DADDY'S DARLING ↯ noart

28 | nada disso.

Sina.

Só me apaixonei três vezes em toda a minha vida. A primeira, aos dez anos de idade: era meu colega de turma e ele era lindo e me tratava bem, brincava comigo no intervalo e dividíamos o nosso lanche. Foi embora anos depois e me deixou a criança mais triste do mundo; a segunda, aos dezessete: eu tinha acabado de entrar na faculdade e aquele universo era novo e um pouco louco para mim. Ele era veterano e me ajudou a pôr os pés no chão outra vez.
Foi meu primeiro namorado — no sentido sexual da coisa, namorado mesmo eu nunca tive, meu pai me mataria —, e me ajudou a conhecer o lado bom da vida, que Noah jurava que iria me apresentar. Infelizmente ele se formou e perdemos o contato; e a terceira vez... eu acho que está sendo agora.

Even era mais que uma atração ou um rosto bonito para mim. Senti que estava apaixonada e estava com medo disso.

Amor é algo forte, inexplicável, algo que mexe com você de várias formas, ao mesmo tempo que é um sentimento lindo, é um sentimento perigoso. Não escolhemos por quem nos apaixonamos e acabamos correndo o risco de não sermos correspondidos, o que eu sinceramente esperava que não fosse o meu caso.

— Sina? Está me ouvindo? — Ouvi aquela voz tão doce me tirar do transe.

Merda, será que Even tinha percebido que o encarava há quase uma hora, desde o momento em que nos sentamos juntos nessa mesa para fazer o projeto dele?

— Ah, estou sim. — Sorri sem graça e balancei a cabeça, afastando aqueles pensamentos malucos da mente.

— Você destacou algo de marca texto? Eu pensei em fazer isso mas fiquei com medo do professor dizer que meu trabalho é do ensino médio. — Perguntou mordendo o lábio inferior. Mas que droga de homem.

— Sim, deixa eu te mostrar onde. — Me curvei sobre a mesa e me aproximei dele, mostrando os pontos que eu colori para que ele fizesse o mesmo. Percebi minutos depois que toda a minha explicação foi em vão, já que o olhar de Even era diretamente em meus seios, que ficaram um pouco a mostra já que a blusa era folgada. Senti minhas bochechas corarem de vergonha e timidamente voltei para o meu lugar.

— Bom, se o professor for brigar com alguém, vai brigar com nós dois. — Rimos e deixei Even terminar de fazer o seu projeto.

A cada minuto que passava eu tinha mais certeza de que estava apaixonada por ele e sentia meu coração querer rasgar no peito a cada vez que ele me olhava e sorria. Cada detalhe nele era perfeito e eu me perguntava se um dia ele seria meu namorado. Será que eu merecia tudo aquilo? Será que eu era digna de ter um homem daquele em minha vida? Será que na verdade o homem certo para mim era outro?

— Sina? — Percebi que entrei em transe outra vez. Já tínhamos terminado o projeto de Even e agora estávamos apenas conversando e nos conhecendo melhor. — Seu pai costuma ficar assim, na janela te observando conversar com outras pessoas? — Perguntou envergonhado. Virei meu rosto para a direção que Even olhava e pude ver meu pai na varanda do meu quarto, sentado em minha cadeira nos olhando atentamente. Abaixei a cabeça envergonhada.

— Meu Deus, que horror. — Cobri o rosto com as mãos sentindo o sangue subir para a minha cara. — Meu pai não tem limites.

— Como assim? Ele costuma fazer isso com você? — Indagou.

— Sim. — Suspirei. — Meu pai é muito controlador, você não tem noção. Ele quer controlar tudo em minha vida. Eu entendo que ele faz isso por cuidado, mas tudo tem limites, sabe? Ele não quer que eu me envolva com ninguém, não quer que eu use certos tipos de roupas, quer que eu me comporte como ele quer. Eu só queria poder não colocar essa máscara toda vez que estou em casa.

Isso era tão chato, desde criança sempre fui criada assim. No começo eu via apenas como jeito dele se preocupar comigo, mas com o passar dos anos aquilo começou a me sufocar. Sabe o que é ter que ouvir seu pai te dar uma bronca apenas por você vestir a merda de um simples short jeans? Às vezes achava que ele não me via como sua filha e sim como sua boneca. Eu tinha que anular meus desejos e minhas vontades para viver a vida que o meu pai queria que eu tivesse.