Um Novo Amigo V

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E quando disse à Rosa onde tinha estado, que tinha sido na casa do Edmundo, ela ficou feliz, por eu me encontrar em segurança, na casa de um amigo, e não ter andado por aí sozinha e perdida durante toda aquela noite, mas por fim disse me:
_ Para a próxima tem mais cuidado Boa, não quero que andes sozinha por aí e muito menos durante a noite... Nesse mesmo dia, quando o Edmundo regressou da escola, ele foi a até ao orfanato, onde bateu à porta, e quem a abriu foi a Rosa e quando ela lhe perguntou:
_ O que é que desejas Edmundo?
Enquanto ele lhe respondeu, com bastante convicção e terminação:
_ Vinha convidar a Beatriz, para ir até ao jardim comigo...
A Rosa acabou não lhe dizendo absolutamente mais nada, e em vez disso ele foi até lá a cima ao meu quarto, onde bateu à minha porta, e ao entrar, fez me o convite formalmente, e disse me as seguintes palavras:
_ Gostavas de vir comigo até ao jardim...? Gostava de te mostrar uma coisa Bia...
E eu assim o fiz, acabei por ir com ele até ao jardim, que ficava na parte lá de trás do orfanato, um lugar lindo todo ele bastante verde, cheio de flores e relva, parecia mesmo o jardim encantado de Éden. E ao chegarmos, eu um pouco mais atrás do Edmundo, devido às moletas, e quando parámos em frente a um banco, ele pediu me delicadamente:
_ Sente se minha senhora...
E ao sentar me logo, antes dele, fiquei um pouco envergonhada... Com todo aquele cavalheirismo, com que o próprio estava a ter comigo, até que lhe cheguei a perguntar:
_ Porque é que me trouxeste para aqui Edmundo...?
E ele a olhar me nos olhos, respondeu me:
_ O que eu queria realmente Beatriz, era estar contigo, ter te aqui ao meu lado, no sítio onde tudo começou... Onde nos vimos pela primeira vez, onde nos apercebemos que
foi amor à primeira vista...
Quando ouvi aquelas palavras ditas pelo Edmundo, senti me novamente naquele lugar, nessa mesma tenrra idade, e vi nos a ambos a olharmos um para o outro novamente, como naquela primeira vez... Naquela altura estava já tão apaixonada pelo Edmundo, que naquele preciso momento em que nos encontrávamos, eu própria já sabia que era amor, era lealdade, era amizade, era estar sempre perto dele, independentemente de tudo aquilo que se passava ao nosso próprio redor. E depois de ter tido todas essas boas recordações ao lado dele, o próprio trazia consigo mais um livro de e esse livro era uma das minhas histórias preferidas, a dama e o vagabundo e eu vendo aquele livro a li mesmo à frente dos meus olhos, perguntei me:
_ Para que é que seria aquele livro...?
Até que o Edmundo disse me:
_ Hoje Beatriz, vou finalmente ensinar te a ler, todas aquelas histórias e livros de que tanto gostas...
Eu confesso que fiquei sem dúvida alguma bastante radiante com aquela ideia, mas seria mesmo capaz de aprender a ler com ele...?
E assim foi ele começou por ler o início completo daquela história da dama e o vagabundo, e eu própria permaneci completamente encantada a ouvi lo... Ele lia perfeitamente bem, ao contrário de mim, que engasgava me sempre no momento em que me entrava a dizer e ao mesmo tempo a ler as palavras...
E foi precisamente à cerca dessa mesma gaguez que o Edmundo acabou por de certa altura me puder ajudar naquela mesma tarde, lendo as palavras bastante devagar, e pausadamente, fazendo me conseguir finalmente ler, absolutamente tudo, sem gaguejar o que inicialmente me pareceu uma missão, quase impossível, até que eu consegui, com bastante ajuda dele...
O que era para ter sido uma tarde enfadonha, toda ela passada dentro daquele orfanato, acabou por ser uma trade bastante bem passada, sobretudo ao lado do Edmundo...
Que ficou muito, mas muito feliz com todo aquele meu progresso, que dizia bastante respeito à leitura, até mesmo eu própria me tinha sentido assim... Porque sempre que tentava fazer algo, não conseguia, nem sequer chegava ao fim da tarefa, mas a li, com o Edmundo eu fui capaz, sem sequer me passar pela cabeça, vir a desistir... A nossa tarde acabou por ser bastante bem passada, a passear à beira do rio Tejo, enquanto obeservavamos o sol a descer, mesmo em frente aos nossos próprios olhos, tornando toda aquela simples imagem, do rio, num simples mas encantador pôr do sol, que ambos tínhamos visto...
Durante o tempo em que o sol se colocava por entre aquele maravilhoso rio Tejo, eu e o Edmundo permaneciamos completamente imóveis, sem nos mexermos a observar toda aquela imagem maravilhosa...
