111 | liberdade.

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Sina.

Fazia exatamente meia hora que eu estava sentada na frente do notebook, com uma fina camada de suor se formando em minha testa. Assim como prometido, às 10h eu recebi um e-mail do departamento de estágios da faculdade trazendo aquele resultado que eu tanto esperava, mas não tinha coragem para ver.

Eu dependia dessa vaga e não sabia o que faria se não conseguisse o emprego. Já não aguentava mais ficar nesse inferno de casa e ainda faltavam dois anos para que eu pudesse me formar e assim ingressar no mercado de trabalho. Seguindo essa ordem, eu levaria cerca de cinco anos para poder sair daqui. Cinco anos era muito tempo e daqui para lá eu já teria matado alguém ou surtado.

Respirei fundo e cliquei no e-mail, lendo o conteúdo em seguida.

Aquele monte de palavras formais não estava me ajudando e sim me deixando ainda mais nervosa. Porra, não poderia ser um e-mail apenas escrito "Parabéns, o emprego é seu"? Minha ansiedade estava grande, mas precisava ler tudo aquilo porque era importante e explicava tudo o que eu teria que fazer caso fosse chamada.

Por fim, cheguei nas últimas duas linhas, que me dava o resultado e definiria meu futuro.

Não consegui me controlar e comecei a gritar e pular na cama. Aquilo não poderia estar acontecendo, não era real. Depois de muita euforia, consegui me controlar e li aquela frase outra vez, só para me certificar de que não era um delírio.

"Parabéns Sina Maria Deinert, você foi aprovada no estágio para ser assistente na A&C Projetos. Compareça hoje mesmo na faculdade para assinar o termo de condição e negociar horários e valores"

Li cerca de mais dez vezes até cair a ficha de que era mesmo real. Eu havia conseguido um emprego, iria ser independente financeiramente agora e o melhor: morar sozinha.

Agarrei o notebook em meus braços e saí correndo escada abaixo até a sala, onde meus pais estavam assistindo um programa de culinária juntos. Quem visse aquela cena fofa jamais imaginaria que por baixo daquelas lindas peles de cordeiro haviam dois lobos.

— Saiu! — Gritei e eles se assustaram.

— Saiu o que, menina? — Minha mãe indagou e só agora lembrei que não tinha comunicado nada a eles.

Cocei a cabeça e me sentei na poltrona.

— Mamãe, papai, na semana passada eu fiz uma prova na faculdade para conseguir estágio em uma empresa de projetos. — Eles me olhavam atentamente. — E hoje saiu o resultado.

— E aí, meu amor? Você conseguiu?

— Sim... — Disse, tensa.

— Parabéns, filha. A mamãe sente muito orgulho de você. — Alex sorriu e eu senti meu estômago embrulhar.

— Mas tem outra coisa. — Tentei transparecer o mais tranquila possível, mas na verdade eu estava tendo quase uma taquicardia.

— Fale. — Meu pai respondeu.

— Com o bom salário que eles vão me pagar... — Cocei a garganta e despejei tudo neles. — Euvoupodermorarsozinha. — Falei tão rápido que nem mesmo eu entendi o que foi dito.

— Como? Você o quê? — Minha mãe franziu a testa.

— Eu vou morar sozinha agora que posso me sustentar. — Senti um peso sair das minhas costas.

Olhei para os meus pais e eles estavam me encarando, ainda tentando processar o que eu tinha dito. Independente deles aceitarem minha ideia ou não, aqui eu não iria ficar mais. Minha faculdade não era paga, não vivia de luxo, podia me virar usando Uber todos os dias e só precisava do dinheiro para me alimentar e pagar o aluguel.

DADDY'S DARLING ↯ noartOnde histórias criam vida. Descubra agora