88 | colapso.

4.5K 410 641
                                    

Sina.

Eu estava completamente fodida. Eu era uma louca.

Meu pai sempre pediu que eu não me envolvesse com seus clientes, que separasse o pessoal do profissional e agora minha vida estava em risco. Eu estava colocando relações em jogo.

Já era tarde, não tinha mais o que fazer e em momento algum me arrependi de ter ficado com Noah.

Mas o que infernos poderia ter acontecido para que o meu pai estabelecesse essa regra estúpida? Eu só queria que ele fosse sincero comigo, custava tanto isso? Por que ele simplesmente não se abria? Viver nessa incerteza e nesse medo de algo grave ter acontecido me deixava em pânico.

Será que algum ex cliente dele matou um possível irmão mais velho meu? Será que algum ex cliente tentou se envolver com a mamãe? Será que tentou fazer algo comigo que eu não sabia? Ou será que se passou por um grande amigo seu e tentou nos sequestrar?

Mil e uma perguntas se passavam na minha cabeça, mas nenhuma resposta era dada a mim.

Troquei de roupa e fui para a biblioteca, tinha alguns trabalhos da faculdade pendentes. Não tive coragem de descer para o café depois da noite passada, meus pais com certeza ouviram algo e eu não estava preparada para ser bombardeada de perguntas chatas.

Liguei o notebook e peguei as minhas anotações, revisando e conferindo se estava tudo nas normas e padrões que a professora havia pedido. Essa era uma disciplina de pré-requisito, ou seja, se eu reprovasse nela não poderia fazer duas disciplinas do próximo semestre e acabaria atrasando tudo.

Cerca de uma hora e alguns minutos depois, ouvi batidas na porta e falei um "entra" rapidamente. Era o meu pai. De primeira, engoli em seco e senti o meu coração parar, mas a sua expressão facial estava tão suave que eu tinha certeza de que ele não desconfiava de nada.

Ele se aproximou com o café da manhã para mim nas mãos. Isso era estranho.

— Não precisava, papai. — Disse quando ele colocou a bandeja sobre os meus livros. Sorri e ele beijou o topo da minha cabeça.

— Você não desceu para tomar café da manhã, imaginei que estivesse estudando. — Ele puxou uma poltrona e sentou-se ao meu lado. — Como você está?

Com o canto dos olhos, analisei sua feição.

— Bem, e o senhor? — Peguei o pedaço do bolo e levei até a minha boca, dando uma mordida.

— Bem também. — Respondeu e ficamos em silêncio.

Um silêncio absurdamente constrangedor e sufocante. Meu pai não tinha vindo aqui apenas para me dar café da manhã, e sim para me dar uma bronca também, mas estava procurando coragem para fazer isso. Ele fitava o chão, enquanto eu tentava comer.

Dei o último gole no café e quando ia me levantar para levar a bandeja para a cozinha, ele segurou o meu pulso e me puxou de volta para a cadeira. Olhei para a sua mão em mim e subi até seus olhos.

— Tinha alguém aqui ontem, não tinha? — Bingo. Eu sabia que ele estava querendo algo de mim.

— Sim papai, por quê? — Ele semicerrou os olhos e me analisou atentamente.

— Eu vi alguém saindo pelo portão de madrugada. — Engoli em seco. Ele apertou ainda mais o meu pulso e eu senti o meu braço doer pela dificuldade em circular o sangue. — E não era o Even. Definitivamente não era o Even.

— Não, não era o Even. Sempre deixei claro que ele não seria o primeiro nem o último.

— Que tipo de mulher você está se tornando? — Enruguei a testa. — Eu te criei para ser como a sua mãe, uma mulher que se valoriza e não sai por aí deitando com qualquer homem.

DADDY'S DARLING ↯ noartOnde histórias criam vida. Descubra agora