mosaico azul e branco como um céu nublado. Sua maior atração era ficar contando as nuvens que cruzavam o teto, com matizes que iam do branco ao preto.
Trovões soavam no quarto e revestimentos dourados e finos iluminavam-no como se fossem raios. No centro do chalé, uma estátua colorida de seis metros de altura, representando Zeus em vestimentas gregas clássicas, com um escudo ao lado e um bastão relampejante no ar, pronto para acabar com alguém.
A Vossa Majestade real rabugenta. Amélia odiava ser filha dele às vezes. O combo de ser um semideus vinha com muito mais problemas do que privilégios.
Sem contar que o cara era o mais folgado possível. Um deus que deixa tudo nas mãos de seus filhos e não envia nenhuma ajuda.
Ela vestiu um short e uma camiseta laranja do Acampamento Meio-Sangue. Calçou seus sapatos e preparou-se para sair daquele chalé frio e solitário. Ela queria que Thalia tivesse feito companhia à ela nessa noite. Odiava dormir sozinha naquele lugar enquanto a estátua esquisita do seu pai a encarava o tempo todo.
Amélia abriu a porta da cabine e saiu do chalé. Deviam ser dez horas da manhã, o que significava que Quíron e Brett provavelmente já tinham conversado. Ela foi em direção à Casa Grande, decidida à falar com o centauro.
Ela o encontrou sentado em sua cadeira de rodas mágica, jogando aquele jogo de cartas com o Sr. D.
—Bom dia, querida. — disse Quíron.
—Bom dia. — o deus do vinho nem mesmo se mexeu, mas Amélia não ligou. Ela se virou para Quíron e continuou a falar. — Será que tem como a gente conversar?
Quíron balançou a cabeça em afirmativo.
—Siga-me. — ele ordenou. — Temos limonada.
A sala de estar parecia engolida por uma floresta tropical. Parreiras tomavam conta das paredes e do teto, com folhas verdes e repletas de uvas vermelhas.
Sofás de couro rodeavam uma lareira de pedra, acesa. Em um canto, um velho fliperama de PacMan fazia barulhos e piscava. Nas paredes, várias máscaras- as de sorriso/ choro do teatro grego, máscaras de carnaval de Nova Orleans, máscaras venezianas com plumas e narizes grande e aduncos, máscaras africanas feitas de madeira.
As vinhas se retorciam por suas bocas e pareciam línguas de folhas. Algumas máscaras tinham cachos de uvas saindo pelo buraco dos olhos. O mais estranho de tudo era a cabeça empalhada de um leopardo no alto da lareira. Empalhado não, o bixo estava vivo.
Amélia se sentou em uma poltrona e ignorou o leopardo vivo.
—Então, Amélia, sobre o que você quer conversar?
—Sobre Brett.
Quíron balançou a cabeça. Seus olhos escureceram, profundos e sombrios como um poço.
—Eu conversei com ele mais cedo. Ele me contou a história de sua família.
—Eles morreram em um incêndio. Mas Poseidon é imortal...
—Brett não é filho de Poseidon. Pelo menos não diretamente.
Amélia franziu as sobrancelhas. Sua mente trabalhou incessantemente, mas ela não conseguiu pensar em como isso seria possível.
—Ele é um descendente de Belerofonte, um semideus filho de Poseidon. Foi ele quem matou Otrera, a primeira rainha amazona.
—Então por que ele foi reclamado pelo deus do mar? Pensei que eles só fizessem isso com seus filhos diretos.
![](https://img.wattpad.com/cover/215190236-288-k696620.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Herdeira De Zeus
AdventureUma filha de Júpiter, General dos Acampamentos grego e romano, é sequestrada e exposta aos perigos do mundo mortal e divino. Ela é obrigada à provar seu valor e liderança diante de sua repentina amnésia, enquanto tenta se lembrar de sua vida passada...