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- Lia?- alguém me chamou.- Lia, filha ? - abri os olhos e meu pai está mexendo no meu cabelo.
Eu- Que horas são?
Zayn- São 8:30am. Eu e sua mãe temos conferência em Berlin em 6 horas, queríamos te avisar.- assenti e ele beijou minha cabeça.
Eu- Te amo!- gritei quando ele passou da porta.

Meus pais não se importam se eu vou ou não pra escola. Minha mãe deixou em aberto duas possibilidades pro meu futuro. A primeira é que eu me forme e seja alguém renomada com dinheiro limpo. A segunda, e mais óbvia, que eu venha me tornar a herdeira de tudo o que ela e meu pai tem. Eu sinceramente não sei o que devo escolher. É claro que gosto de matar e de como o dinheiro fácil cai no meu colo, mas fico imaginado o que posso ter se seguir um caminho totalmente diferente. Meus pais me ensinaram tudo o que eu precisava aprender, agora a escolha é minha.
O barulho do meu celular tocando me fez resmungar.

Tel—

Eu- Oi?
Meg- Onde você tá?
Eu- Na minha cama ?- falei como se fosse óbvio.
Meg- Esqueceu que marcamos a reunião pra resolver a viajem pra Santa Monica depois da saída?- respirei fundo.
Eu- Esqueci.- levantei.- Miguel já está na escola?
Meg- Acho que sim.
Eu- Em que aula está agora?
Meg- 20 minutos pra acabar a de Química.
Eu- E qual é a próxima?- comecei a tirar a roupa.
Meg- Sociologia.
Eu- Chego aí em 10 minutos.
Meg- Fechado.

Tel__

Me enfiei no banheiro e tomei um banho muito rápido. Sai enrolada na toalha. Coloquei uma calça preta, botas salto fino e cano baixo e uma blusa branca. Não sei onde foi parar minha jaqueta. Peguei as chaves do meu Audi R8 e óculos escuros. Minha cara está péssima. Pelo menos eu só vou ter 1 tempo de aula antes do intervalo quando chegar lá.
Desci as escadas e achei minha jaqueta no sofá da sala. Como isso veio parar aqui? Sai de casa e fechei a porta, a deixando sem ninguém. Entrei no carro e dirigi o mais rápido possível até a escola. Parei o carro na vaga ao lado da que eu costumo parar e sai do carro. Entrei na escola e fui direto pra enfermaria. A senhora Cullen me olhou preocupada.

- O que aconteceu, Lia? - fingi um sorriso triste.
Eu- Dor de cabeça muito forte.- e não é totalmente mentira.
- Seus pais mandaram o depoimento ?
Eu- Eles tiveram que viajar muito cedo e não puderam assinar.
- Olha, meu amor, eu não posso fazer isso, mas vou dar a autorização pra você, ok? - assenti bem devagar a vendo escrever em um papel e selar com um carimbo.- Mas da próxima vez você precisa trazer o depoimento.
Eu- Tudo bem, não vai mais acontecer.- ela me entregou o papel.- Obrigada, senhora Cullen.
- Melhoras, minha flor.- dei as costas pra ela.

Essa história sempre cola com ela.

Andei até o meu armário desfilando pelos corredores vazios e peguei meu livro. Esperei o sinal bater e fui pra minha sala de aula 8. Entreguei a autorização ao professor gato, e super sexy, e fui até a minha cadeira de costume. Meg se sentou ao meu lado.

Meg- Como conseguiu entrar?
Eu- Cullen. - ela revirou os olhos.
Meg- Como você conseguiu amolecer o coração da pessoa mais amarga da escola inteira ?- dei de ombros.
Eu- Deve ser o meu charme.- ela riu.- Como está o Miguel?
Meg- Acabei de ve-lo no corredor. Parece um zumbi.
Eu- Tenho um antiácido no meu armário, entrego pra ele no intervalo.
Meg- Eu tenho um remédio pra dor de cabeça, caso queira dar também.- assenti.

O professor começou a falar e a única coisa que eu consigo prestar atenção é em como aquela boca é rosada e convidativa. Meg fazia perguntas idiotas só pra fazê-lo prestar atenção nela, mesmo que seja por um segundo só.
       O resto da aula toda foi assim, a maioria das meninas competindo pela atenção do professor bonitão. Ate que o sinal tocou e todas tentaram arrumar desculpas pra ficar mais um pouco na sala. Em vez disso, eu fui a primeira a sair. Meg também ficou lá enrolando. Eu não suporto a ideia de ter que disputar com outras mulheres pela atenção de um homem, esse não é o meu feitio.
    Joguei o livro no armário, peguei o antiácido e fui em direção ao refeitório. Acabei de lembrar que não trouxe dinheiro. Merda. Miguel deve ter acabado com o dele comprando café vindo pra cá, porque é isso que fazemos quando ficamos de ressaca.
     Entrei no refeitório e Yan veio até mim com um sorriso no rosto. Pelo menos alguém teve uma noite boa.

Yan- Nossa aquele seu amigo é incrível.
Eu- É, só não se apega tá?- parei perto da fila da máquina de lanches.- Tem algum dinheiro aí?
Yan- Não, gastei tudo ontem.- sorriu maliciosa e eu revirei os olhos cobertos pelo óculos.
Eu- Viu o Miguel?- apontou pra uma mesa e andei até lá, o deixando um pouco pra trás.

