XV-Aaron

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Aaron sentiu sua visão ficar turva. Aos tropeços, ele foi se apoiando em Amélia, enquanto iam para a enfermeira. Ela insistiu que o levaria até lá, mesmo depois de ele ter rejeitado. Ainda sentia-se chateado pelo o que ela disse sobre considerar aquela alcatéia como uma família.

Ele sabia que era errado se sentir assim, mas não podia evitar. Aaron sentia ciúmes, mas preferiria morrer do que admitir isso em voz alta.

Amélia abriu a porta da enfermaria e o ajudou a se deitar na cama. Aaron sabia que tinha perdido muito sangue e que seu corpo estava lentamente se recuperando do choque. Já podia sentir a dor horrorosa que se espalhava pelo seu pulso e braços.

Lucca, seu meio-irmão, veio correndo na direção da maca. Aaron tentou se levantar, mas quando se sentou, sentiu o mundo girar.

—Fique deitado! — reclamou Amélia.

—Você tem que resolver a questão da Selene...— Aaron começou a dizer.

Aaron queria continuar a falar, mas sentia seu corpo se amolecer. Rapidamente, ele perdeu a consciência.

Depois disso, ele teve sonhos.

Aaron estava em uma sala, que se parecia com uma cela de uma prisão. Ao olhar ao redor, notou que haviam pessoas deitadas no chão, presas à uma corrente de ferro. O lugar era úmido e cheirava à mofo, com apenas uma pequena janela com grades de ferro grossas que mostravam precariamente o lado de fora do lugar.

Uma mulher japonesa tossiu, chamando a atenção de Aaron. Ela estava deitada em um canto da cela, pressionando a enorme ferida em seu abdômen. Estava terrivelmente fraca e pálida, como se a qualquer momento ela fosse partir para a morte.

—Satomi. — chamou um homem.

Ele estava do lado oposto à mulher japonesa, preso por uma corda que pendia do teto, deixando-o pendurado pelas mãos. Assim como ela, tinha uma aparência medonha.

—Fique acordada. Você não pode dormir.

Satomi gemeu de dor. Era visível que ela lutava para permanecer acordada,  mas Aaron começou a sentir que seu esforço em breve seria em vão. Ele tentou falar algo, mas sua voz não saia. Avançou para perto da mulher, tocando-a no ombro, mas ela pareceu não sentir.

Aaron sentiu o pânico crescer dentro de seu peito. Ele queria ajudar, mas não podia.

—Derek, prometa que vai ajudar beretto. — disse Satomi. O homem começou a protestar, se contorcendo entre as cordas como se aquilo ajudasse. — Prometa.

—Não. Nós vamos sair dessa. Eu...

Derek foi interrompido pelo som da cela se abrindo. James entrou, vestindo uma armadura negra com uma capa vermelha. Seus olhos estavam negros, diferente dos costumeiros olhos castanhos do semideus. Vê-lo fez com que todos os músculos do corpo de Aaron se contraíssem, e ele imediatamente teve vontade de espancar James.

Ele nunca gostara do cara de qualquer forma.

James deu um sorrisinho de lado e abriu os braços.

—Você não vai morrer, Satomi. Não pelas minhas mãos. — disse James. Sua voz era metálica e fria, como um robô. — Você sabe que não é a hora.

Satomi se remexeu. James mandou um soldado, com uma cicatriz horrorosa que ia do olho até o pescoço, que segurava um kit de primeiros socorros. O homem começou a cuidar do ferimento da mulher, embora Satomi rosnasse para ele, com os olhos brilhando em um tom vermelho. Aaron soube imediatamente que ela era uma lobisomem alfa.

—Não mostre as presas. Poupe sua força. — continuou James. — Como eu ia dizendo, você sabe muito bem quem vai te matar, não sabe? Como é que você o chama mesmo? Beretto?

A Herdeira De ZeusOnde histórias criam vida. Descubra agora