XII. Ajuda desconhecida

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Charles

Localização: Capital da Nação Foxwood

Quando os civis partiram da fazenda, o quarteto derrotado permaneceu sentado nos degraus da varanda do casarão, sentindo a tristeza e o cansaço os assolarem. Tudo estava estranhamente silencioso, os soldados Aguilar fugiram levando a família regente e os sobreviventes agora tentavam salvar algo dos danos que a luta entre os soldados e os invasores causaram.

— Sentimos muito por sua perda – Charles consolou.

O ruivo virou a cabeça em direção onde haviam enterrado a garota assassinada, abaixo de um dos grandes carvalhos distantes do casarão e fungou ao chorar calado.

— Lyris morreu por minha culpa – Flynn disse –, eu deveria estar aqui, deveria ter os protegido desde o início!

— Você não pode se culpar – Arthur retrucou –, como poderia saber que isso iria acontecer?

— Sou o Príncipe destas terras, é minha obrigação...- fez uma pausa – Não posso fazer nada mais por Lyris, apenas espero que ela me perdoe. – Disse com pesar – Preciso ir atrás de minha família! Meus pais podem ser os piores, mas continuam sendo meus pais. – comentou ao se levantar – preciso ir atrás de Leah, preciso cumprir meu papel de irmão mais velho.

Naomi se levantou e parou a frente do príncipe.

— Você vai fazer o melhor por eles, agora tente se acalmar – Naomi pediu.

Charles concordou com a garota, acenando com a cabeça.

— Ela está certa, Edgard. – Charles falou – pela manhã partiremos!

As chances de um possível retorno dos Aguilar naquele momento eram baixas, agora sabendo qual seria a reação dos Foxwood a seu abuso, e continuar viagem pela noite não era lá boa alternativa para os viajantes, os mal-intencionados estariam à espreita aproveitando o momento conflituoso que se instalava, entretanto, Charles não conseguia dormir com aquela falsa sensação de segurança. Nunca havia estado em um lugar tão luxuoso como aquele, e mesmo tendo permissão para descansar em uma cama tão macia quanto a qual estava deitado, mal conseguia pregar os olhos. Pelos breves momentos que caiu no sono, logo acordava graças a pesadelos horríveis envolvendo seu Avô e a cena da morte da Imperatriz e da pobre coitada que agora estava enterrada no jardim. Já cansado daquele ciclo, o rapaz se levantou e se dirigiu ao primeiro andar para tomar um pouco de água. Caminhava pela casa, era impossível não admirar os quadros antigos da família Foxwood e sua decoração, o jovem nunca imaginou algum dia adentrar o lar de Reis. Ao passar pela frente da porta de uma das salas, parou por alguns instantes ao notar a presença do príncipe sentado num dos sofás. Quando Charles percebeu o que ele estava fazendo, não conseguiu se conter.

— O que está fazendo, vossa alteza? – Charles intimou.

O príncipe, assustado, deixou de arquear o corpo em direção à mesa de centro, onde pequenas linhas feitas com um pó branco estavam depositadas.

— Não me julgue! – o herdeiro pediu passando a mão abaixo do nariz – Preciso disso, não consigo lidar com tudo sem uma ajuda!

Era deprimente ver alguém naquele estado, Charles teve pouco contato com aquele tipo de coisa, afinal pobres mesmo se tentassem muito não conseguiriam bancar um vício daquele tipo, o máximo que poderiam era se afogar em dívidas e bebidas de péssima qualidade. E Charles achava ainda mais deprimente era ver um membro de uma das famílias fundadoras afundado naquilo, Flynn era tão jovem para se acabar daquela maneira.

— Com o perdão a palavra, mas se não fosse por Naomi, agora estaria morto graças a isso! – Charles argumentou.

O ruivo recostou-se no sofá e fechou os olhos por alguns segundos.

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