Os dias no orfanato agora eram mais lentos a passar, talvez por andar de canadianas, e pareciam por um lado todos iguais.
O mesmo céu azul, o mesmo brilho do sol e até a lua me parecia ser igual, todas as noites sentia me sozinha, e com algumas dúvidas em relação ao que eu sentia realmente pelo Ricardo e agora também pelo Rafael.Mas ao contrário do Ricardo, que era mais distante e de certa forma mais frio comigo o Rafael por um lado era mais atencioso e permanecia sempre presente nas alturas em que mais precisava dele.
Uma semana antes, daquela em que na altura nos encontrávamos, a Olívia veio finalmente ter comigo, pedindo me desculpa, pelo que me tinha feito. E eu como não conseguia, nem queria guardar rancor de ninguém, acabei aceitando o pedido de desculpa da Olívia, dizendo lhe apenas:
_ Eu aceito o teu pedido de desculpas, por apenas uma razão, por não querer mais confusões com as minhas colegas e amigas.
Depois daquele dia, nem uma nem a outra voltámos ambas a falar novamente, à cerca daquele assunto, nem de nenhum outro.
Acabámos cortando relações definitivamente. Seria melhor assim para ambas, eu odeia a guardar rancor de alguém, e se esse alguém tivesse sido a minha melhor amiga, dificultava ainda mais a nossa situação.O Rafael, não morava perto do orfanato, mas sempre que podia, vinha fazer me uma visita, a mim e por vezes ao Ricardo. Mas eu tenho reparado na distância em que por vezes eles se encontravam e tudo começou, depois de eu sair do hospital, e não fazia a mais pequena ideia, se isso seria bom ou mau?
Estaria o Ricardo a desconfiar que eu tinha tido alguma coisa com o Rafael?
Ambos tínhamos apenas dado um beijo na boca, no hospital, durante a aula de fisioterapia, nada mais.
Se ele tinha dúvidas em relação a mim, porque motivo não me vem procurar, para falarmos os dois?
E por essa razão, acabei por ir eu própria à procura dele, na sua casa, de moletas, para lhe perguntar finalmente o que se estava realmente a passar se com ele?
Ao bater à porta dele, a primeira pessoa que me abriu, foi a mãe dele, que me perguntou quem é que eu era? E o que queria?
Quando eu lhe disse que era a Elisabete, ela acabou pedindo me desculpa, porque não me estava a reconhecer e pediu me que entrasse, e eu assim o fiz.
E quando lhe perguntei pelo Ricardo, a mãe dele terminou dizendo me que ele se encontrava ainda na escola, mas quando ele voltasse, o avisava que eu estava à procura dele. E eu assim o fiz, voltei lá para fora, onde larguei as moletas e cai para a relva, a olhar para o belíssimo rio Tejo, que se estendia à minha frente.
Tinha tantas saudades dele. Do aroma do mar, de sentir o vento nos meus cabelos de me sentir em casa, onde era realmente feliz.
Já passava um pouco das cinco da tarde, quando finalmente o Ricardo apareceu. Foi primeiro ate casa, e depois veio ter comigo, perguntando me:
_ O que é que queres?
Não sabendo o motivo, para ele estar a ser desagradável comigo, acabei respondendo lhe:
_ Apenas precisava de falar contigo. Mas como estás assim é melhor vir noutra altura e depois sim falamos melhor, um com o outro.
Sem me dizer uma única palavra.
O Ricardo acabou puxando me um braço, e de seguida disse me:_ Vamos falar agora Elisabete, por favor. Eu não aguento ficar de costas voltas contigo.
Sendo assim o que ele queria, acabei confessando lhe finalmente:_ O teu breve afastamento, apenas me deu a entender que o que ambos sentíamos um pelo outro, não era algo importante para nenhum dos dois, quer dizer para mim era, mas quando apenas um luta por um relacionamento dar certo, na minha cabeça não dá.
E por causa disso, este sentimento que sinto, tem vindo a desaparecer, com o passar do tempo. E graças a esse afastamento, tenho vindo a aproximar me de uma outra pessoa especial, e ele é sem dúvida alguma o teu melhor amigo.
Que se preocupa realmente comigo, e que sempre que eu preciso, ele está lá para mim...E essa pessoa era sem dúvida alguma o Rafael, que para além de ser o teu melhor amigo, tornou se também no meu, e não me arrependo de nada, desde o momento em que ele apareceu na minha vida.
E apenas agora te deva agradecer por isso, por me teres mostrado finalmente um lado teu que para mim era completamente desconhecido. Ou seja a verdadeira pessoa que és realmente.
E por fim que tenhas trazido o Rafael aqui, porque se não fosse assim, eu nunca o tinha conhecido, e muito menos o encontrado.
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Amor De Longe
RomanceNas margens do rio Tejo... Verdejante e calmo um orfanato de meninas irás encontrar... E uma história incrível de Beatriz por desvendar...