Simbiose

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imbróglio insistente que adeja

roçando nas penas esvoaçantes

- a frágil desobediência deseja

que ela e o caos sejam amantes.


a ave celebrante que voeja livre

dançando no vento com a desordem.

abraçando com olhos pungidos

aquilo que almeja e não vive.


a semi-liberdade que detive

não me é mais absoluta,

vislumbro os passos do caos

certa de que o quero, resoluta.


negar e silenciar-me tranquila

das regras, das leis, das ordens,

se as quero subverter, destruí-las.

a desobediência não as aniquila.


não só quero negá-las,

desejo vê-las sucumbir.


a garça assiste a subversão na penumbra,

eu não mais. Voo até ela, comovida.

a desordem, empáfia, me deslumbra.

sou a águia no Ártico, no tronco congelado jazida;

estando estática no gelo enquanto me expulsam,


permaneço pelo prazer de não me desejarem aqui.

de asas abertas, os ursos revoltosos me fitam.

a rebelião inicia silenciosa:

flutuo por onde quero,

plano sobre a revolução.

juntamo-nos (eu e o transtorno)

num motim que visa a transformação.


as leis não me aprazem, absorvidas por outrem.

se eu quero mudá-las, que seja pelo desdém.

pela sua ausência, e minha presença

onde não querem ou proíbam que eu esteja.



MartírioOnde histórias criam vida. Descubra agora