Capítulo 15

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Julia jogou os pacotinhos na mesa à nossa frente, e eu não precisei pensar muito para saber que a erva presente dentro do plástico se tratava de maconha. 

Alex esfregou as mãos uma na outra, dando uma risada divertida.  Já Casey permaneceu em silêncio, os ombros rígidos como se estivesse desconfortável com alguma coisa. Eu não sabia se o desconforto era comigo, pelo fato das coisas com a minha família não terem ido como esperado, ou porque ele poderia ter achado a ideia de Julia um tanto pesada. 

Alex ergueu a mão para pegar um dos pequenos pacotes, e Julia deu um tapa em seu braço. 

— Não é pra você! - Ela disse em um tom de voz rígido. - Se controla, Alex. 

— Ah, cara! não é possível que aqueles otários vão ficar com a diversão só para eles! - Alex comentou, contrariado, cruzando os braços contra o peito tal qual uma criancinha que é impedida de comer seu doce favorito. 

— Isso não vai ser deles. Um de nós irá acionar a diretora depois que colocarmos os pacotinhos em seus armários. Ela vai mandar checar o local logo em seguida, a droga será confiscada e eles estarão ferrados. - Abriu um sorriso glorioso, sentando-se por cima da mesa à medida que cruzava as pernas. Os olhos de Alex desceram rapidamente pela perna de Julia, parando em suas coxas por um breve instante antes de retornar a olhá-la. 

— Julia, eles podem se ferrar sério por isso. - Comentei. - É caso de expulsão. 

— Querida, estamos falando de Michael Blackwood e Jackson Herran. O pai do Michael é governador, e os pais do Jackson já doaram rios de dinheiro dinheiro para essa escola, é claro que eles não vão ser expulsos. - Ela revirou os olhos para mim, agindo como se aquilo tudo fosse muito óbvio.  - No máximo uma suspensão, nada sério.  - Deu de ombros. 

— Estou dentro. - Casey foi o primeiro a se pronunciar. Nós três o encaramos boquiabertos. Ninguém ali fazia ideia de que Casey iria aceitar tão rápido sem precisar ser persuadido ou algo assim. 

Eu imaginava que Alex seria o primeiro a topar, porque ele tinha cara de quem topava qualquer coisa sem pensar nas consequências. Mas Casey? Aquele comportamento nem parecia ser de seu feitio, me fazendo pensar que tal motivação estivesse atrelada com os últimos acontecimentos. O garoto não ficou muito feliz em saber que meus pais ainda não faziam ideia sobre o nosso relacionamento, e seu humor se tornou mais retraído quando mencionei a viagem com meu ex-namorado. Claro, também precisei falar sobre os meus  ex-sogros que não sabiam do meu término com Jake, de modo que, provavelmente, precisaríamos fingir ser um casal feliz enquanto estivéssemos em solo italiano.  

 

Começar o relacionamento sendo honesta pareceu ser uma boa opção no início, mas talvez eu precisasse pensar sobre até que ponto aquela honestidade estava sendo vantajosa. Claramente não me serviu de muita coisa, pois agora Casey estava chateado com uma situação a qual eu não tinha a capacidade de controlar. 

— Você? - Ergui uma de minhas sobrancelhas. - Tem certeza? 

— Sim, a ideia é boa. - Ele deu de ombros, inexpressivo. Julia sorriu vitoriosa. 

— Uau! Nunca pensei que Casey fosse trapaceiro. - Alex riu, balançando a cabeça em negativa.  - E você, Barbie? Vai fazer parte do plano? 

— Vou sim. - Concordei, meio desgostosa. Não estava lá muito feliz com Jackson, principalmente depois do seu comportamento na noite anterior, de modo que me vingar dele não parecia uma alternativa tão ruim, e, bem, quanto à Michael, eu não precisava dizer nada. - Alguém precisa mostrar que eles não mandam nessa escola, não é? - Passei a mão por trás da orelha em um gesto de desconforto, que era contradizente à firmeza de minhas palavras, mas a minha insegurança diante da situação passou despercebida, pois Julia deu de ombros, batendo palmas animada, Alex ergueu a mão para fazer um high five comigo e Casey não me olhava nos olhos. 

