Capítulo 3

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- Mãe? Pai? Alguém aí? - Gritei ao chegar em casa.

Queria que os dois estivessem fora, pois assim eu não precisaria apresentá-los à Casey. Não era como se eu tivesse vergonha do garoto, nada disso, eu só não queria ter que dar explicações. Com certeza viriam com uma tonelada de perguntas, e quando descobrissem que Casey era um dos bolsistas, talvez eles não fossem capazes de esconder suas caras de descontentamento, e honestamente, não queria vê-lo passar por essa humilhação.

Os barulhos do salto alto vindo dos fundos só serviram para sinalizar que mamãe estava, sim, em casa. Ela apareceu pela porta, lançando um olhar curioso na direção de Casey, o olhando de cima a baixo como se fosse algo para seu entretenimento, e não uma pessoa assim como nós. Ela sempre fazia isso quando eu trazia visitas. Mamãe os analisava meticulosamente, deixando a visita totalmente desconfortável e com a sensação de que não era bem vinda ali. Parecia que fazia de propósito, tipo em uma tentativa de me fazer parar de trazer gente de fora. Claro que com Jackson, Julia, Marina e Michael era totalmente diferente. Ela os amava.

- Quem é? - Perguntou, movimentando-se de forma robótica na nossa direção.

- Meu amante, mamãe. - Falei de maneira irônica.

Casey limpou a garganta, passando a mão rapidamente pela nuca, parecendo estar desconfortável, e depois de alguns segundos de silêncio desconcertante, ele ergueu a mão na direção dela em uma menção de cumprimentá-la.

- Casey Tanner.

Mamãe encarou a mão de Casey por um breve segundo, depois voltou a encará-lo, abrindo um sorriso mecânico, totalmente desprovido de emoções. Meu deus, como ela era esquisita. Será que eu também agia de maneira desproporcional tal qual minha genitora e não me dava conta? Realmente esperava que não.

- Tanner? Filho de quem? - Me olhou, agindo como se Casey não estivesse na sala. - Nao lembro desse nome, Audrey.

- Ele é novo na escola, meu deus. - Resmunguei, começando a ficar incomodada com tantas perguntas. - Podemos ir? Ou prefere continuar o interrogatório?

- Novo? - Perguntou, ignorando minha tentativa de simplesmente sair correndo dali. - Ah... Bolsista. - Falou a última palavra de um jeito como se ter aquele título fosse algo contagioso, e por mais que tivesse tentado disfarçar, mamãe deu um passo pra trás, dando uma risada nervosa, agindo como se o garoto tivesse lepra ou algo do tipo.

Virei meu rosto para encarar Casey, e notei que suas bochechas estavam coradas. Seus lábios abriam e fechavam, procurando as palavras para serem ditas, entretanto, ele parecia nervoso demais para conseguir falar qualquer coisa.

Lancei um olhar mortal na direção da minha mãe, e então, segurei a mão de Casey, o puxando para longe dali antes que ela dissesse algo ainda pior.

Quando notei o que tinha feito, minha mão soltou a dele, e eu abaixei a cabeça, me recusando a olhá-lo. Permanecemos em um silêncio constrangedor até chegarmos na área da piscina, que eu adorava por ser dividida em duas cores. Mamãe queria ter uma piscina rosa, e papai queria algo mais dark, de cor cinza. Por conta disso, os dois passaram meses brigando por causa dos malditos azulejos, e no final, decidiram dividir ao meio. Metade cinza, metade rosa. Desse jeito agradava todo mundo.

- Piscina legal. - Falou.

- Ok, você já pode anotar que tenho uma mãe psicopata e uma piscina engraçada. Quer tirar foto?

Antes que ele pudesse responder, eu parei na frente da piscina e fiz uma pose, esperando que ele pegasse o celular e fotografasse. Inicialmente, Casey apenas riu, mas depois pegou o aparelho e tirou a foto. A sua risada foi um ponto para mim, pois desde que o dia se iniciou que Casey mantinha aquela carranca.

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