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    Já tem HORAS que estou aqui. Tem sangue por todo lado. Ele golpeou minha perna direita umas cinco vezes e o meu braço, no mínimo, umas 3. Eu já não sinto meu corpo. A falta de sangue e a fome me deixam fraca.

Martin- Bom, ela já está praticamente morta.- consegui escutar ele conversando com alguém no corredor.
- Senhor, a essa altura, o Malik já está vindo pra cá. Precisamos voltar. - uma voz de homem falou, eu conheço essa voz.
Martin- Tudo bem.- houve um silêncio.- Tragam ela conosco. Ela poderá ser útil na Rússia.
- Não temos médicos o suficiente pra cuidar dela desse jeito.- uma mulher disse dessa vez.
Martin- Então deem o jeito de vocês! Eu quero ela bem viva quando chegarmos lá.- ouvi passos em minha direção, mas não consigo me mexer, muito menos abrir os olhos.
- Desculpa por isso, vamos cuidar de você.- a voz da mulher tornou a falar e senti os nós das minhas mãos sendo afrouxados.

    Meus pés também foram soltos e alguém me pegou no colo. Alguém forte. E cheiroso.




    Quando abro os olhos, vejo um quarto branco. Mas não como a sala de antes. Agora estou em uma enfermaria. Tiro os lençóis da perna e a vejo toda costurada. Olho pro meu braço e também está com postos. A quanto tempo eu to aqui ?

- Que bom que acordou.- a mulher, dona daquela voz, entrou no quarto.- Me chamo Ally. Trabalho pro Martin a um ano e bom antes... eu era uma de vocês.- chegou mais perto.- Por isso vou cuidar de você. Sua mãe me ajudou muito a um tempo atrás. E eu devo isso a ela. - começou a mexer no negócio de soro.
Eu- Por que ele não me matou?- falei e senti a dor por todo o meu corpo como punição pelo meu esforço.
Ally- Vai usá-la como trofeu. Quer um conselho ? Mate-o primeiro. - assenti.- Você vai poder sair hoje à noite. E ele já tem planos pra você.
- Ela tá pronta ? - se afastou de mim.
Ally- Está.- um homem, moreno de olhos verdes, veio até mim.

    Ally me desconectou dos fios e o homem me pegou no colo. Meu corpo está bem melhor que antes, já consigo manter minha cabeça em pé sozinha. O homem entrou em um corredor e saímos em uma sala. Aparentemente em uma casa normal. Subiu as escadas e entramos em um quarto todo em madeira com detalhes pretos. Ele me colocou na cama e saiu sem falar nada. Cinco minutos depois três pessoas entraram no quarto, duas mulheres e um homem.

- Somos Nymiria, Lady e Flower.- apontou respectivamente.- Estamos aqui pra arrumar você. O senhor Martin mandou que você estivesse perfeita pra hoje à noite.
Eu- Vocês sabem pra onde eu vou?
Flower- Minha querida, nós não sabemos de nada.- ligou a banheira ( que fica no meio do quarto ) e começou a colocar sais.- Só fazemos o que nos mandam.
Lady- Não é assim também.- foi pegar uma roupa no guarda roupas.- Ele vai levar você pra um passeio.
Nymiria- Cala a boca, Lady.- começou a me despir.
Eu- Er... eu consigo tirar a roupa sozinha.- falei tirando a blusa e sentindo uma dor enorme no braço, mas não parei de tirar as roupas sozinha.- Só uma pergunta. Onde estamos ?
Flower- Moscou. Na Rússia.
Eu- Que porra...- e por um momento eu fechei meu olhos e me permiti respirar fundo- Que merda.
Nymiria- Olha... Fica calma. - começou a catar as roupas que eu joguei no chão enquanto tirava.- Ele não vai machucar você.
Eu- Ele enfiou uma faca em mim várias vezes.
Lady- Ela quer dizer que ele não pode te matar, não até alguém ver você.
Eu- Me verr ?
Flower- Esse é o plano, querida. Agora vem, entra aqui. Você tá imunda.- me ajudou a levantar e entramos na banheira.
Eu- Então o plano é me expor ?
Lady- O plano é matar a sua mãe.
Eu- Ele não vai conseguir.
Nymiria- Sua mãe não é imortal, Lia.
Eu- Pode até não ser, mas ela nunca vai morrer pra um rival. Não pra um garoto de 22 anos que acha que é dono do mundo.
Flower- Vamos ver.

