IV-Aaron

132 5 0
                                    

Aaron queria socar alguma coisa. Estava descontando toda a sua raiva no saco de pancadas, mas nada disso aliviava sua raiva. Ele foi fraco. Não conseguiu salvar Amélia. Agora ela estava perdida, desaparecida, talvez morta. Por um descuido seu.

Ele já repassara várias e várias vezes o relatório da missão. Tanto para os Coroneis quanto para si mesmo. Sentia seu estômago embrulhar toda vez que lembrava.Tinham ido enfrentar a Rainha Aranha, uma subordinada do titã primordial Érebo. Haviam lutado contra ela e vencido. E então, de repente, um gás preencheu os pulmões dele, o obrigando a desmaiar.

Quando ele acordou, ela tinha ido embora. Natasha e Aaron procuraram por toda a floresta durante dias. Acionaram reforços gregos e romanos. Mesmo assim, ninguém encontrou Amélia.

Agora ele tinha que enfrentar as consequências de seus erros. Se tivesse sido mais forte... Se tivesse resistido, talvez ela estivesse ali agora. E então, talvez, ele pudesse confessar seus sentimentos para ela.

Vinha querendo fazer isso há algum tempo. Mas ainda se sentia inseguro sobre como ela reagiria, principalmente depois de James. Esperou meses. Quer dizer, anos, mas estava esperando para que ela estivesse pronta para receber a notícia agora.

Estava planejando fazer aquilo logo depois que voltassem da missão. Tinha reservado um restaurante em Nova Iorque, o preferido dela. Depois, eles andariam pela cidade e ele confessaria que estava apaixonado por ela desde que tinham seis anos.

Brega? Talvez. Mas era de sua natureza. Aaron queria que aquela noite fosse perfeita, mas agora nem adiantava mais.

Todos os outros semideuses o olhavam com pena, como se soubessem como ele se sentia. Mas Aaron não queria a piedade dos outros. Odiava quando eles o olhavam com pena. Não queria a misericórdia deles.

Aaron desferiu o milésimo golpe no saco de pancadas. Cada vez que fazia isso, ele se lembrava de um momento que passara ao lado de Amélia. E todas as vezes que isso acontecia, seu coração doía cada vez mais.

Ele já estava encharcado de suor. Tinha tentado todo e qualquer tipo de esporte que pudesse ajudá-lo a passar por isso. Nada adiantava.

—Ei, cara. Assim você vai arrebentar esse saco de pancadas.—brincou Natasha.

Ela vestia uma toga romana com uma capa roxa. Uma das vestimentas romanas que Aaron achava horríveis, mas que ficavam incríveis em Amélia. Ele soltou um suspiro e relaxou os ombros.

Ele teve vontade de chorar assim que eles se encararam. Vinha segurando o choro, tentando ser forte, mas nem isso Aaron conseguia fazer. Ele desabou de joelhos no chão, sentindo a visão embaçar. Natasha se ajoelhou junto à ele e o abraçou.

Ele começou a soluçar em seus ombros. Sentia que seu rosto estava vermelho pela falta de ar. Nem mesmo isso o impediu de continuar.

Natasha o abraçou mais ainda. Os dois partilhavam da mesma dor: a de perder uma amiga. Para Aaron, Amélia era mais que uma amiga. Agora ela se fora, sem que ele pudesse dizer o que ele queria.

—Eu deveria ter falado que a amava, Nat. Meu coração está partido em pedaços. Não sei se irei sobreviver.

—Não diga isso, Ramirez. A causa não está perdida. Quando a encontrarmos, você poderá falar pra ela sobre o que sente.

Aaron fungou. Sentiu-se um bebezão, mas não estava nem aí. Não se importava. Ele chorava de armagura, das palavras não ditas. Se pudesse, faria tudo diferente.

—Sabe, pra uma filha de Afrodite, você tem os piores conselhos amorosos.

Natasha sorriu e revirou os olhos.

A Herdeira De ZeusOnde histórias criam vida. Descubra agora