Extra: Amores condenados

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24 anos antes

Localização: cidade de Antares, Nação Imperial.

O plano era não chamar atenção, porém, com Julian Aguilar comandando o grupo, se tornou impossível. O príncipe primogênito, completamente alterado graças a abundância de álcool em seu corpo, caminhava cantarolando alto uma clássica canção de Florensia enquanto um de seus braços estava entrelaçado nos ombros de um dos guardas da escolta, que cantava junto do príncipe com animação. No meio do grupo, havia uma figura calada que observava a cena os acompanhando e desejando não estar ali. O rapaz de cabelos longos e escuros naquela noite usava um tapa-olho graças aos seus receios, possuía uma característica rara que o faria ser reconhecido pelos mais atentos.

— Adrian, meu irmão, por que está tão sério? – Julian perguntou ao se aproximar cambaleando.

— Não deveríamos estar aqui, Julian! – o príncipe caçula retrucou com irritação.

Julian passou seu braço pelos ombros do irmão e sorriu.

— Meu irmão, a praga se foi, estamos numa bela cidade em um bairro com os melhores bares e bordeis das Cinco Nações e você ainda está preocupado? Esqueça nosso velhote um pouco! Ele nunca saberá que estivemos aqui!

O imperador Carlos, Pai dos príncipes, pensava que os filhos estavam em Gaetana resolvendo questões pendentes com o Duque Elias Guerrero, governante da cidade, mas Julian, no último instante, decidiu mudar o destino da viagem e lá estavam eles em Antares, a cidade mística. Adrian estava ciente dos motivos para que Julian, que antes viajava direto a Gaetana, agora a evitasse a todo custo e a atitude do irmão o entristecia. Julian engravidou a filha do Duque e negava até a morte que a criança era sua, mesmo todos sabendo da verdade.

— Não vai conseguir fugir de suas responsabilidades para sempre, Julian.

O irmão mais velho parou a frente do caçula e o encarou com um ar sério, fazendo com que os guardas que faziam a escolta dos dois parassem ao redor, com tensão, sabiam como o príncipe primogênito era temperamental. Julian era alguns centímetros mais alto e mais forte que o irmão, enquanto os cabelos do primogênito eram cacheados e curtos, os de Adrian eram longos e ondulados. Os dois eram opostos em praticamente tudo, como se cada um houvesse puxado apenas a um determinado lado da família.

— Diversão, Adrian, está é uma noite de diversão! – Julian disse dando tapas leves no rosto do irmão.

Julian pegou a garrafa de um dos guardas e bebeu o restante de seu conteúdo em um gole, assim que terminou comemorou, enquanto Adrian apenas balançou a cabeça o repreendendo. Caminhavam pelo bairro mais famosos de Antares, o Distrito de las musas, percorreram alguns bares, mas nada havia entretido Julian o suficiente, por isso vagavam procurando algo que o interessasse.

— O que temos aqui? – Julian indagou, parando em frente ao Olympus, um dos bordéis mais caros e requisitados do bairro.

Luzes coloridas e chamativas emolduravam um grande cartaz com a imagem de uma jovem deitada em um sofá com pérolas cobrindo pequenas partes de seu corpo, não era possível ver seu rosto, porém seu corpo era realmente muito atraente, logo abaixo havia o anúncio ''espetáculo imperdível está noite''

Imperdível, hum? – sussurrou - veremos se é tudo isso mesmo!

O rapaz caminhou em direção a entrada do grande estabelecimento, chamando pelo grupo que logo o seguiu. O local era caro, e Julian jogou várias moedas para o homem responsável pela entrada, que até mesmo deixou várias delas caírem e abaixou com desespero para resgatá-las. Antares era uma cidade incrível, mas também muito perigosa, não era atoa que também era conhecida como a capital dos mercenários, afinal sua aparência e fama pacifica era o disfarce perfeito para tal artifício, mesmo a família governante jurando que aquele submundo não existisse. Julian brincava com a sorte, pouco se importava em não revelar sua verdadeira identidade, sentia verdadeira satisfação em mostrar a todos sua posição e ali não foi diferente. Enquanto Adrian observava o irmão cumprimentar alguns conhecidos e chamar a atenção dos presentes no grande e luxuoso salão com belos mosaicos, a lembrança nítida do pedido que sua mãe havia feito-lhe em seu leito de morte voltou a assombrá-lo como um lembrete do motivo de sempre cuidar de Julian, não importava o que ele fizesse, deveria permanecer ao seu lado. Às vezes se arrependia de ter feito tais promessas sabendo o fardo com que teria de lidar para o resto da vida. Se sentou na mesa escolhida pelo irmão, enquanto o príncipe mais velho ainda conversava com seus conhecidos pelo salão, Adrian começou a observar a sua volta: as luzes do local oscilavam entre o azul, rosa e vermelho, belas mulheres com vestidos curtos transitavam carregando bandejas cheias de bebidas as servindo pelas diversas mesas cheias com pessoas de todas as nações.

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