Uma Ferida Difícil De Sarar

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Quando o Rafael mencionou o nome do Ricardo em vão, eu levantei rapidamente a minha cabeça, que permanecia pousada no seu colo, e continuei a olhar através da janela do carro da Rosa. Que naquele momento apenas nos observava através do espelho retrovisor do seu carro. Em vez de continuar a insistir comigo, o Rafael acabou permanecendo no outro lado do carro.
Do lado oposto ao meu, e ficou em silêncio, durante o resto da viagem, assim como eu. Porque ele tinha tocado numa ferida bastante funda, que ainda não tinha sarado, e essa ferida tinha infelizmente o nome do Ricardo.

O nome do primeiro grande amor da minha vida, amor esse que ele não tinha intenções de revelar a ninguém, amor esse que começou no melhor verão de toda a minha vida, um verão quente, que permanece intacto no meu coração até aos dias de hoje.

Nunca o tinha esquecido, nunca tinha deixado de ama lo, mas isso ele não sabia, nem queria saber, para grande infelicidade de ambos, nenhum de nós conseguia admitir o que sentia um pelo outro, e isso por vezes chegava a magoar me muito porque ambos na altura sabíamos o que sentíamos, mas nunca fomos capazes de admitir, esse mesmo sentimento.

Talvez por medo de nos magoarmos um ao outro. Ou talvez por simplesmente ambos não conhecermos bem este sentimento.
Amar muito alguém por vezes pode ser um quebra cabeças, especialmente para jovens como eu e o Ricardo éramos na altura. E o aparecimento do Rafael apenas veio dificultar ainda mais a nossa situação.
E por muito que eu tivesse amado o Ricardo, esse sentimento ainda era algo recente que permanecia a sarar. Porque estar com uma pessoa que não conseguia assumir o que realmente sentia por mim, era uma dor insuportável.

Dor essa que me consumia de dia para dia. Porque ele me tinha magoado, não fisicamente, mas psicologicamente. Não admitindo aquilo o que sentia realmente por mim. Como eu infelizmente já tinha feito, e para quê?

O Ricardo acabaria sempre por me magoar, mais cedo ou mais tarde. Parece que ele se sente bem ao fazê-lo. Quando chegámos finalmente ao orfanato, apenas se viam pessoas cá fora na rua, à espera da minha chegada, incluído a Olívia, e o Ricardo. Após sair do carro da Rosa, com as minhas moletas a primeira pessoa a vir te comigo, e a cumprimentar me, foi o Ricardo. Fazendo o Rafael olhar para o lado, e em seguida aproximou se de mim, e pediu ao amigo, que se afastasse para o lado, dizendo as seguintes palavras :

_ A Elizabete precisa de descansar Ricardo, teve uma longa e difícil viajem para chegar até cá, por favor afasta te, não tornes isto ainda mais difícil para nós os dois.
Em seguida caminhámos os dois rapidamente para o orfanato, onde eu comecei de imediato por perguntar ao Rafael o que é que tinha acontecido lá fora, entre ele e o Ricardo?
Onde acabei não obtendo resposta alguma.
Quando entramos no orfanato, o Rafael viu me assim um pouco tonata. Acabou pegando me ao colo e levou me rapidamente lá para cima, em direção ao meu quarto, onde me deitou na cama, e me tapou com um lençol fino.
Permaneceu a olhar para mim durante mais alguns segundos, dando me uma breve festinha no meu cabelo. E por fim um suave beijinho na testa. Quando ele estava a sair pela porta do meu quarto, eu abri os olhos, e pedi lhe:
_ Fica aqui comigo esta noite...

E o Rafael acabou permanecendo ao meu lado naquele quarto, onde me deu a mão. E deitando se ao meu lado, na cama, abraçou me e acabámos ficando os dois assim até adormecermos. Um ao lado um do outro.

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