Quarto Capítulo

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Depois de resolver tudo, nós voltamos pro quarto e nos arrumamos para ir dormir. Separados. Era isso que eu estava fazendo quando começo a ouvir barulhos, como gemidos.

Não, não pense besteira.

Não eram como gritos felizes. Parecia choro. Não faço ideia do que fazer, eu devia acalma-lo. Mas a gente mal se conhece, não é como um filme que as pessoas desconhecidas conseguem nos trazer calma.

Mas talvez isso seja para nos conhecermos, não? Não! Larga de ser idiota e vai ajudá-lo.

- O que foi? - Pergunto.

- Nada, por quê?

- Não me venha com nada, eu sei que você está chorando e não vou aguentar seus barulhos a noite toda. - Eu até aguentaria com muito prazer, se não fossem desse tipo. - Então, comece logo. Por que está chorando?

- Eu não deveria ter batido nele... - Esbraveja Benjamim chorando. - O que minha família vai pensar quando souber?! Ah não! Eu não quero imaginar!

- Você tem problemas com a família?

- Não, não, eu só gosto de ser um bom filho. - Não sou nenhum perito facial, mas a expressão dele falando isso foi estranha.

- Tem tantos outros internatos legais, por que te colocaram em um como esse? O que você aprontou, Ben? - Pergunto com malícia.

- Nada, desde mais novo meu pai decidiu que seria melhor estudar em colégios mais rígidos. Apesar de ser ruim passar tanto tempo em um colégio tão rígido, sei que é pro meu bem.

- Isso parece uma desculpa para te deixar aqui. - Sussuro alto demais.

- Nem todo mundo precisa ser um péssimo filho para estar aqui! - Murmuro um "Boa noite" e volto para minha cama. - Hãh... podemos voltar a conversar? Falar está me ajudando com isso. - Diz ele.

- Isso o quê? - Medinho do papai?

- Eu tenho problemas com ansiedade. Nada muito sério, só que em vezes como essa eu fico um pouco mal. Quando as coisas saem do meu controle, sabe? É bem difícil lidar com essa sensação de estar indefeso. Mas falar com você ajudou bastante. - Queria dizer que caguei para esta declaração, mas não foi isso o que aconteceu.

- Eu aprendi muito cedo que a maioria das coisas estão fora do nosso controle, sei que você vai conseguir superar isso. - Dou um sorriso sem mostrar os dentes e digo mais.- E, Ben, você tem que saber é que não foi sua culpa, jamais seria. Tá, você bateu nele, mas quem é que começou? O problema está nele...

- Então quer dizer que ele teve uma infância traumática que o transformou em um valentão?

- Quê? Não, ele provavelmente sente tesão por você. - Ele ficou vermelho.

- Miles, meus pais sempre disseram que é errado meninos gostarem de meninos.

Calma, Miles, ele não falou por mal.

- Você realmente não teve contato com o mundo exterior, não é? - Ele nega. - Mas você acha errado?

- E-eu não sei, eles me disseram que tantas coisas são erradas. - Que clichê, me sinto falando com uma criança.

- Tive uma ideia. - Ele me olha interrogativo. - Você está me forçando a ler e outras coisas chatas que você gosta, e se eu te mostra-se as coisas que você nunca iria descobrir dentro desse lugar, você quer?

- O que nós faríamos?

- Ah... Bem, aqui dentro nós não temos tantas possibilidades, mas eu posso te falar sobre tudo e quando as férias chegar nós poderíamos fazê -las. Olha, minha vida não é só festas, existem várias coisas legais. - Digo tão animado. Essa animação toda me dá medo.

- Eu adoraria, Miles. - Benji confere o relógio. - Acho melhor irmos dormi, está muito bom o papo mas nós temos que acordar cedo. - Concordo.

Benji é tão doce, como ele consegue falar de forma tão bonita? Os olhos dele são tão reconfortantes, um castanho que faz com que eu me sinta aquecido, isso faz sentido? E quando Benji deu aquele sorrisinho tímido, foi tão...

Espera, que porra é essa?

Para de pensar nele assim, para de pensar nele! Ah meu Deus, o que eu fiz?! Eu quero sair daqui e estou combinando coisas com um cara que mal conheço! Mas pense pelo lado bom, ele é o primeiro cara que você faz amizade que vai ter um futuro decente. Talvez eu também tenha.

Dou um fraco sorriso, meu pai deve ter um plano para cada merda que eu possa fazer. Tudo de uma forma que ninguém descubra quem é o seu filho. Desde que sou criança ele parece ter vergonha de mim, não sei, nunca me chamou para ir a algum lugar, e também nunca ia aos lugares que eu queria que ele fosse.

Acho melhor eu parar de pensar nessas coisas; Benjamim, meu plano de liberdade, meu pai. Preciso dormir, e essas três coisas estão começando a tomar conta da minha mente.

Mal consigo dormir esta noite, então quando percebo que o sol está nascendo eu me levanto. Tomo um banho para despertar, e me visto da forma adequada.

E vou dar uma volta pelo jardim. Penso em como não posso perder o foco no meu objetivo, em como preciso parar de pensar em Benjamim. Minha história de vida, ou de adolescente, será só minha. O foco sou eu, o protagonista sou eu.

Se fosse para minha vida ser um filme, ou até mesmo um livro, jamais quero que seja um romance (um romance de casal). Pensa, que chato seria saber que a graça da sua vida é você com outra pessoa.

Mas quando você está apaixonado realmente se sente melhor com outra pessoa.

Ah, eu gosto muito de ficar perto do Benji, não quer dizer que eu queira estar com ele o tempo todo. Eu tenho uma vida que acredito ser mais espetacular do que eu com outra pessoa. E não, eu não estou me apaixonando por Benji. De onde eu estou tirando essas coisas? Isso é praticamente impossível, eu não conheço ele.

Eu penso muito nele porque é uma nova pessoa na minha vida, e também pelo jeito encantador dele. Eu nunca conheci alguém tão gentil, no nosso papo na biblioteca Benjamim foi tão educado, tão adorável. Apesar das briguinhas. Mas não tem nada a ver com paixão.

Quando eu me apaixonar vai ser por um garoto foda, cheio de coisas para acrescentar na minha vida, nós vamos fazer tantas coisas juntos...

Postando hoje para avisar que os capítulos serão postados todos os sábados

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Postando hoje para avisar que os capítulos serão postados todos os sábados.

E também porque hoje é o meu aniversário, aceito parabéns, não importa que dia você estiver lendo isso, nunca é tarde para parabenizar.

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Um beijo bem grande❤

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