XXXIII. O bastardo, o príncipe e a estrangeira

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Charles

Localização: Santuário Evangelik, Nação Blackstone

Charles estava sentado à bancada tomando um copo de água. O clima quente forçou-os a deixar boa parte das janelas da casa abertas, para sorte dos presentes no cômodo além do breu da noite uma brisa fria invadia as aberturas da cozinha movimentando as cortinas velhas. Sentada do outro lado estava Elena, a mulher era a única com conhecimentos médicos avançados e liderava o santuário como podia, era perceptível que estava sobrecarregada. Ela terminou de tomar o seu chá e arrastou o copo para o lado, encarando o jovem em seguida

— Ela está bem, fisicamente ao menos

Charles soltou um longo suspiro de alívio. Um dos mercadores de escravos acertou a cabeça de Naomi no meio da confusão, o que a fez ficar desacordada por dias, mas quando acordou algo nela mudou e aquilo o preocupava.

— Como se conheceram? – a médica questionou com curiosidade.

— Ela apareceu em meu bar antes de tudo começar. – Charles respondeu.

Elena ajeitou o lenço amarelo enrolado em seus ombros ao assentir

— Tenho uma teoria sobre sua amiga graças aos boatos que os Blackwell espalharam.

Charles franziu a testa e permaneceu em silêncio, aguardando que a mulher falasse.

— Naomi diz coisas desconexas, como se visse de outro lugar. – Elena começou – Se os boatos são verdadeiros, talvez sua amiga tenha nascido naquelas instalações terríveis dos Aguilar. Tenha sido usada em testes e isto a traumatizou tanto que sua mente criou uma história totalmente fantasiosa para protegê-la da verdade, a mente Humana tem poder de fazer coisas inimagináveis para nossa própria proteção

Era uma boa hipótese. Mesmo tendo conhecimento da existência da maleta, Charles não fazia ideia de quão avançados os imperiais eram e seu conteúdo poderia ser fruto dos estudos que faziam naquelas instalações secretas.

— Alguém precisa ficar de olho nela, parece ficar cada dia mais agressiva. – Elena continuou - Uma pancada não faz a memória voltar, Charles, talvez Naomi tenha sérios problemas...

— Não se preocupe, cuidarei dela. – Charles respondeu.

O som de alguém se aproximando o fez virar a cabeça para o lado, encontrando Cannes parando ao seu lado.

— Você já tem suas obrigações, ficará ocupado com elas. – Cannes falou com firmeza.

Charles respirou fundo ao se levantar para deixar o copo na pia velha, ignorando Cannes.

— Charles Leone, não dê as costas para mim! - Cannes ordenou com seriedade

Elena observou a cena com certa confusão e rapidamente se levantou pedindo licença para se retirar

— Estávamos em viagem, não era a hora de termos esta conversa, mas agora é necess...

— Não temos que fazer nada. – Charles a interrompeu – Não tenho nenhum interesse em fazer parte de jogos políticos, sou um zero a esquerda tentando sobreviver, só isso.

Cannes balançou a cabeça com reprovação ao escutá-lo, a mágoa era perceptível em suas palavras.

— Você não é uma ressalva, Charles. Só falei daquele jeito para nos livrarmos de Kwane, teve contato com alguns membros da realeza, sabe como eles são. Somente deixam passar o que pode trazer algum ganho, se não oferecêssemos a sua lealdade a aliança, Kwane te mataria!

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