Durante toda a semana, levei Casey ao apartamento que ganhei de meus pais no meu aniversário de quinze anos. Na época, tinha pedido tal presente pois queria ficar sozinha com meus amigos, sem ser interrompida por adultos. Eles aceitaram, desde que não ocorresse festas regadas a álcool ou qualquer outra coisa proibida para menores e que comprometesse os dois de alguma forma.
É claro que essa foi a primeira regra a ser quebrada.
Veja bem, nós éramos adolescentes em uma casa completamente nossa, longe dos olhares críticos de nossos pais, usufruindo de uma liberdade maior comparada a que costumávamos ter. Estava bem claro que iríamos beber na primeira oportunidade.
Reunia meus amigos mais próximos aos finais de semana, às vezes, nós apenas batíamos um papo e fazíamos maratona de filmes na Netflix, mas geralmente a gente dava festas, e convidávamos um monte de gente, porém, os vizinhos começaram a reclamar do barulho constante. Depois de se darem conta que uma adolescente ficava lá sozinha, começaram a implicar, e meus pais passaram a proibir que eu fosse ao meu apartamento com tanta frequência. Fiquei transtornada na época, mas depois arranjei outra distração e acabei me esquecendo do tal apartamento…Bom, até agora.
O local parecia ser a melhor alternativa para quem tinha um relacionamento escondido, como eu. Sem contar que fazia tanto tempo que eu não ia até lá, então, eles jamais iriam desconfiar.
É claro, chamei alguns funcionários de confiança para limpar o lugar antes, pois convenhamos, estava a tanto tempo trancado que deveria ter poeira por todos os cantos, além do cheiro de mofo, que costumava me dar alergia, deixando meu nariz entupido e tudo mais. Nada sexy.
Ademais, precisava me livrar de algumas fotos que eu tinha ao lado de Jackson. Me lembrava bem de ter decorado a casa com várias fotografias desse tipo, nós fizemos isso juntos, colamos fotos na parede de todos os cômodos, sonhando com o dia em que faríamos dezoito anos e mudaríamos juntos para o meu apartamento.
Como eu era tola.
E brega.
Jamais imaginava o quanto minha vida iria mudar. Para a Audrey de dois anos atrás, estar com Jackson era a decisão mais certa a ser tomada.
E agora eu estava aqui, nesse mesmo apartamento, com outro garoto que pouco tinha a ver com meu ex-namorado, e que por algum motivo, me trazia sensações muito mais intensas comparadas às que eu tinha com Jackson. E quando eu digo intensas, eu digo intensas. Em todos os sentidos.
Casey estava deitado na cama, minhas mãos acariciavam seu peito nu, enquanto eu olhava no fundo de seus olhos, observando suas órbitas escuras. Observando não… Admirando. Eu olhava atentamente para cada detalhe de suas feições, não apenas seus olhos, mas também a boca, o sorriso de canto, os dentes bem alinhados, com apenas um que era meio torto, mas você só conseguia perceber se chegasse muito perto, a pintinha em seu queixo, que por algum motivo, eu achava fofa e queria tocar o tempo inteiro, os cabelos desgrenhados, as gotículas de suor escorrendo pela sua testa, os resquícios de barba que começavam a crescer em seu rosto. Não era uma barba de verdade, se tratava apenas de alguns fiozinhos soltos em seu queixo, que Casey gostava de chamar de cavanhaque, e aquilo me fazia rir.
Eu queria memorizar cada detalhe dele.
— O que você está olhando? - Ele me perguntou, o sorriso encantador se fazendo presente, ao qual me fez sorrir também.
Eu amava o jeito carinhoso que ele me olhava, me fazendo querer abraçá-lo e enchê-lo de beijos.
— O seu projeto de cavanhaque. - Comecei a rir, tocando o pelinho em seu queixo.
Casey riu de volta e afastou minha mão.
— Para de zoar a minha barba, Audrey. - Fingiu estar irritado, cruzando os braços contra o peito, mas eu me aproximei, o encarando com um olhar engraçado, e ele riu também. - Droga. Eu não consigo ficar sério perto de você.
— Que bom. - Aproximei meus lábios de sua bochecha, enchendo-o de beijos, que se espalharam pelo seu queixo, mandíbula e boca. Depois dei alguns no pescoço, porque eu não era boba nem nada. - Você gosta daqui? - Perguntei, curiosa, apoiando os braços e rosto em seu peitoral, erguendo o olhar na sua direção.
— Gosto. - Ele falou, parecendo incerto, enquanto suas mãos deslizavam pelos meus cabelos.
Conseguia ver o hematoma em seu olho, que apesar de estar quase indo embora, ainda se fazia presente. Aquilo me fazia sentir raiva de Jackson, e eu me perguntei se Julia já tinha algum plano em relação a nossa vingança. Até tinha perguntado algumas vezes ao longo da semana, mas ela agia de maneira misteriosa toda vez, como se fosse aquelas vilãs maquiavélicas de desenho animado ou algo do tipo.
— Gosta? - Ergui uma sobrancelha. - Você não disse isso com muita emoção.
Casey suspirou, olhando para o teto por um breve momento antes de voltar a me encarar.
— Eu gosto daqui, gosto de estar com você. - Nesse momento, sua mão escorreu pelo meu ombro, e Casey o acariciou com a ponta dos dedos. - Esse apartamento é incrível, eu ainda estou surpreso pelo fato de você ter ganhado um desses aos quinze anos de idade. - Ele riu, balançando a cabeça. - Eu só não gosto de me esconder, Auddie. Parece que estamos fazendo algo errado, quando, na verdade, não estamos.
— A gente não está se escondendo. - Me afastei, sentando na cama. - Quer dizer, estamos, mas não exatamente. - Mordi o lábio inferior, percebendo a falta de sentido nas minhas palavras. Casey tinha uma expressão de dúvida em seu rosto, o cenho franzido. - Eu só… sei lá, não quero que ninguém fique tomando conta da nossa vida.
Ele suspirou, concordando com a cabeça, embora eu percebesse que Casey não estava tão de acordo assim.
— O que foi? - Me deitei ao seu lado novamente, voltando para a posição anterior.
— Audrey, você não tinha o mesmo pensamento quando estava com Jackson. - Casey manteve as mãos no colchão, sem me tocar, bem longe de mim, o que me incomodou um pouco, me fazendo refletir sobre o quanto aquela situação o incomodava.
— É diferente.
— É diferente porque eu sou pobre.
— Não. - Falei rapidamente, respirando fundo. Era exatamente por isso. Meus pais já não tinham gostado da ideia de eu ter amizade com um garoto de renda baixa, imagine se descobrissem que eu tinha algo com Casey. Mas, por outro lado, não achava justo colocá-lo naquela posição.
Nós nos entreolhamos por um breve momento até Casey desviar o olhar. Ele estava chateado, embora não falasse muito, eu conseguia perceber na rigidez de seus músculos, os olhos para baixo, como se estivesse encarando algo abaixo de si, e a boca franzida em um bico não tão perceptível assim. Era o tipo de característica que você só consegue perceber quando presta muita atenção.
— Tudo bem. - Suspirei, aproximando meus lábios dos dele, nossas línguas se tocando em um beijo que durou poucos segundos. - Vou falar com meus pais.
E, dessa vez, eu estava determinada.
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Ruínas
RomanceAudrey Jensen tem tudo que uma adolescente quer: estuda em Carter Bay High, o colégio de elite da cidade, tem uma melhor amiga que a apoia e um namorado que faria tudo por ela. Mas conforme vai amadurecendo, Audrey percebe que não está mais feliz na...