Meu primeiro pensamento depois de acordar é simples. Preciso ver o Dan. Me levanto, mas sinto uma dor no pé, não importa, preciso ir. Olho no relógio e vejo que se eu me apressar, consigo chegar na faculdade no intervalo. Decido colocar um short jeans, uma blusa azul de botões, um parpete, deixo o cabelo solto, não estou com tempo para me arrumar e nem nas melhores condições. Mando uma mensagem para Rick, ele me leva para o carro e vamos para a faculdade. Chegando lá converso com o diretor para ele deixar eu conversar com ele, digo que não pediria se não fosse importante, ele concorda e me pede para esperar enquanto ele vai buscar ele. Me sento na diretoria e espero por Dan.
Dan: Mary? - Me levanto e o abraço. - O que faz aqui? Era para estar de repouso.
Mary: Eu preciso falar com você.
Dan: Vem cá. - Ele me pega no colo e me leva para um banco que tem perto do ginásio. - Deve ser muito importante para você ter tido que vir aqui. - Ele tenta fazer piada, mas eu vejo que está mal.
Mary: Não foi sua culpa. - Ele me olha e vejo ele decidir se quer ou não ter essa conversa. - Sei que você não quer falar disso, eu também não quero, mas nós precisamos ter essa conversa, essa hora vai chegar uma hora ou outra. Então eu repito, não foi sua culpa o que aconteceu comigo.
Dan: Foi sim. - Ele desvia os olhos dos meus.
Mary: Claro que não, não tinha como você impedir o que aconteceu, não tinha, simplesmente não tinha. - Coloco a mão no braço dele.
Dan: Tinha jeito! Tinha sim! Se eu fosse mais inteligente, se eu tivesse prestado atenção nos sinais, se eu tivesse me importado mais. - Ele altera a voz.
Mary: Você tinha dezessete anos, Daniel. O que queria que acontecesse? Você não podia impedir, pare de se culpar, pelo amor de Deus, faz anos e...
Dan: Faz anos que eu me culpo, faz anos que eu não me envolvo realmente com uma pessoa, anos que eu tenho medo de deixar minha mãe perto de um desconhecido, anos que eu me culpo por ser fraco, eu podia ter impedido. - Sua voz está embargada por causa do choro contido.
Mary: Não, não podia, Dan. - O abraço de lado. - Você era um adolescente, não se culpe por algo que nem a polícia conseguei impedir, poxa, você se culpou por tanto tempo, não faça isso consigo mesmo, foi a anos, foi difícil, foi um trauma, eu superei. - Não totalmente.
Dan: Mas eu não superei! Ficar lá e assistir aquele.... aquela coisa fazer aquilo com você, foi horrível, poxa, você era uma criança, eu...eu gostava de você e eu queria fazer você feliz, mas eu só consegui fazer você me ver quando eu queria cuidar de você e quando eu finalmente consigo, você tem que ser abusada bem na minha frente. Pega a pessoa que você mais ama e faz isso, assiste ela chorar, se debater, implorar por socorro e você estar bem ali e não ter coragem para fazer nada. - Ele chora agora. Eu nunca tinha pensado nisso. - Eu não pude te proteger quando você mais precisou e o que eu fiz? Fui embora.
Mary: Não! Dan, você não podia fazer nada, ele te ameaçou, eu...eu... você não tinha que fazer nada, por favor, não se culpe, eu preciso de você.
Dan: Exatamente, Mary, você precisa de mim e eu sou fraco, sou fraco por deixar você me ver desse jeito você precisava de mim e eu não estava lá.
Mary: Olha pra mim. - Coloco a mão no rosto dele e o viro para mim, ele tem os olhos vermelhos pelo choro. - Você está aqui agora, eu estou aqui agora, nós estamos bem, já passou.
Dan: Me desculpe, Mary. - Ele chora como uma criança e só Deus sabe a força que estou fazendo para não desabar também.
Mary: Vamos superar isso. - Ele me olha. - Não estou falando para esquecer, porque eu sei que não vai ser fácil. Eu estou falando para darmos um passo de cada vez, ir devagarinho, com cuidado, sem medo e acima de tudo, juntos. - Faço carinho na bochecha dele, ficamos nos encarando até que o choro cessa.
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Querida Rosemary
FanfictionRosemary é uma menina de 18 anos que cresceu com a tia e e sua filha, Evellyn. Mas ao terminar o colegial, Rosemary decide ir cursar a faculdade de direito na Flórida, que por acaso, é o lugar onde seus pais "moram". Os pais dela são arqueólogos, v...