30 | você veio.

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Sina.

Estava tirando um cochilo quando senti uma mão puxar meu ombro e me chacoalhar.

— Só mais cinco minutinhos, papai. — Resmunguei e apertei o travesseiro em minha cabeça.

— Não, filhinha. — Ouvi a voz e em seguida uma risada.

— Quem deixou você entrar aqui, Noah? — Pulei para trás ao ver Noah parado me observando.

— Eu. — Ele disse sorrindo. — Troca de roupa, nós vamos sair.

— Eu não vou sair com você Noah, meu pai não vai deixar. — Me sentei na cama e amarrei meus cabelos.

— Ele já deixou. — Vi o moreno caminhar até o meu mural de fotos e observar cada uma que tinha ali. Soltei um pigarro para indicar meu incômodo mas ele pareceu não ligar.

Noah passou os dedos por cada foto como se estivesse tentando imaginar o contexto de cada uma e aproveitei para observá-lo de costas. Seus cabelos eram volumosos e um pouco cacheados, pareciam ser macios e rapidamente imaginei minhas mãos tocando seus fios; seus ombros eram largos por causa do esporte que ele praticava e aquilo particularmente era uma tentação para pessoas como que eu que amam ombros largos; suas pernas eram definidas e seu traseiro era grande. Me senti tão errada por estar desejando a droga daquele homem, eu sabia que jamais poderia acontecer algo por causa da regra do meu pai.

— E se eu não quiser ir? — Cruzei os braços e levantei a sobrancelha. Noah girou em seus pés e marchou até onde eu estava, me segurando pelos ombros e me empurrando para dentro do banheiro. — Ei! — Gritei ao ouvir a porta bater na minha frente.

— Você tem vinte minutos ou eu volto aqui e te levo do jeito que você estiver. — Ouvi seus passos se distanciarem e imaginei que ele estivesse saindo.

Bufei de raiva e tirei a minha roupa. Por que infernos eu deixava aquele homem mandar em mim? Ele não era o meu pai, muito menos minha babá, mas eu simplesmente não conseguia dizer um não e acabava fazendo tudo o que ele queria. Tomei um banho rápido e fui para o closet, pegando uma regata e uma saia jeans e jogando uma jaqueta por cima. Arrumei meus cabelos e quando estava passando perfume ouvi a porta se abrir violentamente.

— Vamos. — Noah entrou no quarto e tentou me arrastar para fora. Belisquei sua mão e ele gemeu de dor, alisando a região.

— Vai se foder, seu idiota. — Coloquei meu sapato e passei um pouco de gloss nos lábios. — Olha aqui, Noah Urrea — Me aproximei dele e encostei o dedo em seu peitoral duro feito aço. —, você me trate bem, está ouvindo? Não sou qualquer uma que você aponta o dedo e ela obedece. — Segurei em seu queixo e puxei seu rosto para mais perto do meu. — Você não conhece Sina Deinert, meu bem. — Senti a respiração quente de Noah fazer cócegas nos meus lábios e a minha vontade era de beijá-lo, mas eu não podia fazer isso.

Arfei ao sentir sua mão apertar minha nuca e puxar meu rosto ainda para mais perto do seu, assim como eu tinha feito mais cedo. Vi um sorriso sacana se formar no canto de seus lábios e sua boca se abrir perigosamente me atraindo. Senti sua língua lamber meus lábios e tirar um pouco do meu gloss.

— E você não conhece Noah Urrea. — Ele se afastou e saiu andando, como se absolutamente nada tivesse acontecido.

Reuni todas as minhas forças e me arrastei para o andar de baixo antes que Noah aparecesse outra vez.

— Pronta? — Ele disse, sorrindo cínico e meu pai nos olhava sorridente também. Ai se ele sequer sonhasse com o que tinha acontecido no quarto...

— Sim, vamos. — Sorri cinicamente também e acompanhei Noah até seu carro. Ele desbloqueou o celular e ligou o som, procurando alguma música. — Posso escolher? — Me referi às músicas e Noah me entregou o celular. Procurei o nome no search do Spotify e finalmente tinha encontrado algo que me agradasse.

— Tá me tirando? — Noah virou de lado e me encarou. — Ariana Grande?

— Deixa de ser chato, caralho. Só escuta o som. — Ri da cara de indignação que ele fazia enquanto dirigia e eu fazia uma dancinha com os braços no ritmo da música.

Em momento algum tocamos no assunto do quase beijo no quarto, acho que aconteceu pelo calor do momento. Éramos jovens, estávamos com os hormônios a flor da pele e essa coisa toda de provocação com certeza iria resultar nisso. Assim que chegamos em sua casa, desci o mais rápido possível e quando abri a porta já encontrei seus amigos sentados no sofá conversando.

— Oi. — Falei timidamente. Quando me viu, Any veio correndo até onde eu estava e me puxou para um abraço.

— Você veio! — Ela disse saltitante.

— Vim por vocês. — Respondi e vi Noah passar por mim e me olhar de cima a baixo. Senti Any me puxar pela mão e me sentei no sofá.

— Noah, seu burro, você chama a gente para assistir filme e não paga a conta? Como é que faz? — Josh disse cruzando os braços e olhando para Noah.

— Merda. — Noah coçou a cabeça. — Eu esqueci de pagar, perdão.

— Percebemos. — Hina respondeu revirando os olhos. — Mas eu já coloquei na minha conta e por isso eu quem escolho o filme.

— De jeito nenhum. — Lamar resmungou enquanto a amiga batia palmas de felicidade. Ri de toda essa situação. Os amigos de Noah eram incríveis e completamente diferentes dele, mas nada substituía as minhas amizades.

Bailey surgiu da cozinha com um balde gigante de pipoca e um refrigerante nas mãos. Logo em seguida Noah saiu do cômodo com alguns copos e nos entregou.

— E então, como vai ser a escolha do filme? — Noah perguntou, levando um punhado de pipoca à boca e se sentando ao meu lado.

— Já falei. Se quiserem ver o filme, eu escolho.

— Deixa ser o filme que essa chata quer, pelo amor de Deus! — Lamar pediu.

— Acho justo. — Dei de ombros e levei o copo de refrigerante até minha boca, bebericando um pouco.

— Se a Sina falou, está falado. — Hina disse e fizemos um high-five. Ela entrou em sua conta na Netflix e começou a procurar entre os filmes algo que ela queria. Depois de quase cinco minutos de pesquisa ela finalmente tinha encontrado algo e apertou o play. Iríamos assistir "A morte te dá parabéns" e agradeci por não ter assistido esse filme antes.

No começo a concentração para o filme foi zero, já que os amigos de Noah faziam a maior algazarra que em momento algum me incomodou, ao contrário, ri junto deles. Depois de Any quase morrer afogada na própria Coca-Cola e ameaçar ir embora, todos se calaram e finalmente começaram a prestar atenção no filme. Cruzei minhas pernas, coloquei um balde menor de pipoca em meu colo e fiquei vidrada no filme.

DADDY'S DARLING ↯ noartOnde histórias criam vida. Descubra agora