XVI. Hospitalidade a um preço

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Edgard Flynn

Localização: Capital da nação Blackwell

Flynn suava frio ainda adormecido, sua inquietude foi percebida por Charles que rapidamente se aproximou e o despertou o chamando com preocupação. O ruivo abriu os olhos assustado e se sentou com pressa, sabia que aquele mal-estar era só o começo do que estava por vir, ser viciado numa droga como Lucy poderia ter um alto preço a ser pago.

— Quer que eu chame por Naomi? - Charles indagou, o olhando com preocupação

— Não é necessário. - Flynn respondeu, sorrindo de lado - Mas agradeço a preocupação, Charlie.

O príncipe notou que Charles e seu irmão mudaram seus comportamentos após a chegada de Cannes, ele gostou da ajuda que ela ofereceu a eles, entretanto era óbvio que a mulher escondia alguma coisa, o que o deixava receoso.

— Cannes disse que estamos próximos da capital, logo vamos chegar até seu destino! – o rapaz comentou

Flynn percebendo a boca seca, pegou o cantil de sua bolsa com rapidez e tomou boa parte da água enquanto passava a costa da mão em sua testa, retirando o excesso de suor dali.

— Isso é ótimo – Flynn respondeu –, mais uma vez agradeço a preocupação comigo.

— Somos companheiros de viagem, temos que cuidar uns dos outros, certo? - Charles questionou, retribuindo o sorriso por alguns instantes

O rapaz logo se afastou, voltando para perto de Arthur e Cannes que conversavam animados sentados num grande tronco de árvore caído e repleto de musgo esverdeado. Passaram aquela noite novamente em um acampamento improvisado em uma das florestas das redondezas da Capital de Blackwell, quando mais novo, Flynn morria de medo daquelas florestas com suas árvores que pareciam nunca ter fim e das lendas que seu melhor amigo, Edward, contava sobre os domínios de sua família. Naomi logo apareceu em seu campo de visão e se sentou ao seu lado, tirando o herdeiro de seus devaneios. Os jovens se entreolharam e sorriram, mas permaneceram calados até Naomi tomar coragem e perguntar:

— Você sabe por que está suando tanto e tendo tremedeiras, não é?

— Não é a primeira vez. - ele respondeu, guardando o cantil na bolsa

Naomi virou a cabeça em direção ao rapaz.

— O que vai fazer? – Questionou, com curiosidade.

A resposta parecia obvia demais ao príncipe, que só pensou naquilo durante toda a viagem.

— Vou intervir pela minha família e...

— Não, Edgard - o interrompeu –, o que vai fazer quando a crise de abstinência vir para valer? O que te dei o salvou da morte, mas não não é uma cura milagrosa para vícios...

Ele se lembrava perfeitamente do quanto sofreu das vezes que tentou se livrar do vício e desistiu, mas daquela vez seria diferente, teria de ser.

— Vou sobreviver. – Flynn falou, com convicção – Leah precisa de mim.

Naomi sorriu voltando seu olhar ao horizonte.

— Acredito que tenho um irmão também, mas não devo me dar tão bem com ele a ponto de torná-lo uma razão para viver. – Naomi comentou, com o olhar ainda mais distante – deve ser bom fazer parte de uma família amorosa.

Flynn quis rir com a fala ao se recordar de tudo o que passou com os parentes, porém se conteve.

— Leah é a única de minha família que vale a pena, acredite. - disse ele ao se levantar ao escutar Cannes chamar para retornarem a viagem

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