XXI-Aaron

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Aaron tinha pisado na bola com Selene. Se sentia mal por isso, mas agora aquilo realmente não importava. Enquanto estavam dançando, ele suspirou e balançou a cabeça.

—O que foi? — ela perguntou.

Aaron colocou uma mecha de seu cabelo negro atrás de sua orelha e soltou um suspiro antes de continuar.

—Você está linda. — ele disse. Selene sorriu. — Mas eu tenho que ser sincero com você.

—Sobre o quê? — Selene perguntou.

—Tem uma garota. — ele começou. — Que eu amo demais. E preciso falar para ela sobre isso, antes que seja tarde demais.

O sorriso de Selene desapareceu. Ela parou de dançar e se afastou um pouco de Aaron.

—Me desculpe, eu não...

—Vá. — disse Selene. — Mas cuidado para não se arrepender de algo que talvez não acontecerá duas vezes.

Aaron franziu as sobrancelhas. Antes mesmo que pudesse perguntar sobre o que Selene estava falando, ela saiu correndo.

Ele sabia que tinha sido incoveniente. Sabia que tinha jeitos melhores de ter dito aquilo, mas agora ele não ligava. Estava levando Amélia para perto da praia, e iria contar à ela sobre seus sentimentos.

Aaron a parou no meio do caminho. Se andassem mais uns dois metros, entrariam no mar. Amélia tinha tirado seus saltos quando começaram a andar na areia, e agora batia em seu peito.

—O que você queria dizer? Por que tivemos que ir tão longe dos outros?

O vento fez com que os cabelos louros de Amélia esvoaçassem. À essa altura, sua trança já tinha sido desfeita. Aquele visual selvagem combinava muito mais com ela agora.

Os olhos azuis fitavam Aaron em uma calma espetacular, mas pareciam conter uma tempestade dentro deles. Os cabelos louros bagunçados a deixavam rusticamente bonita e, ainda assim, ela parecia manter tudo sobre controle. Como se o caos estivesse dentro do planejado.

Aaron limpou a garganta e passou a mão nos cabelos. Suas mãos tremiam, e ele tinha medo de que a qualquer momento suas pernas fossem lhe trair. O semideus manteve a postura.

—Somos amigos há muito tempo. — ele começou.

Amélia revirou os olhos.

—Eu sei, seu bobão. — ela disse, sorrindo.

Aaron colocou suas mãos nos ombros de Amélia.

—Pelo amor dos deuses! — ele disse. — Me deixe falar!

Amélia desmanchou o sorriso e encarou Aaron com uma expressão que ele não conseguiu ler.

—Quando você chegou no acampamento com sete anos, assustada e com medo, eu senti uma necessidade imensa de te proteger. — outra brisa forte fez com que os cabelos de Amélia voassem, mas ela não se mexeu. Apenas piscou e continuou encarando Aaron. — Eu não sabia como era perder a mãe, mas queria descobrir um jeito de te ajudar. Foi então que eu me aproximei de você.

Aaron sorriu com a lembrança.

—Você era muito tímida. Tinha medo de se abrir e começar a desmoronar. Demoraram dois meses para que eu finalmente conseguisse trocar duas frases completas com você sem que você saísse correndo. — Aaron continuou. — Você não sabia quem era seu pai ainda. Você se lembra de quanto tempo demorou para você ser reclamada?

—Cinco meses. — os dois disseram juntos.

—Eu me lembro daquele dia como se fosse hoje. — Aaron disse. — Você tinha me pedido para ir nos estábulos. Queria ver um cavalo específico. Um que era...

A Herdeira De ZeusOnde histórias criam vida. Descubra agora