A Obsessão

19 2 0
                                    

Para além de aulas, como o português, o inglês, a matemática. Havia uma companhia de bailado a decorrer naquele preciso momento, por toda a cidade, e apenas as melhoras bailarinas seriam escolhidas.

Lá no orfanato, todas nós raparigas sonhávamos em ser bailarinas profissionais, um sonho recente de infância, que não apenas eu, como também a Olívia tínhamos.

A primeira pessoa a dar me força durante todos aqueles dias, foi a Rosa outra das minhas grandes amigas lá dentro daquele orfanato, e garças a ela agarrei me firmemente à dança e ao bailado tradicional. O ballet para mim era um sonho, e queria sem dúvida alguma tornar esse meu grande sonho realidade.

Mas o que para mim era um sonho, para a Olívia era uma obsessão. E dia após dia, essa obsessão começava a assustar me, porque quase não a reconhecia, com toda aquela competitividade. Ou seja o que era apenas uma dança amigável, tornou se numa competição entre ambas, um desafio que eu não pretendia fazer com ela.

Mais dias no orfanato passavam e ela tornava se cada vez mais estranha comigo. Afastando-se de mim aos poucos, e tornando se cada vez mais fria e antipática, não apenas para mim, como ainda para as restantes amigas e colegas do orfanato. E aquele comportamento dela apenas fez com que me afaste se e acabei por ir ter com a Maria. Tinha sido a minha melhor amiga desde aquela altura, e perguntei lhe:

_ Como é que a Olívia pode mudar tanto assim, em apenas uma semana?

A Rosa começou olhando me nos olhos, aperto me a mão que estava pousada na altura no meu colo e disse me apenas:

_ Toma cuidado Elisabete, porque não sei até onde é que a obsessão da Olívia a irá levar. Por favor não sejas tão ingénua.

Depois de ter ouvido aquelas palavras da Rosa, acabei saindo do orfanato, e vendo toda quela erva verdejante, mesmo em frente ao rio Tejo, me sentei.

Onde permaneci não apenas olhando para o rio como também para o céu lindo azul que estava naquela tarde. Permaneço bastante tempo a li, sem fazer nada, apenas olhando para lá do horizonte, até que uma sombra surgiu à minha frente, interrompendo por completo a minha concentração.

Era o Ricardo, que me vendo a li deitada e ainda sozinha, decidiu vir ter comigo. Acabou sentado se ao meu lado na relva e olhando me nos olhos, me perguntou:

_ O que se está a passar contigo hoje, Elisabete?

Eu naquele momento preferi ignorar o óbvio. E permaneci em silêncio, até ao momento em que se lê se sentou ao meu lado naquela relva verdejante e fresca de verão. E ficou a li demasiado tempo à espera de uma resposta...

E eu dei lha:
_ Estou apenas a ver a observar a paisagem, e talvez a pensar na vida.

A obsessão da Olívia começava a assustar me, e começava a pensar que a Rosa tinha razão, no que estava a dizer. Porque uma amiga, nunca em toda a vida magoaria a outra, fosse pelo que fosse, em vez disso deveria vir falar comigo para resolvermos ambas o assunto. Nunca magoarmo-nos uma à outra. Em vez disso ela preferiu magoar me e afastar se de mim.

Amor De Longe Onde histórias criam vida. Descubra agora