Passou-se alguns meses desde aquele dia, até o meu castigo já acabou. Mas diferente do que eu imaginava, não quis parar de ir para a biblioteca e ficar conversando com Benjamim. Eu estou melhorando minhas notas, e sinto que finalmente encontrei alguém legal. O que é assustador, parece que a qualquer momento isso tudo vai desmoronar, nós criamos um laço tão grande que já sabemos até o endereço um do outro.
Mas não é só por isso que estou ficando mais próximo dele. Aquele idiota que mexeu com Benji já está no colégio novamente, então, principalmente à noite, eu fico colado em Benjamim para garantir que nada aconteça.
E eu acho que toda aquela ideia de estar apaixoanado já passou. Foi algo passageiro. Ou eu só me acostumei.
- Vamos sair daqui? - Nesse momento estamos na biblioteca. - Quero ir no jardim, caminhar um pouco. Têm algumas coisas tirando a minha paz. - Diz Benji.
- Claro.
Caminhamos pelo lugar olhando os pássaros, as árvores e as flores. A cada dia venho sentindo mais paz, só que com muita ansiedade. Tem alguma coisa revirando a minha vida, de um jeito tão bom.
As coisas antigas continuam me perturbando e mesmo assim um sorriso insiste em estar no meu rosto, mesmo que eu tente disfarçar. Isso tudo me dá um certo medo, e se eu perder essa coisa maravilhosa que eu estou sentindo? Pior... Eu nem consigo saber o que é.
Eu acho que você sabe sim, só se nega a aceitar isso.
- O que está tirando a sua paz? - Pergunto e Benji suspira.
- Minha família está em casa nesse fim de semana, mas até agora ninguém me ligou dizendo que virá me buscar ou coisa do tipo.
- Ei, relaxa, a gente passa o fim de semana juntos. Igual a todos os outros. - Essa frase foi muito melosa. - Quer dizer, e-eu vou estar aqui, então...
- Miles Hoffmann gaguejando? Gostaria de ter filmado isso.
- Para com isso, Benjamim. Você não tem moral para me zoar por isso, quando a gente se conheceu você era três vezes pior. - Dou um empurrãozinho em seu ombro. Ultimamente estou sentido uma vontade de encostar nele sem motivo, como eu disse, uma vontade de estar por perto.
- A diferença é que a gente não era amigo, então eu tinha motivo para estar nervoso... - Parei de ouvir no amigo. É isso que nós somos afinal, apenas não sei se isso me deixa feliz ou triste. Feliz por ter um amigo como Benji, e triste porque... Eu não sei o porquê.
- É só que eu nem sempre sei o que dizer em momentos sérios. - "Sérios".
- Converse comigo, só isso. É realmente assustador como a sua voz consegue me manter calmo. Mesmo você sendo esse cara idiota. - Ele dá um leve sorriso.
- Eu sei que fiz você se estressar quando nos conhecemos, mas saiba que eu vou continuar.
- É, eu não pensei que você fosse parar.
Sorrio. Essa frase pode até parecer um pouco boba, e eu melancólico, mas é bom ter isso... Eu não sei dizer o que é, acho que é a nossa amizade, a nossa conexão.
Apesar de sermos o completo oposto um do outro eu senti, nesses meses, como se fossemos iguais. O que ele falava, eu entendia. E se não entendia, sentia vontade de entender. De alguma forma sei que é assim com Benjamim.
Nos adaptamos um ao outro, eu sei até onde vão os limites dele e ele os meus. Isso aconteceu de maneira tão natural. Isso é o que chamam de amizade? Eu nunca tive isso, é como se desde o momento em que eu o olhei soubesse que ele era especial. Mesmo que eu o tenha julgado um filhinho de papai.
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Meu Garoto Espetacular
RomanceMiles Hoffmann, um garoto complicado, daqueles teimosos que nos fazem sentir raiva. Devido as inúmeras besteiras que ele fez, seu pai, homem que Miles não se relaciona muito bem, mandou o garoto para um internato bem rígido, internato esse que é ape...