Ruínas

Capítulo 11

AVISO: Esse capítulo irá retratar cenas de bullying.

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Estava no refeitório, sentada ao lado de Casey, Julia, Alex, Marina e a garota que a Julia beijou na festa, porém, dessa vez, a menina em questão parecia mais interessada em Marina do que qualquer outra pessoa na mesa. 

Eu lembrei o nome dela. Se chamava America, e apesar de nunca termos conversado, nós estudamos juntas desde o fundamental. 

Os pais dela lhe deram esse nome por serem extremamente patriotas, e o fizeram como uma homenagem à pátria. America morria de vergonha de ser chamada assim, de modo que preferia atender por Amy, seu apelido.  

De início, achei estranho sentar com um grupo tão diferente. Quer dizer, já fazia anos que eu andava apenas com Julia, Jackson e Michael, de maneira que nos fechamos em nossa amizade e não abrimos mais espaço para ninguém entrar. 

De todo modo, eu havia gostado. Me sentia aliviada por Marina não estar mais tão chateada conosco. Ela ainda agia de forma distante, mas não era antipática, só parecia querer deixar limites estabelecidos. Também não parecia ter se incomodado com o fato de eu e Casey estarmos juntos. Pelo menos, não era algo que ela demonstrava, ainda mais quando estava tão entretida com Amy. 

Meu único problema com America era o fato de ela rir muito alto, e toda vez que o fazia, jogava a cabeça para trás, e suas madeixas acabavam batendo no meu rosto. 

Julia batia o garfo no prato toda vez que America ria. Eu colocava a mão na boca, tentando conter a risada ao me deparar com o gesto de raiva da minha amiga. 

Jackson e Michael entraram alguns minutos depois no refeitório, e logo vieram em nossa direção.  Meus olhos encontraram os de Jackson rapidamente, antes de Michael se apoiar sobre a mesa, lançando um olhar ameaçador para Casey. 

Jackson foi covarde o suficiente para não sustentar o contato visual, abaixando a cabeça a medida que parava em nossa mesa. Percebi os tons de roxo em volta de seu olho, e me senti satisfeita ao perceber que Casey não tinha sido o único a se machucar naquela briga. Como já havia anoitecido na hora que a discussão rolou, além Jackson ter feito  questão de ir embora logo depois, acabou que não tive tempo de olhar para seu rosto com atenção. 

— Eu disse que faria da sua vida um inferno nessa escola. - Michael cuspiu as palavras, cheio de raiva ao mesmo tempo que pegava o prato de comida de Casey e derrubava o conteúdo na sua cabeça. 

— Mas o que… - Não consegui nem terminar de falar, pois logo em seguida, Jackson pegou o prato de Alex e repetiu o mesmo gesto ridículo sobre o garoto, deixando Alex todo sujo de comida. 

Julia levantou da cadeira, dirigindo-se à Michael, onde os dois começaram uma discussão à base de gritos. Enquanto isso, eu fuzilava Jackson com o olhar, a respiração ritmada, cheia de raiva. 

Fiquei paralisada por um tempo, minhas mãos apertavam os talheres com tanta força que os nós de meus dedos assumiram um tom avermelhado. 

Levantei da cadeira e caminhei em sua direção, depois peguei o primeiro prato que vi na mesa e despejei a comida sobre o topo de sua cabeça. 

— Qual é o seu problema, Audrey? - Esbravejou, passando a mão pelo uniforme em uma tentativa de limpar o molho que havia manchado o tecido. 

Aquele questionamento só serviu para me deixar ainda mais irritada, mas antes que eu pudesse responder qualquer coisa, um aluno do primeiro ano subiu em uma das mesas e gritou: 

— Guerra de comida! 

A partir daí, os alunos começaram a jogar comida um nos outros, deixando o refeitório, que antes estava bem limpo, em um inferno total. Alguém jogou almôndegas no meu cabelo, e o rosto de Julia estava coberto de fiapos de macarrão.