     Não estou com paciência hoje. Pra nada, nem ninguém.
    Me sentei ao lado do loiro de cabeça baixa e passo a mão pelas costas dele.

Eu- Eu trouxe antiácido.- sussurrei no ouvido dele e botei no bolso da jaqueta de futebol, aquelas que tem o sobrenome enorme escrito nas costas, preta dele.
Miguel- Eu te amo.- sussurrou de volta.
Eu- Eu também te amo.- sorri, mesmo estando de mal humor.
Miguel- Eu não tenho dinheiro.- disse como se lesse a minha mente.
Eu- Que merda.- quatro pessoas sentaram a nossa volta: Meg, Yan, Bárbara e Lucas.- Cadê a oxigenada?
Miguel- Terminei com ela.- disse ainda de cabeça baixa.
Eu- O que?- isso me fez rir e ele assentiu.
Bárbara- Falando nisso, eu tenho que ir, benzinho.- ela levantou e deu um selinho nele.- Eu preciso ver as meninas.- saiu como se nada tivesse acontecendo.
Meg- Bárbara não sabe onde é o lugar dela.
Yan- Não, ela não sabe.- dei de ombros, isso não é problema meu.
Lucas- Ela também é nova aqui, então não a julgo.- o vi tirar alguma coisa da jaqueta, igual a do Miguel, e deslisou sobre a mesa, chegando a mim. É uma barrinha.

       Ele comprou uma barrinha pra mim. Meg e Yan estão distraídos demais conversando sobre ontem que nem perceberam o gesto, pequeno mas importante, de afeto. O olhar dele se encontrou com o meu, mesmo ele não vendo pelos óculos, eu sorri. E ele sorriu de volta.

Miguel- Falou com a sua mãe sobre a casa?- me tirou do transe.
Eu- Ein? - o olhei.- Ah, é... Claro. Falei. Ela concordou. - ele assentiu.- Tava pensando, já que não vamos alugar a casa, o dinheiro que iríamos usar pra isso poderíamos comprar comida.
Yan- Eu acho que também deveríamos contratar alguém pra limpar a casa depois de tudo.
Eu- Ah, não. Já tem gente pra fazer isso.- dei de ombros.
Meg- Falando nisso, eles vão ficar na casa?
Eu- Óbvio que não.
Meg- Ah.. poxa..
Eu- Eles trabalham pra mim, não pra um bando de adolescentes que só querem festejar.- ela ficou quieta e eu suspirei.
Lucas- Arrumei um emprego.- Todos olhamos pra ele. Até Miguel levantou a cabeça pra olhar ele.- O que foi?
Miguel- Que emprego você arrumou?
Lucas- É algo confidencial, mas eu vou ganhar muito.- dei de ombros.
Meg- Muito quanto?
Lucas- Uns 3 mil.- eu e Miguel nos entreolhamos.
Miguel- Pra quem você trabalha?
Lucas- Eu não sei o nome.- ele deu de ombros e eu comi minha barrinha.

    O sinal tocou e fomos pra a sala. Meus últimos três tempos foram as coisas mais chatas do mundo. Uma grande e cansativa aula sobre trigonometria. E quando acabou, eu simplesmente larguei tudo no armário e fui pro ginásio. Todos no meu ano já me esperavam lá.

Eu- Nossa que pontuais.- desci as escadas do ginásio e abriram uma "rodinha".

Temos três salas do último ano. Cada uma deve ter em média 15 alunos. 30 deles sempre vão em festas. O que vai me dar dor de cabeça em Santa Monica.

Eu- Quem aqui não vai pra Santa Monica?- 1/3 deles levantaram as mãos.- Então fora!- falei e eles saíram do ginásio.- É o seguinte. Eu arrumei uma casa em Santa Monica, então não vamos precisar pagar nada pela casa.- houve um murmurinho de alívio.- Mas, esse dinheiro que pagaríamos pela casa vai cobrir toda a comida e despesas lá dentro. A casa é MUITO grande, mas só tem 7 quartos. Todos eles são de casal e dois deles não estão disponíveis.
- Por que não?
Eu- Um deles é meu e o outro dos meus pais.- forcei um sorriso.- Então vocês vão ter que se virar pra dividirem os quartos. Não precisamos nos preocupar com limpar a casa na segunda, já tem gente pra fazer isso. Alguma pergunta?
Tyler- Vamos dormir em pares?
Eu- Qual a parte do "vocês vão ter que se virar" você não entendeu, amor ? - ele levantou as mãos em rendimento.
Carla- Eu posso cuidar disso.
Eu- Ótimo!- levantei do banco que eu havia sentado.- Vamos sair daqui na sexta depois da escola. Alguém já viu um ônibus?
- Já, ele só está esperando confirmarmos a hora.
Eu- Por mim umas 5:30pm está bom.
- Alguém discorda?- negaram.- E que horas vamos voltar?
Eu- Como segunda é feriado, podemos voltar no mesmo horário?- assentiram.- Então combinado.- desci os degraus e todos saíram do ginásio.

     Miguel me mandou mensagem antes, falou que estava indo pra casa mais cedo e pediu pra que eu pegasse a Alaia na creche. Eu concordei. E agora acabei de deixá-la em casa. Alice disse que Miguel estava tomando banho então eu fui pra casa. Troquei de roupa e me joguei no sofá, com a cabeça no colo do Harry.

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