refrata n'olhos pálidos,
a brasa n'olhos cálidos.
estática, imóvel, árida.
pupilas mortas e pardas.
esperamos que logo seja possível
que não vejamos o fogo
ou qualquer coisa má que reluz.
não apagá-los, apenas deixá-los ir.
por muito, afogá-los, os encouraçados e as fragatas,
matá-las pela súplica:
diziam que era melhor o suplício
breve, que a sevícia vitalícia.
melhor o próprio fim
do que colocar final em tanta gente.
então respiram, gratas e ofegantes,
com canais agitados interditando-se.
dizem-me que são capatazes,
algozes de sangue vivo, dentro de si.
"melhor o ódio curto
do que vida longa e amarga"
dão sentenças aos reflexos,
complexos julgamentos a si,
analisamo-nos, complexos.
deveríamos laminar a nós mesmos,
poupando, poupá-los do desastre
iminente que somos,
é melhor para todos eles,
e para nós também.
Nota da autora: Olá, leitor(a). Tudo certo? Venho novamente fazer uma nota no fim da poesia, para dar o meu ponto de vista sobre o texto :)
Gosto muito de expressar sentimentos extremamente específicos enquanto escrevo (você deve ter notado) e, nesse poema, não foi diferente. Eu me inspirei em uma história que criei a algum tempo.
Nessa história, o protagonista não concorda com as coisas que estão sendo feitas no local em que vive, ele questiona as tradições e as regras de lá. Por conseguinte, o personagem acaba se rebelando contra a ordem estabelecida porque, de acordo com ele, viver ali seria um "suplício". Apesar disso, ele ainda se pergunta se o que ele faz é realmente certo.
Ou seja, ele se rebela, ainda que não tenha certeza de que seus feitios são corretos.
Após rebelar-se, ele percebe que inspirou várias outras pessoas a também questionar o sistema, entende que tudo que fez foi necessário; porém, já é tarde demais: as autoridades locais descobriram que ele tem ideias "inadequadas" e, por isso, ele deve ser punido. Será condenado a queimar na fogueira (estilo bruxas da idade média)
Assim, no poema, começamos com:
"refrata n'olhos pálidos,
a brasa n'olhos cálidos."
O personagem está prestes a morrer, observando a fogueira a sua frente — onde ele será queimado por ter se rebelado. Sua feição expressa medo (olhos pálidos e cálidos).
Enfim, é por aí. A ideia é essa, eu acho. Eu poderia interpretar (e dar de bandeja) os outros versos, mas eu acredito que o poema perderia a graça. Não gosto de coisas muito fáceis, deixo a sua mercê, caro leitor. Interprete o texto como bem desejar, essa é a magia da leitura!
Eu só quis dar uma palha do meu processo de escrita e fazê-los entender um pouco mais afundo o contexto do poema porque esse, em específico, é um tanto sem sentido se fora do contexto.
Muito obrigada pela leitura, não esqueça de deixar seu voto e — se quiser — a sua interpretação :p

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Martírio
ŞiirBoas vindas ao Martírio, uma viagem adentro das piores emoções humanas. Atente-se ao pôr-do-sol das aparências - aqui não fingimos prudência ou moralidade -, quando a noite cai, a encaramos e a enfrentamos sem medo. Quando as luzes se apagam, a verd...