XXVII. O que resta depois da tormenta?

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Flynn

Localização: Nação Foxwood, anos antes.

Flynn terminou de comer sua sobremesa com rapidez. Um clima agradável acompanhava o fim de tarde, o sol se escondia entre as poucas nuvens e o céu estampava belos tons azuis, o vento fraco movimentava as plantações de girassóis de frente da casa, enquanto a família fazia um piquenique no jardim.

— Meu deus, veja como ele está! – Eva falou voltando sua atenção ao filho

Flynn havia se lambuzado graças a torta de Amora que comeu, o que arrancou uma risada do pai.

— Deixe-o, ao menos significa que não sou tão ruim na cozinha como pensava...- Murphy respondeu, sorrindo de lado.

Naquela época, os Foxwood ainda poderiam ser considerados uma boa família. O rei já dava indícios do vício em bebida, mas lutava contra e dava seu melhor para governar. Já a rainha se mantinha ocupada por boa parte de seu tempo lidando com os problemas do povo e com seu casal de gêmeos herdeiros

— Por que Belle está demorando tanto? – Murphy questionou ao se levantar.

Isabelle era a primogênita. Sete minutos mais nova que Flynn, eram idênticos, com exceção a uma característica: a menina havia puxado os cabelos louros do avô paterno. Ao contrário do irmão que nasceu saudável a saúde da princesa era frágil, havia passado do tempo dentro do ventre de sua mãe, como os médicos diziam. O garoto gostava de Isabelle, mas era uma criança ciumenta, sentia que os pais só davam atenção a ela, o que o irritava. Emburrado, colocou o prato que segurava em cima do pano listrado em que se sentavam, e cruzou os braços incomodado pela interrupção do piquenique.

— Isabelle? – Murphy chamou indo em direção os degraus da varanda.

Com o semblante sério, Eva observou atentamente o marido entrar na casa.

— Mamãe, posso ir ao cercado? - Flynn perguntou, tentando chamar sua atenção.

— Po-pode...- Eva respondeu sem sequer prestar atenção a pergunta do filho.

Flynn caminhou até o cercado e ao subir, Murphy gritou pela mulher e a rainha com rapidez correu para saber o que estava havendo, suas damas de companhia e alguns dos guardas próximos rapidamente a seguiram assustados com o grito do rei

— Mamãe, Papai, eu consigo ver a fazenda dos Grãos daqui! – Flynn gritou tentando chamar atenção.

O pequeno príncipe caminhou pelo cercado de madeira-clara com os braços abertos, tentando manter o equilíbrio. Quando chegou ao meio, acabou se desequilibrando ao voltar sua atenção em direção à casa, confuso ao escutar o choro desesperador de sua mãe. Quando caiu bateu a cabeça com força, causando um ferimento grave que o deixou desacordado por três dias, quando acordou, Isabelle havia falecido há dois.

DIAS ATUAIS

Já se faziam dias desde que parte do exército da aliança partiu para Foxwood, e por sorte Flynn finalmente apresentava melhoras. Já não passava horas vomitando ou sentia tantas dores pelo corpo que o obrigavam a ficar de cama. Estava acordado a algum tempo, era tarde da noite e graças ao sonho com a fatídica morte de Isabelle não conseguiria voltar a dormir tão cedo. Curiosamente a Rainha Cláudia que era conhecida por ser uma antissocial na tarde do dia interior o convidou para tomar chá junto da noiva chorona de Edward, Elisabeth, no meio do evento lhe entregou um velho Violão e agora lá estava ele, tocando o instrumento para passar o tempo. Sentia um aperto no peito ao escutar cada acorde, se lembrando de Leah e de quanto a menina gostava de o escutar tocar, de repente sua mente vagarosamente voltou a pensar em Isabelle. Não tinha muitas lembranças da irmã, mas as poucas que possuía o assombravam como em seu sonho. Às vezes, se perguntava o que teria acontecido se sua irmã houvesse sobrevivido, será que meus Pais teriam se tornado o que se tornaram? Que tipo de pessoa ela teria se tornado? Cansado de divagar sobre o que servia somente para deixá-lo triste, tomou alguns calmantes antes de voltar a tocar o violão e esperar o efeito.

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