— Ok, se preparem. O dia vai ser cheio hoje. - Julia recolheu os pacotes, guardando-os em sua bolsa enquanto deixava  a mesa e caminhava em direção à porta. - Alex, você não disse que estava a fim de fumar? - A garota ergueu a sobrancelhas em um gesto sugestivo, deixando claro que ela pouco se importava com a necessidade de Alex de suprir seus vícios, mas sim com outras necessidades que lhe pareciam mais interessantes. 

O garoto entendeu o recado e saiu correndo atrás dela, deixando-nos à sós. 

Fiz uma careta enquanto os observava saírem da sala. Era estranho ver Julia com alguém que não fosse Michael. Geralmente, ela saía com outras pessoas entre os términos, mas os casos não duravam mais de dois dias. 

Voltei minha atenção para Casey.  A gravata de seu uniforme se encontrava um pouco torta, de maneira que me aproximei um pouco mais, tocando o tecido à medida que o ajeitava em seu devido lugar. 

Um sorriso minúsculo se formou nos lábios do garoto, porém, engoliu em seco ao se dar conta de sua ação,  substituindo o sorriso fofo por uma expressão séria, que também era fofa, diga-se de passagem. 

— Eu vi esse sorriso, okay? - Comentei em tom de brincadeira, erguendo os  dedos indicadores e os aproximando de sua barriga, não demorando para começar a cutucá-la, querendo lhe fazer cócegas.  

Ele não conseguiu se controlar, as gargalhadas explodiram no ambiente.  Implorou para que eu parasse, mas as suas risadas acabavam dando uma leveza à situação, o que me fez ignorar as suas súplicas sem nenhum remorso. 

— Só vou parar se você falar que não está mais chateado comigo. - Casey tentou agarrar minhas mãos, entretanto, consegui me desvencilhar com mais agilidade sem parar as cócegas, que arrancavam gargalhadas altas de seus lábios. - Não grita! Alguém pode nos escutar! 

— Eu não estou chateado com você! - Sussurrou, derrotado,  e eu afastei minhas mãos logo em seguida. 

O garoto respirou fundo, voltando a me encarar com seriedade, porém, a tensão que antes havia se impregnado no local  parecia bem menor agora. 

— Agora me diz, você só aceitou esse plano louco da Julia por causa de ontem, não é? - Perguntei, mordendo o lábio inferior. - Você está chateado por causa da viagem. 

— Aceitei por conta de tudo. - Se endireitou na cadeira, umedecendo os lábios. 

Ergui meu corpo da cadeira apenas para sentar em seu colo, em sequência, envolvi meus braços em seu pescoço e deitei minha cabeça próximo ao seu peito.  

Permaneci em silêncio por alguns segundos, ouvindo as batidas de seu coração. 

— Você sabe que eu gosto de você, não sabe? - Levantei a cabeça, olhando bem no fundo dos olhos dele, e Casey desviou o olhar.

Eu sabia o que Casey estava pensando. 

Traí meu namorado de quatro anos como se não fosse nada, o que me impedia de fazer o mesmo com um garoto que eu estava junto há poucas semanas? Sua insegurança era compreensível, de certa forma, mas ainda me chateava. Não queria que Casey tivesse dúvidas quanto aos meus sentimentos por ele. 

— É difícil competir com um cara que tanto a sua família quanto a família dele querem que vocês fiquem juntos mais que tudo nesse mundo, Audrey. - Casey suspirou pesadamente, os olhos vagavam para longe, mas suas mãos tocavam a minha perna de maneira carinhosa, fazendo traços invisíveis com a ponta dos dedos. - Todo mundo sabe como essa história termina, e eu sei que, no final de tudo, não sou eu quem vai sair ganhando. 

Minhas mãos tocaram as maçãs de seu rosto. Tal gesto fez com que ele voltasse a olhar para mim. 

Encostei meus lábios nos dele e nós nos beijamos. Nossas línguas se tocaram em um beijo calmo, cálido e cheio de significado.

Eu queria que Casey soubesse, mais que tudo nesse mundo, que era ele quem eu havia escolhido, não importava as circunstâncias. 

O mundo poderia estar contra nós, mas eu não abriria mão dele assim tão fácil. 

— Casey, eu gosto de você. - Sussurrei, encostando a minha testa na dele. - Não quero e nem vou te deixar, não mesmo. Jackson e eu somos passado. Virou passado no momento em que beijei você naquele dia. 

Casey assentiu, sem dizer nada, mas a atitude de me puxar para si e encostar os lábios nos meus mais uma vez falavam mais do que qualquer palavra. 

Nós estávamos bem, pelo menos por ora. 

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