A Minha Verdadeira História

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E por esse motivo acabei de certa forma, contando lhe a minha verdadeira história de vida.
Da qual preferia mil vezes ter esquecido, em vez disso guardeia para mim, e acabei por certa forma sofrer com ela na minha cabeça dia após dia e noite após noite. Mas o Rafael também tinha direito a saber dela, a saber o que me tinha realmente acontecido.

E acabei dizendo lhe:
_ Fui abandonada à porta deste orfanato, com poucos meses de vida. Não sei quem são os meus próprios pais, nem a minha restante família. Não sei qual é o meu último nome, nem a minha própria data de nascimento. Não sei de onde venho, nem quem sou. O que apenas sei é que permaneço fechada neste orfanato desde que quase nasci.
Inicialmente foi duro e difícil habituar me a esta nova realidade, porque qualquer criança, por mais pequena que fosse, e sendo bastante indefesa, merecia saber quem eram os seus verdadeiros pais. E eu própria não desejo isso a ninguém.

Porque sei que eles sabem que eu existo, apenas que ainda não vieram à minha procura... Talvez por medo ou até vergonha.
Prefiro que seja dessa forma, assim nenhum de nós sofre. E devido a isso já sofri muito.
Porque para uma criança, não saber quem são os seus próprios pais, é traumatizante, porque significava que não era importante na vida de ninguém.

E aquele era sem dúvida alguma o maior trauma que carregava dentro de mim, há demasiado tempo.
E ter contado finalmente a verdade ao Rafael, acabou deixando me definitivamente em paz comigo mesma.
E confesso que já não me sentia assim em paz há bastante tempo.
Devido a esse trauma que carregava, desde que me lembrava da Rosa a relembrar me desse triste dia.
Um dia cinzento, sem cor e sem vida, um dia que eu própria decidira esquecer para sempre... O que era ainda bastante difícil para eu própria fazer nos dias que se seguiram.

O Rafael ouvido atentamente a minha história, sentado ao meu lado, num banco do jardim, que ficava por trás do orfanato. Acabara permanecendo imóvel, e em silêncio, como se estivesse o próprio a interiorizar aquilo que ouvira.
O que para ele tinha sido um choque, para mim era uma triste e dura realidade, há bastante tempo atrás.

Depois de ouvir a minha triste e de certa forma dramática história de vida, o Rafael aproximou se mais um pouco de mim, abriu os seus braços e abraçou me. Dizendo me as seguintes palavras:
_ Tu és uma mulher de muita força Eli, e eu sei isso desde o dia em que te conheci. E não te preocupes eu não irei contar a tua história de vida a ninguém. Prometo.
E o Rafael fez mal em ter te deixado, mas se assim não fosse, eu nunca mais teria a grande sorte de te ter conhecido agora.

Os lábios dele aproximaram se lentamente dos meus, sentindo o suave aroma do seu perfume, como do gosto que tinha toda a sua boca naquela altura. Enquanto nos beijavamos, alguém se aproximou de nós, tão devagar que nem demos pela sua presença. E para espanto de ambos, vimos que era o Ricardo...

O Rafael acabou levantando se do banco, em que permanecia sentado ao meu lado, e por fim perguntou lhe:
_ O que é que fazes aqui Ricardo?

Em vez de responder à pergunta que o Rafael lhe tinha colocado, o Ricardo acabou permanecendo em silêncio, e a sorrir, como se já soubesse aquilo que se tinha passado entre mim e o Rafael naquela altura.

E por fim ele perguntou nos:

_ vocês os dois, estão a ter uma história juntos de amor, agora?

Eu olhei para o Rafael, envergonhadissima, e ele olhou para mim, sem dizermos uma única palavra, porque o Ricardo não tinha nada a ver com a nossa vida.
Apertei a mão do Rafael, temendo o pior... Naquele momento.

Por fim disse nos apenas:
_ Felicidades aos dois pombinhos e que sejam felizes.

O Rafael ouvindo o, permaneceu calmo. E agradeceu pelas suas palavras, mas ambos sabíamos perfeitamente que tanto a minha relação, com o Rafael era ainda de apenas amizade.

Quando o Ricardo finalmente se afastou de nós, o Rafael acabou pedindo me desculpa, pelo estranho comportamento do amigo, o que para ele já deveria ser completamente normal.
Porque eu não sabia absolutamente nada à cerca da vida do Ricardo, apenas que os seus pais se encontravam a passar uma fase bastante difícil. O que para ele não deveria ser muito bom.

Mas de resto não sabia absolutamente mais nada à cerca do Ricardo, apenas as atitudes que o próprio tinha, e que para mim, não me agradavam. Talvez devido ao facto de ter sofrido muito nas próprias mãos dele.

Custava me ver o Ricardo daquela forma, mas a decisão tinha sido dele, e eu apenas segui o meu coração.
Porque por muito que o tivesse amado, ele acabou fazendo me sofrer, e magoar me. Mesmo depois de tudo o que eu tinha feito por ele.

O que para ele tinha sido apenas mais um simples romance de verão, para mim tinha se tornado num grande amor. Num amor puro e profundo que tinha guardado no meu coração, desde o dia em que o tinha visto, através da janela do meu quarto.

Mas infelizmente esse sentimento, tinha terminado, definitivamente agora. Podia custar, até doer, mas pelo menos nenhum de nós os dois sairia magoado daquela linda, mas ainda breve história de amor de verão.

Um amor que começou num verão duro e difícil para ambos, mas que terminou talvez sendo bom para os dois.
Porque apenas perdendo alguém especial, é que por um outro lado acabamos dando o devido valor. Aquele que infelizmente inicialmente não soubemos dar. Aquele sentimento que o Ricardo nunca tinha sentido por mim, ou que não sabia o que sentia realmente por mim.
O que para ele seria um comportamento normal, para mim tinha sido algo muito duro e difícil de engolir.
Com este lento e por fim duro passar do tempo.

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