JuliaDessa vez, não foi o despertador que me acordou, mas sim os gritos dos meus pais vindo lá da cozinha, seguido de um barulho de pratos se espatifando no chão.
Meu Deus, com certeza tinha sido minha mãe. Ela sempre quebrava as coisas quando entrava em alguma discussão séria com meu pai.
E dessa vez, eu já imaginava qual teria sido o motivo.
— Eu quero divórcio! - Ouvi meu pai berrar lá embaixo.
Meu coração acelerou. Por mais acostumada que eu estivesse com as brigas constantes de meus pais, elas ainda me deixavam nervosa, e eu me sentia como uma criança precisando de colo.
Na época em que Tyler estava conosco, eu costumava ir até seu quarto e me aninhava ao lado dele, debaixo dos lençóis, enquanto ele me abraçava e conversava comigo, me contando situações aleatórias do seu dia só para que eu pudesse distrair minha mente da discussão. Embora as histórias do meu irmão não fossem lá muito interessantes, elas funcionavam, me traziam uma sensação relaxante por alguns minutos.
Agora eu me perguntava qual seria a história que Tyler me contaria caso estivesse aqui. Será que comentaria sobre alguém que estivesse interessado? Ou me confessaria que tinha sido mandado para a detenção pela quinta vez em dois meses?
Precisei fazer um esforço grande para não chorar, mas acabei desabando assim que entrei no banheiro e liguei o chuveiro, deixando a água quente cair pelo meu corpo.
Queria ter aqueles botões de abaixar e aumentar volumes, iguais aos botões de controle remoto, pois assim eu poderia colocar meus pais no mudo e não precisaria mais ouvi-los.
Sabe aquele controle do filme "Click"? Eu queria um igual, mesmo sabendo as consequências que aquilo poderia me trazer.
Depois de terminar o banho e me arrumar para a escola, desci as escadas, passando pelos meus pais que ainda berravam na cozinha. Peguei a primeira fruta que vi na cesta, deixando a casa sem ser percebida, pois estavam tão concentrados em seus problemas que mal notaram a presença da filha.
Mandei algumas mensagens para Michael enquanto fazia meu caminho até o carro, mas ele não respondeu nenhuma delas. Já fazia uns dois dias que a gente não se falava porque tínhamos brigado mais uma vez.
Respirei fundo, me sentindo exausta.
Não conseguia ter paz em casa, tampouco no meu relacionamento, e eu até admitia, Michael podia ter a cabeça quente, mas eu também não era tão fácil de lidar. Embora quisesse ficar em paz, ainda assim costumava kniciar boa parte das brigas entre a gente, e eu não fazia ideia do motivo de agir dessa maneira.
Não queria encarar Michael na sala de aula, tampouco Audrey e o drama do seu triângulo amoroso, ao qual já havia começado a me afetar também, de modo que pela primeira vez em anos, decidi matar o primeiro tempo de aula. Sabia que alguns alunos costumavam ficar em uma escadaria esquecida do colégio quando não queriam cumprir com suas responsabilidades escolares, e acabei indo para lá.
Só queria ficar sozinha, sem maiores perturbações, e quem sabe chorar um pouquinho.
Meu corpo murchou quando notei que tinha companhia.
— Julia! - o garoto falou em um tom animado, parecendo não notar a minha postura pouco amigável. - Nunca te encontrei nessa escadaria antes, e olha que venho muito pra cá.
— Alex. - Bufei. - Você não pode fumar aqui. - Apontei para o cigarro em suas mãos.
— E você não pode matar aula aqui. - Ele riu, tragando o cigarro enquanto me encarava com uma expressão divertida, como se quisesse me irritar. - Quer? - Ergueu-o na minha direção.
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Ruínas
RomanceAudrey Jensen tem tudo que uma adolescente quer: estuda em Carter Bay High, o colégio de elite da cidade, tem uma melhor amiga que a apoia e um namorado que faria tudo por ela. Mas conforme vai amadurecendo, Audrey percebe que não está mais feliz na...