Que me fazia mesmo lembrar de um postal... Quando o pôr do sol finalmente desceu, o frio começou a fazer se sentir, assim como a noite começava a aproximar se, e isso fez o Edmundo pegar na minha própria mão e levar me de volta até ao orfanato, e durante o caminho até lá me perguntou:
_ Gostaste da tarde fantástica que passámos os dois juntos, ao lado um do outro... Beatriz?
Ouvindo aquela pergunta bastante óbvia, eu mesma acabei respondendo lhe por fim:
_ Sim adorei, devíamos mesmo voltar a repetir um dia destes, se tu quiseres... Claro.
Ele ouvindo as minhas palavras, terminou respondendo me:
_ Claro que sim, o mais depressa possível... Espero eu!!!!!
A nossa última despedida, foi quando eu abracei o Edmundo, e ele me abraçou a mim, e por fim surgiu um beijo, entre ambos, um beijo nos lábios, beijo esse que eu senti e que quereia sentir durante muito tempo...
Já dentro do orfanato, com o passar do tempo, tal como dos dias, eu própria olhava para o calendário... Di após dia, diariamente até que o natal começava aos poucos a aproximar se de nós, e eu sentia muita curiosidade, para puder receber a visita do pai natal... No dia vinte e cinco de Dezembro... Mas enquanto o natal ainda estava para breve, o Edmundo continuou dia após dia com as suas lições, e agora seria a de escrita, porque eu própria ainda não sabia escrever, absolutamente nada...
Antes mesmo do natal chegar, o Edmundo ensinou me a escrever uma carta para o pai natal, depois de alguns dias sem nos vermos, devido à escola dele, assim como do tempo instável e chuvoso que por vezes também se encontrava, finalmente num dia de sol, ele levou novamente para quele jardim e com um lápis pegou na minha mão e começou a escrever com ela, e enquanto escrevia, lia, para eu ao mesmo tempo tentar perceber... E a carta dizia, segundo as próprias palavras do Edmundo:
_ Querido pai Natal...
Neste Natal não lhe irei pedir muita coisa... Apenas quero que todas as crianças do mundo possam passar o natal em família. Tanto as que estejam com os pais presentes, como aquelas que vivem em orfanatos como eu, colégios internos, ou até mesmo em instituições assim como as que estão nas respectivas famílias de acolhimento...
Logo após ter terminado de escrever a carta, o Edmundo pegou nela, dobrou a e colocou a dentro de um envelope, com destinatário para o pai natal e que iria rumo ao polo Norte, o sítio onde ele habitava... Segundo o que o próprio Edmundo me tinha dito à cerca dele... Como já estava a ficar tarde, ele decidiu ir para a sua casa, despedindo se de mim, com um último beijo...
Mas como eu não queria já entrar dentro do orfanato, decidi ficar a li, naquele jardim, durante mais algum tempo, a observar todas aquelas flores lindíssimas, que por a li se encontravam. Como daqui a pouco já seria hora de almoço, lá no orfanato, eu resolvi voltar...
Levantei me do banco, e já sem moletas, passei bastante devagarinho por todas aquelas belíssimas flores, e que ao ter chegado ao fim, de todo o caminho, eu dei de caras com ele...
O seu nome era Ricardo, e o próprio ficou bastante admirado de me ter encontrado a li, como eu própria me encontrava. Esse rapaz estudava na mesma escola que o Edmundo, só que era um pouco mais velho, enquanto que o Edmundo andava no sexto ano, o Ricardo encontrava se já a completar o décimo ano.
E ao voltar, o Edmundo deu finalmente de caras com o Ricardo, que já se encontrava a li comigo, ou seja já me tinha conhecido, e sabia perfeitamente quem eu era...
O Edmundo segundo o próprio Ricardo, costumava falar muito de mim, dia após dia...
O que me deixava um pouco envergonhada ao mesmo tempo, porque eu não conhecia o Ricardo como o Edmundo conhecia e eu própria tinha bastante medo de ser levada a mal por isso...
E não queria de todo que eles se desentendessem por minha causa,, porque a final de contas tratavam se de amigos, e ao mesmo tempo de colegas de turma, e eu apenas ficava no meio de eles os dois...
Mas o meu melhor amigo desde muito cedo, sempre tinha sido o Edmundo, e isso felizmente nunca mais iria mudar.
Em seguida eu comecei a dar longos e ao mesmo tempo largos passos, em direção ao orfanato, porque já se encontrava quase na hora de almoço, deixando os a ambos à discutir, até que o Edmundo me fez a seguinte pergunta:
_ Hoje gostavas de ver aqui comigo o por do sol?
Enquanto que o Ricardo sentindo se extremamente picado, acabou por me fazer a mesma pergunta...
Pergunta essa da qual eu não tive oportunidade de puder responder, para não acabar alimentando uma guerra entre eles os dois...
Quando cheguei ao orfanato, voltei para o meu quarto, sentada novamente naquela cadeira de rodas que ia comigo para todo o lado

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