Sétimo Capítulo

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Eu ainda estou no banheiro e começa a chover. É uma chuva forte, com trovões.

Saio do banheiro e encontro Benjamim com as mãos na cabeça.

- 1... 2... 3...

- Benjamim, o que foi?! - Benji me olha assustado. Vem o barulho de um trovão e ele dá um pulinho assustado.

- Ah, por favor vem aqui! - Eu me sento ao seu lado e tento entender.

- O que foi? O que está acontecendo?

- Os tro-trovões!

- Você é daquelas pessoas que têm medo de chuva? - Ele me encara como se a resposta fosse óbvia. E é.

- Eu não sei o que fazer, só... - Respiro fundo. - Eu estou aqui, ok? E não vou sair. Vou ficar aqui do seu lado, até tudo isso passar.

Ele abaixa a cabeça e percebo que está quase chorando.

- Você ouviu, não é? - Sei bem do que ele está falando.

- Desculpa, não foi minha intenção.

- Tudo bem. Ah... Parece que eles não se importam nem um pouco com o que eu sinto. - Procuro palavras de conforto.

- Ela pode ser uma menina legal, com um bom humor, pode ser bonita. - Eu disse isso desejando com todo o meu coração que ela seja o contrário de tudo isso. Ele me olha com uma tristeza inexplicável.

- Ela pode ser perfeita, mas isso não muda... - Benji me encara. - Isso não muda o fato dos meus pais não se importarem de me perguntar "Você quer conhecer alguém?", até isso seria estranho. - Eu tenho quase certeza de que não foi isso que ele queria dizer.

Quando eu ia falar veio mais um barulho alto, mais um trovão. Benjamim quase pulou em cima de mim, me abraçando. Por um momento eu só fecho os olhos e aprecio a sensação de tê-lo em meus braços. Tem algo forte, uma conexão.

Seus braços ao meu redor causam uma verdadeira tempestade no meu corpo. De onde suas mãos estão sinto o choque sair e se espalhar por toda parte. Aquilo despertou algo, uma coisa tão boa. Fez com que eu me sentisse vivo.

Então eu me lembro que ele está assustado e começo a acariciar suas costas.

- Ei, calma. - Sussurro. - Tá tudo bem, vai ficar tudo bem. Eu estou aqui. - Agora eu preciso me acalmar. Eu não posso ficar dizendo isso o tempo todo, e muito menos falar sobre o que os pais dele fez. - Vamos conversar, me conte alguma coisa, não importa o que seja.

É, fazer isso vai distrair ele. Benji se solta e nós nos afastamos um pouco, mas eu ainda continuo na cama dele. Ele respira fundo.

- Eu sei muitas coisas inúteis, pra mim, no caso. - Benjamim falou um pouco baixo, e ele ainda não está muito tranquilo.

- Eu me interesso em saber. - Quero ouvir tudo o que você tem a dizer.

- Hmmm, deixa eu pensar... - Ele fica alguns minutos pensando até que olha para a janela. - Sabia que quando olhamos para o céu à noite estamos olhando para o passado? A luz das estrelas podem demorar milhares de anos até chegar na terra.

- Isso não me parece inútil, eu acho que coisas relacionadas às estrelas são muito interessantes. - Vejo seus olhos passeando por todo meu rosto, logo após isso ele sorri. - O que foi?

- Suas sardas. Elas são como estrelas. - Benjamim parece perceber o tempo que ficou encarando o meu rosto e passa a olhar para as suas próprias mãos. - Eu tenho algumas também, com certeza não tantas quanto você. Sua pele pálida as deixa ainda mais chamativas.

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