I. Os planos do rei

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  13 anos depois, capital da nação Blackwell

Edward

A fuga até o vilarejo Alene foi cansativa e o príncipe permanecia no comando da extensa carruagem abastecida de suprimentos que roubou da fortaleza. A razão de tal feito era irritar o pai que o proibiu de colocar os pés fora da fortaleza naquela noite, mas de qualquer maneira, o rapaz estava fazendo um bem: Alene era considerada a parte mais pobre da capital da Nação, um vilarejo próximo à fronteira sul com pouquíssimos recursos e com certeza os moradores ficariam felizes com o presente justamente naquele dia. Assim que chegou ao vilarejo recebeu olhares receosos dos moradores para a bela carruagem carregando o grande estandarte de tons marrons e pretos da família monarca. O jovem parou no centro da vila ao lado da estátua de uma heroína local e assim que desceu da carruagem, acariciou os cavalos que a locomoviam e deu-lhes o que restou de uma maçã que comeu durante a viagem, afagava suas crinas em seguida.

— Não queremos problemas aqui em Alene! – uma mulher gritou da porta de sua casa.

Edward retirou o capuz de sua capa cinzenta na esperança de ser reconhecido.

— Não trago problemas!

Graças às últimas chuvas que atingiram o território Blackwell o solo estava lamacento, tornando o ambiente pior. Todas as construções do vilarejo eram constituídas por madeiras já em precário estado. O príncipe caminhou até as portas da carruagem e as abriu, deixando seu conteúdo exposto.

— Não sejam tímidos! - Edward pediu, sorrindo de canto.

A mesma mulher que gritou se aproximou com receio e observou o interior da carruagem, maravilhada.

— Por que está fazendo isso? Justiceiros não tem lá bons finais, meu jovem! O rei não vai ficar feliz com isso...

Edward sorriu.

— Realmente não sabe quem sou eu?

A mulher de meia-idade e trajes humildes o olhou atentamente e, envergonhada, fez uma reverência desajeitada em seguida.

— Vossa Alteza, perdoa o nosso mau jeito, a gente não pensava que o senhor viria! – se desculpou, ainda encarando o chão.

— Não precisam se desculpar. – Edward respondeu. – Todos podem vir pegar o que precisarem! - anunciou ele, olhando em volta.

O príncipe se encostou na carruagem, esperando que os moradores levassem todo o seu conteúdo enquanto retirava o maço de cigarros de um dos bolsos, acendendo um deles com um dos últimos palitos de fósforo da caixa que portava. Ao olhar em direção à entrada do vilarejo, se surpreendeu ao encontrar uma figura conhecida, que observava a cena com os braços cruzados e a mesma cara fechada de sempre. O rapaz permaneceu observando a garota se aproximar com passos pesados. Ela trajava vestido azulado longo, um casaco pesado e grandes brincos cintilantes que destoavam totalmente do cenário do vilarejo.

— Não está feliz com minha boa ação, Isla? – Edward perguntou com ironia.

— Se não te conhecesse como conheço, com certeza estaria – ela respondeu com irritação.

Os olhos de Isla eram tão azuis quanto os do príncipe, seus longos cabelos castanhos estavam soltos e a garota quase tão alta quanto o príncipe permaneceu o fuzilando com o olhar. A jovem foi a primeira mulher com quem Edward esteve quando foi forçado pelo pai a ir ao bordel pela primeira vez para ''se tornar um homem'', e o príncipe desde então continuou frequentando o estabelecimento onde Isla ainda trabalha em grande parte das vezes para poder beber até cair em paz, os boatos que circulavam sobre o que ele tanto fazia naquele lugar chamado de casa da perdição pelos puritanos o faziam rir, e ele não negava a má fama que aquilo lhe trazia a ninguém.

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