XXIV. São as coisas que mais amamos que nos destroem

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Edward

Localização: Capital da Nação Blackwell

Edward admirava a Princesa deitada ao seu lado, tentando guardar cada detalhe daquele momento em sua memória. A jovem o encarava sorrindo, até finalmente perguntar:

— Qual é seu maior medo, Ed?

Os olhos Castanhos de Piper encontraram os azuis de Edward, aguardando sua resposta com ansiedade. O rapaz não precisou pensar muito para responder.

— Tenho medo de assistir outra pessoa que amo morrer – O príncipe respondeu ao acariciar o rosto da garota.

O sorriso da princesa desapareceu.

— Mas não tem medo de ser a causa da morte? – perguntou com seriedade – Você me engravidou, Edward, e agora Alecsander vai me matar.

O rapaz ao se dar conta do que se tratava se afastou da garota e se sentou a cama com rapidez.

— É só um pesadelo, é só um pesadelo! – começou a repetir com os olhos fechados.

Quando abriu os olhos novamente se encontrava em outro lugar, o início da ponte que ligava Blackstone as terras Di Ângelo. Nevava, e tudo em volta estava em repleta escuridão com exceção de alguns locais da ponte graças aos postes de iluminação, no centro da construção estavam duas pessoas: Alecsander segurava Piper pelo pescoço, que tentava a todo custo se desvencilhar, mas não conseguia. Quando o príncipe fez menção em começar a correr em direção aos dois, alguém o segurou

— Se lembre de nossa causa, Edward. – Silas disse friamente enquanto o segurava - não pode interferir

— Ele vai machucá-la! Me solte! – o príncipe gritou tentando afastar o pai.

Um grito fez com que a atenção do rapaz se voltasse a ponte encontrando Piper caída ao chão e a neve a sua volta pouco a pouco sendo pintada por um tom escarlate, enquanto Alecsander golpeava seu ventre tantas vezes que perderá as contas, o príncipe gritou em desespero por minutos assistindo àquilo sem forças para conseguir se soltar de Silas.

[...]

— Edward, acorda! – Flynn chamava assustado

O príncipe assim que abriu os olhos deixou de se debater e gritar, sentando-se a cama, ofegante. Estava encharcado de suor e seu olhar permaneceu distante processando toda a situação novamente: após toda a desgraça que aconteceu em Foxwood uma carta de Cláudia chegou. A rainha não sabia por quanto tempo o marido e o filho permaneceriam em batalha então decidiu informá-los sobre as últimas notícias e entre elas a de que Piper estava grávida. Edward no instante em que ouviu sobre o conteúdo da carta já sabia criança era sua. Uma lágrima solitária escorreu por sua bochecha, mas logo tratou de limpá-la com a palma da mão. Uma pequena parte do exército voltou pela madrugada às pressas, pois Silas foi gravemente ferido por um espião infiltrado no exército enquanto ele e Jonas estavam no riacho.

— Vocês chegaram tarde, estava dormindo...- o ruivo falou cortando o silêncio – o que houve, Edward?

O herdeiro Blackwell não respondeu, apenas se levantou e foi até sua escrivaninha onde a garrafa de bebida que deixou ali quando chegou ainda se encontrava. Entornou a garrafa com rapidez, tomando o restante da bebida amarga.

— Está me deixando nervoso! – Flynn resmungou – o que houve em Foxwood?!

Os olhos do príncipe voltaram a marejar ao lembrar do orfanato, colocou a garrafa onde estava e apoiou as mãos sobre a escrivaninha olhando a janela a sua frente: o sol fraco entre as nuvens cinzentas demonstrava que provavelmente eram as primeiras horas da manhã, daquela janela conseguia ver parte do jardim onde guardas e serviçais caminhavam apressados.

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