Um farol e o início

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  ''Não sei como será a Terceira guerra mundial, mas sei como será a quarta: com pedras e paus.''

Albert Einstein.    


Ilha de Kiarya, território Blackwell.


      A jovem rainha permanecia sentada no balanço do gazebo da parte baixa da ilha. O pequeno livro de capa dura em seu colo era interessante, mas não o suficiente para prender sua atenção. A ilha não tinha muito a ofertar além de seus rochedos e a visão do mar de águas escuras a sua volta. O gazebo recém-construído dava um charme àquela parte da velha e esquecida Kiarya, mas nada a faria ter um aspecto convidativo e o clima nebuloso persistente também não a favorecia.

 A brisa fria não era o bastante para levar embora o vazio em seu peito, suspirou de cansaço e olhou para o céu. Pouco a pouco nuvens cada vez mais escuras se formavam, fazendo o sol já fraco desaparecer e anunciavam a chuva que estava por vir. O vento agitava os fios de seu cabelo castanho e Cláudia tentou apará-los com a mão para que não voassem mais. Está quieto demais aqui, pensou ela. O único som que agora escutava eram as ondas agitadas batendo contra as rochas abaixo de si, as risadas e conversas de seus filhos haviam cessado. Olhou para trás na esperança de achar seus meninos, mas apenas encontrou alguns dos brinquedos do caçula espalhados pelo chão.

— Bryantton? Edward? — chamou com preocupação.

Pôs o livro no balanço ao se levantar, olhando atentamente a extensão de terra que seu campo de visão alcançava, mas não havia sinal dos príncipes. Rapidamente pegou seu inseparável leque do banco e caminhou em direção à escadaria que levava até a Fortaleza Blackwell, tropeçando de leve na barra do longo vestido vermelho-escuro. Assim que chegou a abertura da trilha que levava ao imenso farol, encontrou um brinquedo de madeira do caçula caído no chão e teve um mau pressentimento ao olhar atentamente para o rochoso farol.

— Edward! Bryantton! – gritou o mais alto que pôde. – Apareçam imediatamente!

Seu pedido não foi atendido. Prontamente, Cláudia caminhou o mais rápido que pôde pela trilha, assustada, mas, ao mesmo tempo furiosa com os filhos por desobedecê-la, afinal eles não deveriam se afastar. O penhasco para o mar era capaz de levar embora até o maior dos homens. Os ventos frios se intensificaram, e Cláudia apertou o passo amargamente arrependida por dispensar os guardas naquela tarde. A vigília constante deles era invasiva e tirava dela qualquer conforto. No entanto, a ostensiva proteção vinha acontecendo o tempo todo pelos últimos tempos graças aos feitos de seu marido que os colocaram naquela situação. Assim que chegou ao farol, adentrou-o com certa dificuldade e o vento fez com que a pesada porta se fechasse assim que ela adentrou o local, provocando um eco.

— Mãe?!

— Meninos, o que fazem aqui? — Cláudia questionou olhando para cima - Ficarão de castigo!

— Mamãe, estou com medo! – o príncipe caçula gritou do topo.

Apavorada, a jovem iniciou sua subida pela extensa escada em caracol. Tomava cuidado para não dar passos em falso nos degraus cobertos de lodo, acumulado ali desde tempos imemoriais. Assim que chegou ao topo do farol abriu o leque preto que carregava num movimento rápido, fazendo com que as lâminas do objeto se apresentassem e o escondeu atrás do corpo, assustada ao se deparar com dois desconhecidos prendendo seus filhos. Os homens eram idênticos, suas vestes escuras e suas peles possuíam tons extremamente pálidos, a única coisa que os diferenciavam eram as diversas cicatrizes espalhadas por seus corpos em locais distintos.

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