47 | noção do perigo.

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Sina.

Eu tinha perdido completamente a noção do perigo. Eu beijei Noah Urrea.

Tudo bem que eu queria muito aquilo, e ele também, o beijo foi maravilhoso e ele era um filho da puta de um gostoso, mas foi um erro. Primeiro: Noah era um garoto problema, tanto que eu e a mídia sabíamos muito bem o histórico dele e eu sinceramente não tinha interesse nenhum em fazer parte desse histórico, sendo apenas mais uma; segundo: o meu pai. Ele iria infartar se soubesse que a boa filhinha dele estava tendo um lance com o jogador que foi para outro país participar de uma orgia; terceiro: a tal regra. Eu não sabia qual era o fundamento dela, não sabia qual era sua função, mas eu seguia. Ou pelo menos tentava. Quer dizer, sempre segui. Até ontem.

Meu pai nunca me disse o porquê dela e qual a sua necessidade, ele simplesmente chegou para mim um dia e falou: "você jamais deve se envolver com nenhum cliente meu, eu exijo isso". Talvez ele fizesse isso para separar o pessoal do profissional, ou talvez fizesse para que eu não me magoasse e acabasse interferindo na relação cliente-empresário. Eu não sabia.

Hoje eu iria ajudar a minha mãe a fazer o almoço. Já fazia um tempo que não tínhamos um programa juntas sem ser ir ao cabeleireiro ou ir ao shopping. Coloquei minha clássica camisa de super-herói, meu short jeans e um chinelo. Meu pai com certeza iria reclamar do meu traje, mas eu não ligava. Porra, eu estava em casa apenas com eles, qual era o problema?

Amarrei meus cabelos e desci para a cozinha, onde minha mãe já estava colocando todos os ingredientes que iríamos usar na bancada. Me aproximei dela e beijei seu rosto.

— Bom dia, mamãe. — Fui até a pia e lavei as minhas mãos.

— Bom dia, princesa. Dormiu bem? — Enruguei a testa ao ouvir o tom estranho da sua voz. Algo estava acontecendo, eu conhecia a minha mãe.

— Sim, e você? — Me aproximei dela e vi a mesma me olhar com o canto dos olhos.

— E a festa? Como foi? — Será que ela estava chateada comigo porque fui à festa sem avisá-la? Peguei o pacote de cenouras e o ralador e me sentei em uma das banquetas da ilha.

— Foi... Foi boa. — Falei naturalmente.

— Hum. — Respondeu. Olhei para ela, que continuava cortando a cebola. — Eu vi um vídeo do Noah com uma mulher no vídeo do lado dele.

— Também vi. — Respondi, tentando desconversar. Senti um nó se formar em minha garganta. Minha mãe iria me matar.

— Era uma mulher loira.

— Eu percebi.

— E aonde você estava na hora daquele vídeo? — Ouvi a faca bater com força na tábua e quase caí do banco.

Olhei para a minha mãe e sua expressão facial estava me dando medo. Ela tinha a testa enrugada e sua boca formava uma linha fina, seus lábios comprimidos. Não era de ver a minha mãe de mau humor, algo tinha acontecido e eu sentia que era relacionado a festa de ontem.

— Eu estava no banheiro. — Tentei soar o mais tranquila possível, mas na verdade eu estava sentindo uma camada de suor se formar atrás do meu pescoço.

— É?

— Sim.

Mais um momento de silêncio constrangedor. Minha mãe usava a faca violentamente e eu só estava esperando o momento em que ela iria lançá-la em minha direção e furar o meu olho.

Depois que eu descasquei a cenoura e cortei em cubinhos, peguei o pacote de batatinhas e comecei a fazer o mesmo. Me assustei e quase cortei o dedo ao ouvir minha mãe fechar a porta do armário com violência. Imaginei minha cabeça ali no meio e ela me decapitando.

DADDY'S DARLING ↯ noartOnde histórias criam vida. Descubra agora