Nono Capítulo

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- Me responda! Por que isso está na sua mão?! - Benjamim está totalmente alterado. Nesse momento ele parece um pinscher estressado. - E por que você está rindo?! - Merda! Por que eu estou rindo?

- Calma, eu estou nervoso. É que... Me desculpa. E-eu não deveria... - Ele deixa uma lágrima escapar. - Mas você não precisa chorar.

- Ah, não, eu não preciso! Você provavelmente está pensando que eu sou um viadinho pelo o que você leu. - Sim. E foda-se. - Está vendo! Você não tira esse sorriso do rosto!

- Benjamim, fica calmo, não é pra tanto. - Quando digo isso ainda estou com um sorriso no rosto. Mas é porque eu acho engraçado como uma situação boba como essa faz ele ficar assim.

- Claro, não é você que está com vergonha, não é o seu diário que foi lido, não é a sua insegurança que foi exposta. - Benji vem um pouco na minha direção, ele pega o livro que queria e segue em direção a porta. - Ah, Miles, você me magoou. Me magoou muito. - Dito isso, ele vai embora.

E eu fico com a minha culpa. Com raiva também, ele nem deixou eu falar o que pensava.

Você estava sorrindo.

É... Acho que foi o nervosismo. Quando as pessoas descobrem que alguém gosta delas, elas também se sentem um pouco mal pela pessoa que se declarou. O problema é que Benjamim não se declarou, e eu me sinto mal por não ter falado direito, não porque não correspondo.

Eu nem sei direito o que sinto. Mas eu acho que está ligado a amizade, sabe, eu sempre senti atração por caras totalmente diferentes de Benji. É um pouco estranho dizer que sinto atração por caras mais parecidos comigo? Talvez. Eles eram fechados e não se importavam tanto com as coisas.

Já Benjamim é intenso, é como uma boa música. Te faz querer dançar e cantar nos seus momentos alegres, mas também te traz calma quando precisa. Ele me lembra um imã, me sinto sempre atraído para onde está, algo me puxa sempre para Benji, como se ele fosse luz.

E assim como ela, Benjamim rapidamente se foi.



Algumas semanas se passaram e nós não conversamos, no máximo o básico para pessoas que dormem no mesmo quarto, algo como " - Meu tênis estava aqui, você viu?" "Não.". Por que eu tinha que estragar tudo? Mas por que Benjamim não consegue lidar com isso? Tá, todo mundo teve uma paixão por quem não deveria (Ou achou que não deveria).

É terrível o fato de que as férias de verão estão se aproximando e eu tinha tantos planos para nós. Como eu sou um idiota! Achei mesmo que a vida me daria algo bom e duraria de verdade.

São exatas 04:17, vejo pelo relógio na mesinha ao lado da minha cama. Me viro para olhar Benji, ele está com um livro na cara. Um dos muitos que me pediu pra ler, li bastante dos que ele me recomendou mas esse não. Quem sabe um dia.

Me levanto e retiro devagar o livro de sua face. Tão delicado, sinto que encostar em seu rosto seja como encostar em uma flor. Pois ele aparenta ser delicado e cheiroso. Sorrio, por quê? Também não sei. Mas não é sorrir dele, é sorrir para ele.

Me deito novamente e fico velando o sono de Benjamim. Queria que ele pudesse ouvir meus pensamento, me entender.

Benjamim sempre entendeu, mesmo eu sendo um idiota, ele entendia. E eu entendia ele, o que é bastante complicado. Sabe aquelas pessoas com sentimentos que nós achamos que só existe em filmes/livros? Esse é Benjamim. Ele é complexo, assim como um problema de matemática, mas diferente do problema, não acho que eu deva desistir dele na primeira tentativa.

Agora olho para o teto, penso na minha vida antes disso, do colégio, antes de Benjamim. Sabe o que é se sentir ignorado por alguém tão importante na sua vida? Quando é criança não nota tanto, mas conforme vai crescendo percebe, e se torna tão doloroso ver que essa pessoa importante só fala com você quando estão brigando, ou a pessoa está te dando ordens.

Eu me sinto egoísta, às vezes, por reclamar tanto. O dinheiro dele me dá tudo o que eu quero, só não pode mudar o fato de que às vezes parecemos estranhos e não pai e filho. Antes de estar aqui, quando eu tinha decidido que não iria mais me importar, eu apenas saia para alguma festa, ou algum lugar onde tivesse coisas o suficiente para me distrair. Eu avisava algum funcionário de confiança, e ia. Mas não avisava meu pai, pois ele é "ocupado demais para ser interrompido por motivos idiotas". Foi o que ele disse uma vez quando eu o chamei para brincar comigo, na infância.

Nessas festas eu dançava, cantava e bebia. Pegava alguém e coisas do tipo. E quando não eram festas, eu estava em algum pub cantando. Era maravilhoso, naqueles momentos, se eu pudesse, iria dançar feito uma princesa da Disney. Acho que as pessoas não gostariam muito de ver um garoto estranho agindo como se fosse a Elsa na cena em que tira a coroa.

Naquela cena é como se ela de libertasse de todos os seus demônios, é assim que eu me sinto quando estou cantando. Às vezes noto que algumas pessoas fecham os olhos, mas não de tédio, era como se elas quisessem aproveitar melhor e isso me deixava muito feliz. É incrível ver que algo que você fez, que se esforçou alegrou outra pessoa. Eu não sou o tipo de pessoa que liga muito para as outras, mas é delicioso ver alguém bem com aquilo que veio de você. Faz tudo valer a pena.

Com pensamentos profundos indo e vindo, eu durmo.

Acordo e vejo Benjamim apenas de toalha em frente ao espelho que tinha no nosso quarto. Havia algumas gotinhas de água em suas costas. Ele estava se alongando, ou coisa assim, como se estivesse se avaliando. Então, eu começo a fazer o mesmo.

Ele era magro, mas não tanto. Olho seus ombros, seu pescoço e tenho que me ajeitar na cama pelo incômodo que aquilo causou. Trouxe um calor, então decido levantar e ir tomar um banho. Benjamim se assusta um pouco com minhas ações repentinas, mas não faço nenhum comentário a respeito. Vou ao closet pegar uma toalha limpa e quando estou quase saindo dou de cara com ele.

Nós estamos próximos. Vejo seus olhos, eles são indecifráveis no momento. Meus olhos passeiam por todo seu rosto, descendo até a clavícula. E então, o calor só aumenta. O ar parece ter sumido do ambiente, aparentemente para nós dois, pois ambos está ofegante.

Olho para sua boca, que se encontra entre aberta. Eu me aproximo, porque é isso que ele faz comigo, ele me atrai. Então todos esses sentimentos me inunda, e me preenche na velocidade da luz. Até que sinto o antebraço de Benjamim em meu peito, me empurrando.

- Hoffmann, você não pode simplesmente parar do nada e ficar me olhando, isso é esquisito. - Ele diz com uma expressão de quem diz "Garoto???", ah, esqueci de ele tem agido de forma grosseira nos últimos tempos. Como se o Benjamim que eu conheço estivesse fazendo isso pra se proteger das coisas que estão abalando sua vida ultimamente.

Só espero que o meu Benjamim tenha sentido o que eu senti agora.

E aí, meus "aligenigena", como vocês estão?

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E , meus "aligenigena", como vocês estão?

Estão preparados para entenderem mais o Miles?

Espero que sim, e também espero que tenham gostado do capítulo.

Um beijo bem grande❤

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