cedo, cenho ávido de sede
largo emplumada minha imagem
não reconheço a calidez do reflexo
não aceito a discórdia do ser (sozinha)
os desmereço.
antologia pra quê?
soneto inútil, hermético
modernista obstinada:
rogo pelo fim do martírio,
faço preces ao fim do poema.
não quero lê-lo nunca mais.
tornar-me júri da própria alma,
deslaçando tudo que fiz em nome do fracasso
jaz em mim algo inefável
- não posso nomear a fuga-
despercebe-se a obstinação
peço à fugacidade do ódio adormecido:
traz-me o poder imparável
planta em mim o impulso
e crescerá, assídua, a revolução
revoltar-me contra os olhos sujos no relógio da torre
assistir a rosa crescer, apodrecida.
os anos jogados fora em linhas tão dolorosas
quando poderia ter sido subversiva
manchar as roupas brancas de veneno
e crescer vermelha a flor clandestina na esquina
a possibilidade ultrajovem que tenho
a juventude lúgubre que extravaga
extradito a licença poética:
jovem demais pra sofrer, velha demais pra amar.
madura o suficiente pra assassiná-la,
sangrar a crítica e esvaziá-la por completo;
sanar, analítica, a pobreza da pele.
criar, solitária, um novo dialeto
que me recite um mundo novo
não tão sórdido quanto o que vivo,
nunca mais tão sujo
quanto é.
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Martírio
PoezjaBoas vindas ao Martírio, uma viagem adentro das piores emoções humanas. Atente-se ao pôr-do-sol das aparências - aqui não fingimos prudência ou moralidade -, quando a noite cai, a encaramos e a enfrentamos sem medo. Quando as luzes se apagam, a verd...