Filho

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De ódio empáfio, me embrulha

as vísceras de ingratidão.

Se não me dizes mirífico,

condena-te à solidão.


Parasita se orgulha

da própria desilusão.

Nutre-se da tolerância

que tiro do coração.


Bendito aquele que engole

o falar mal do cortês.

Em prol do próprio viver:

eis o quieto freguês.


Esperto é quem se cala

diante do hospedeiro.

Quem consente com seu grito

e o digere por inteiro.


O verme, sem lucidez

vive de seu devaneio.

presente é calar-se,

(não obstinar o que semeio).


Porque a vida é difícil

para quem come silêncio.

Quem afoga-se na falta

de revelar seu suplício.


E condenado a extinguir-se

é aquele que reclama

pois parasita que fala

é indigno da própria cama.

MartírioOnde histórias criam vida. Descubra agora