The Russian

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Meu celular despertou e veio uma onda de vontade pra jogá-lo na parede, mas me contentei. Em vez disso eu o desliguei e me sentei na cama. Tomei banho e quando sai do banheiro enrolada na toalha, pude ouvir o Miguel me gritando lá de baixo. Entrei no clost: coloquei uma calça preta, uma blusa de manguinhas preta curta e botas cano baixo de salto fino. Soltei meu cabelo da trança na qual eu dormi e peguei meu celular. Desci as escadas e ele esta com Alaia chorando no colo.

Eu- Liga o carro. Já estou indo.- ele pegou as chaves do Ranger e saiu pra garagem antes que eu falasse alguma coisa.- Você está com fome?
Alaia- Sim!!- sorri e peguei um dos biscoitos de polvilho que o pai dela trouxe ontem e a entreguei.
Eu- Sem chorar, tudo bem?- ela assentiu e fomos para o carro.
Alaia- Cade minha mochila? - disse enfiando um biscoito na boca.
Eu- Espero que esteja com seu irmão.- saímos de casa e ele estava dentro do carro.

Abri a porta de trás e a prendi na cadeirinha. Fechei a porta traseira e me coloquei no meu lugar.

Eu- Sem caronas hoje, por favor.- choraminguei.
Miguel- Hoje a Stayce vai lá pra casa.- revirei os olhos.
Eu- Você vai pegar táxi com ela.- me olhou sério.- Eu não vou nem discutir isso. Você sabe que eu não suporto ela.
Miguel- Você vai dirigir ?
Eu- Se for preciso, sim. E pode deixar que eu pego a Alaia. - ele revirou os olhos, mas assentiu.- Que horas começa o troço na sua casa?- perguntei olhando pra janela.
Miguel- As 10p.m! Não se atrasa.
Eu- Não vou.

        Depois de deixarmos a pequena Laia, seguimos em silêncio até a escola. Paramos na vaga de sempre. De frente pra porta e descemos do mesmo. Peguei as chaves com o Miguel e nos separamos no corredor. Ele foi com o grupinho de futebol e eu segui sozinha até o meu armário. Comecei a ouvir gritos na minha cabeça. De início eu tentei ignorar, mas aí eu percebi que são masculinos. Olhei em volta e fechei meu armário, procurando os pedidos de ajuda em volta. Ate que eu segui a voz até o banheiro masculino. Como homens nunca me impressionaram, entrei. Vi uma espécie de roda de garotos e eles estavam empurrando um menino, negro e mais baixo, entre si. Me encostei na parede ao lado da porta.

Eu- Então é assim que vocês mantém a fama de valentões ?- falei alto o suficiente pra que todos me ouvissem.
- O que você tá fazendo aqui?- um deles veio pra cima de mim e eu me desencostei da parede, o encarando.
Eu- Defendendo uma pessoa!- dei uma joelhada no meio das pernas dele, o que o fez cair de joelhos e então soquei a cara dele.- Seis contra um?- me abaixei, vendo o sangue escorrer entre as mãos dele, que insistem em segurar o nariz, possivelmente, quebrado.
- Quem você pensa que é, garota? Você não é a sua mãe!- gritou.
Eu- Eu só vou avisar uma vez!- falei no mesmo tom do começo.- Quem encostar nele novamente, vai ter mais que só um nariz quebrado.- apontei pro garoto ajoelhado.- Agora, fora!- gritei e eles saíram lentamente do banheiro, me deixando sozinha com o garoto.
- O-obrigado.- sorri.
Eu- Qual o seu nome?
- Yan Franco.- me aproximei dele.
Eu- Por que estavam fazendo aquilo com você ?
Yan- Bom... eu sou gay.. e negro.- assenti, já entendendo.
Eu- Qual sua aula agora?- perguntei lavando as mãos.
Yan- História.
Eu- Ótimo. Vamos lá. - falei saindo do banheiro.
Yan- Você vai ficar comigo?- me perguntou confuso e eu ri.
Eu- Você é novo na escola. Nunca te vi aqui. E como são 7am, você só pode ser do último ano. Os mais novos entram meia hora mais tarde. E... bom, eu também tenho tempo de história.- pisquei e voltei até o meu armário, com ele me seguindo.
- Ai meu Deus, Lia!!!- Meg apareceu ao nosso lado toda elétrica.
Eu- Tá tomando café demais.- peguei meu livro e os matérias que eu irei precisar.- O que aconteceu?- Fechei o armário e a olhei.
Meg- Não ficou sabendo? O novato já chegou pegando a Bárbara Lorence.
Eu- Eu sei.- revirei os olhos e me apoiei no armário, agora, fechado.- Eu vi.- murmurei.
Yan- Er, com licença, quem é esse novato?- Meg sorriu e apontou pra algo atrás de mim, o que me fez virar.
Meg- O russo/americano ali.- focamos nossa atenção nele, e por incrível que pareça, nossos olhares se cruzaram.
    Ele soltou o sorrisinho malicioso e eu me virei novamente.
Yan- Nossa Senhora, que coisa mais linda.- dei de ombros.- Aliás, oi! Eu sou o Yan.
Meg- Eu sou a Megan.- sorriram um pro outro.
Eu- Viu a Carla por aí ?
Meg- Não, mas acho que ela está começando a andar com a galera da Stayce.
Eu- Eu espero que não fique desmiolada igual a ela.- terminei de falar e o sinal ficou.
Meg- História?- assenti e nós três começamos a andar.