Capítulo 17

66 22 25
                                    

                        AUDREY 

Quase entrei em pânico quando vi Casey seguir seu caminho até a diretora, cheio de determinação. Fiquei sem reação, paralisada. 

 Por sorte, Julia conseguiu agir mais rápido, puxando o garoto pelo braço e o levando para outro canto do corredor enquanto eu ficava no encalço de ambos, sem saber bem o que dizer ou como agir. Estava nervosa. 

O jeito agressivo da minha amiga ao se direcionar à Casey me deixou ainda mais tensa. A garota não era uma das mais adoráveis em dias calmos, então você poderia imaginar como ela ficava em momentos mais delicados.  

— O quê você estava pensando? - Ela sussurrou em um tom de voz duro. - Você não tem o direito de estragar tudo assim! - Enquanto falava, sua cabeça balançava um pouco, de modo que seus brincos enormes de argola se moviam junto com ela. 

Mesmo estando com os nervos à flor da pele,  tentei acalmá-la, e também procurei fazer o mesmo com Casey, que tinha as palmas das mãos suadas e tremia de nervoso. Não sei de onde arranjei força para apaziguar a situação, mas acreditava ter sido bem sucedida em manter as coisas sob controle.

Quer dizer, consegui de acordo com as circunstâncias, porque Julia saiu em disparada pelo corredor, e Casey evitou me olhar nos olhos, mas acabou desistindo de nos entregar. Tive essa certeza quando vi Jackson e Michael no corredor, confusos e exasperados. Michael estava bem estressado, e a sua voz se sobressaltava, chamando atenção dos alunos, acabando por causar uma aglomeração em volta da cena. 

Os olhos de Jackson encontraram os meus no meio da multidão, e eu senti uma pontada de culpa por ter colocado meu ex-namorado naquela situação. Principalmente porque eu conseguia ver sua expressão de decepção direcionada à mim. Ele desconfiava da minha participação nisso tudo, dava pra sentir.  Por outro lado, eu tentava afastar o peso na minha consciência, pensando que, talvez, se Jake tivesse ciência do meu feito, consequentemente passaria a sentir raiva de mim, e poderia se tocar e desistir daquele pensamento idiota de mentir para os pais sobre nós dois. 

Repassei essa ideia durante todo o dia, mas toda vez que eu pegava meu celular,  a ideia de lhe mandar uma mensagem perguntando como ele estava, o que tinha acontecido e o que o colégio tinha feito em relação às drogas  me vinha à mente. Mas eu não era fria o suficiente para fazer a sonsa naquela situação. Mesmo estando preocupada com ele, eu não tomaria essa atitude. 

Não poderia dizer que não estava pensando com clareza quando topei sacanear os dois. Eu sabia das consequências, sabia disso ao aceitar a proposta de Julia,  sabia ao vigiar os corredores enquanto os garotos seguiam o plano e, principalmente, tinha toda a problemática em minha cabeça quando criei um e-mail falso e enviei a mensagem anônima ao e-mail do colégio, dizendo estar desconfiada sobre os ditos alunos. 

Mas, ao ver Jackson e Michael sendo punidos, tudo se tornava real. A escola tinha levado a acusação à sério, eles realmente investigaram. 

Não que eu não tivesse pensando que não fariam, eu só  considerei a  possibilidade quase nula de simplesmente ignorarem meu e-mail, de fazerem vista grossa, fingindo não saberem de nada. 

Pelo visto, o instituto não deixaria aquilo passar. E, foi aí, que eu finalmente senti o peso da situação. 

Ao anoitecer, esperei dar o horário de Casey sair do restaurante e fui até local, decidindo lhe fazer uma surpresa. Comprei a comida pra viagem por lá mesmo, e o aguardei na porta do estabelecimento. 

Senti meu coração esquentar quando o garoto deixou o local de trabalho, abrindo um sorriso largo e confuso após se deparar comigo.  Ergui a bolsa com a sigla do restaurante, sinalizando que eu havia comprado comida para gente. 

RuínasOnde histórias criam vida. Descubra agora