Sexto Capítulo

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Passou-se alguns meses desde aquele dia, até o meu castigo já acabou. Mas diferente do que eu imaginava, não quis parar de ir para a biblioteca e ficar conversando com Benjamim. Eu estou melhorando minhas notas, e sinto que finalmente encontrei alguém legal. O que é assustador, parece que a qualquer momento isso tudo vai desmoronar, nós criamos um laço tão grande que já sabemos até o endereço um do outro.

Mas não é só por isso que estou ficando mais próximo dele. Aquele idiota que mexeu com Benji já está no colégio novamente, então, principalmente à noite, eu fico colado em Benjamim para garantir que nada aconteça.

E eu acho que toda aquela ideia de estar apaixoanado já passou. Foi algo passageiro. Ou eu só me acostumei.

- Vamos sair daqui? - Nesse momento estamos na biblioteca. - Quero ir no jardim, caminhar um pouco. Têm algumas coisas tirando a minha paz. - Diz Benji.

- Claro.

Caminhamos pelo lugar olhando os pássaros, as árvores e as flores. A cada dia venho sentindo mais paz, só que com muita ansiedade. Tem alguma coisa revirando a minha vida, de um jeito tão bom.

As coisas antigas continuam me perturbando e mesmo assim um sorriso insiste em estar no meu rosto, mesmo que eu tente disfarçar. Isso tudo me dá um certo medo, e se eu perder essa coisa maravilhosa que eu estou sentindo? Pior... Eu nem consigo saber o que é.

Eu acho que você sabe sim, só se nega a aceitar isso.

- O que está tirando a sua paz? - Pergunto e Benji suspira.

- Minha família está em casa nesse fim de semana, mas até agora ninguém me ligou dizendo que virá me buscar ou coisa do tipo.

- Ei, relaxa, a gente passa o fim de semana juntos. Igual a todos os outros. - Essa frase foi muito melosa. - Quer dizer, e-eu vou estar aqui, então...

- Miles Hoffmann gaguejando? Gostaria de ter filmado isso.

- Para com isso, Benjamim. Você não tem moral para me zoar por isso, quando a gente se conheceu você era três vezes pior. - Dou um empurrãozinho em seu ombro. Ultimamente estou sentido uma vontade de encostar nele sem motivo, como eu disse, uma vontade de estar por perto.

- A diferença é que a gente não era amigo, então eu tinha motivo para estar nervoso... - Parei de ouvir no amigo. É isso que nós somos afinal, apenas não sei se isso me deixa feliz ou triste. Feliz por ter um amigo como Benji, e triste porque... Eu não sei o porquê.

- É só que eu nem sempre sei o que dizer em momentos sérios. - "Sérios".

- Converse comigo, só isso. É realmente assustador como a sua voz consegue me manter calmo. Mesmo você sendo esse cara idiota. - Ele dá um leve sorriso.

- Eu sei que fiz você se estressar quando nos conhecemos, mas saiba que eu vou continuar.

- É, eu não pensei que você fosse parar.

Sorrio. Essa frase pode até parecer um pouco boba, e eu melancólico, mas é bom ter isso... Eu não sei dizer o que é, acho que é a nossa amizade, a nossa conexão.

Apesar de sermos o completo oposto um do outro eu senti, nesses meses, como se fossemos iguais. O que ele falava, eu entendia. E se não entendia, sentia vontade de entender. De alguma forma sei que é assim com Benjamim.

Nos adaptamos um ao outro, eu sei até onde vão os limites dele e ele os meus. Isso aconteceu de maneira tão natural. Isso é o que chamam de amizade? Eu nunca tive isso, é como se desde o momento em que eu o olhei soubesse que ele era especial. Mesmo que eu o tenha julgado um filhinho de papai.

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