Extra: Efêmero

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Localização: Nação Luz (atual Nação Imperial)

Reinado Benventura, séculos antes.

A bela jovem de longos cabelos pretos e grandes olhos verdes se fitava no espelho a sua frente, maravilhada. As mulheres presentes no aposento faziam os últimos retoques em seu longo vestido e em seu cabelo com pressa, tagarelando sem parar.

— Não há motivo para querer perfeição, já estou ótima! – Maria declarou sorridente

— É seu grande dia, você tem de estar impecável! – uma de suas primas retrucou, ajeitando a barra do vestido de cor esmeralda da noiva.

A família de Maria era enorme, para dizer o mínimo. Os Benventura por algum motivo até então desconhecido sempre eram agraciados com gestações que resultavam em duas ou três crianças, os preparativos da celebração para comportar toda sua família e os aliados de seu pai, o Rei Cristiano, foram exaustivos. Por um instante pensou em todas as formalidades que teria de passar na celebração após o casamento e se sentiu cansada sem nem começar, no entanto, ao lembrar em quem estaria ao seu lado, voltou a sorrir feito boba. De repente, alguém invadiu o local assustando as mulheres.

— Por favor, saiam, preciso falar com Maria. – O rapaz pediu, afoito.

As mulheres se voltaram a noiva em silêncio, esperando por sua reação, ela que encarava o rapaz pelo espelho por fim assentiu.

— Você não desiste mesmo, hein? – Uma das tias resmungou com irritação ao passar pelo jovem.

Com os dois a sós na sala, a jovem com um pouco de dificuldade graças ao peso do vestido se virou em direção ao jovem.

— O que quer, Esteban? - ela perguntou, juntando suas sobrancelhas

Esteban era um de seus primos. Durante a adolescência, os dois se enamoraram e Esteban prometeu conseguir um posto alto na sociedade, para poder se casar com Maria, a jovem princesa era a sétima de nove filhos, suas chances de assumir a coroa eram mínimas e talvez graças a isso conseguissem ficar juntos. De fato, Esteban conseguiu o posto, mas perdeu Maria. Numa viagem para as terras do sul que fez com seu Pai, a princesa conheceu Caetano Aguilaré e se apaixonou perdidamente, após muito penarem, naquela tarde os jovens amantes finalmente se casariam.

— Maria, ainda há tempo de desistir desta estupidez. – O rapaz alertou – fuja comigo, farei de ti a mulher mais feliz do mundo!

A jovem desceu do pequeno banco a qual estava e caminhou até o rapaz.

— Esteban, já falamos sobre isso. Amo Caetano, permanecerei ao seu lado até o fim de minha vida. O que eu e você tivemos ficou no passado – falou calmamente –, volte a ser meu amigo, Esteban, sinto sua falta!

O rapaz abaixou seus olhos verdes, com um misto de frustração, raiva e tristeza.

— Como pode querer se juntar a um Aguilar? A corja Aguilar? – indagou com raiva – não se sente mal ao pensar que sujará a linhagem Benventura misturando seu sangue com o daqueles carniceiros?

— Caetano não é um descendente de Igor! Ele vem da linhagem de Carmen, os Aguiláre nunca fizeram mal Algum a ninguém. – Maria rebateu já farta do assunto – As famílias compartilham o sangue, mas são totalmente diferentes, os Aguiláre detestam seus parentes!

Ele não conseguia aceitar aquilo. A família Aguilar era uma família extremamente problemática desde seu princípio, não se preocupavam a matar e trair até mesmo parentes para conseguir o que queriam, por isso se tornaram muito abastados e se fixaram na cidade de Gaetana, tentando transformá-la em seu próprio reino particular, causando problemas ao verdadeiro rei da nação luz que já tinha problemas para lidar com os invasores estrangeiros.

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