    Depois de uma hora, eles terminaram de me arrumar. E eu não vou negar que estou linda. Nymiria fez um curativo apertado na minha perna pra que eu pudesse usar saltos. Meu vestido é de um Azul tao escuro que chega a parecer preto. Meu cabelo está solto, cobrindo meu braço, e eu estou toda maquiada.

Lady- Precisamos ir. Cuide-se.- assenti e eles saíram.
Flower- Espero que ela não seja virgem.- o ouvi sussurrar.
Nymiria- Ela é uma Sloan, isso é impossível.- respondeu e depois perdi a conversa por causa da distância.

    Um homem apareceu no quarto cinco minutos depois pedindo para eu descer.

- São ordens.- assenti e o segui até o andar de baixo.
- Nossa, como você está linda.- Martin apareceu de um corredor aleatório.
Eu- Onde vamos ?- ele me conduziu até um carro e entramos juntos no banco de trás, um cara está dirigindo.
Martin- Em uma conferência. Mas tá tudo bem, vamos parar no caminho. - assenti.

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Bom, o trajeto foi: carro, avião, carro de novo e agora paramos em uma espécie de galpão.

Martin- Quero que terminem o trabalho pra mim.- soltou meu braço.- Ela é bonita demais pra eu ver o estrago. - eu o olhei sem entender.- Mas lembrem-se, ainda temos que entrega-lá viva.

   Eu não vou ser exposta. Eu serei a exposição.





                    Skyllert Sloan Malik POV

   No meio da conferência eu comecei a ouvir um burburinho no fundo do salão.

- Sky?- minha secretária chegou no meu ouvido.- Temos um problema.
Eu- O que aconteceu ?
- É a sua filha.- o meu corpo todo gelou.

    Larguei o palco e desci as escadas correndo. Me dirigiram até os fundos e entramos em uma sala mais reservada.

Eu- Aí, meu Deus.

   Lia está toda machucada, deitada sobre o sofá.

Eu- Que porra aconteceu aqui ?- fui até ela.- Chamaram os médicos ? Ligaram para o Zayn?
- Sky... Foi o Martin que a entregou.
Eu- O que ?
- Precisamos tirar as roupas dela.
Eu- Chama a Lolla e o Dave.- eles vieram comigo dessa vez- Quero o kit de primeiros socorros. E TODOS FORA DESSA SALA.- todos começaram a sair.- Me perdoa, filha. Era pra eu defender você. Me perdoa.

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Liandrah Sloan Malik


Minha cabeça dói. Na verdade, meu corpo todo dói. Eu não sei o que aconteceu. Nem onde estou. Só lembro que tomei uma surra e apaguei.

- Ela acordou.- ouvi alguém dizer.
- Hey, gatinha. - parece ser o Harry.
- Filha?- pai! É a voz do meu pai.
Eu- Pai?- sussurrei.
Zayn- Oi, amor. Sou eu!- senti a mão dele na minha.- Vai ficar tudo bem. Eu to aqui. Vai ficar tudo bem.- Eu não sei se foi o desespero na voz dele mas eu só consegui chorar.
Eu- Pai!!- senti ele e o Harry me abraçando.

Eu não consigo abrir os olhos. E acho que isso me deixa mais desesperada.

- Preciso que fique calma, senhorita!- disse uma voz feminina.
Eu- Me tira daqui!- tentei gritar, mas minha voz saiu embargada por conta do choro.
- Vou ter que seda-lá.- e 5 minutos depois eu dormi.

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The RussianOnde histórias criam vida. Descubra agora