A Olívia O Quê?

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Certa manhã de segunda feira, quando as aulas do orfanato estava prestes a começar, eu ia a descer as escadas muito apressadamente, quando de repente alguém me empurrou, e me fez cair, do segundo degrau, até ao último. Deixando me completamente no chão, inconsciente e sem me conseguir mexer.

Durante o tempo em que fiquei inconsciente, apenas conseguia ver, algumas das minhas colegas a aproximarem se, e a voz da Olívia, a dizer:

_ Ajuda a Elizabete caiu nas escadas!!! Depressa!

A Rosa chegou assim que possível ao pé de mim, e pegando no seu telemóvel ligou de imediato para o 112, pedindo ajuda. A ambulância demorou algum tempo a chegar ao local onde se encontrava o orfanato, o que deu tempo à Rosa de me pegar ao colo, e me sentar numa cadeira, perguntando me se estava tudo bem?

Mas eu naquele momento não conseguia falar, porque estava em choque com o sucedido. E quando vi o Ricardo a entrar pela porta do orfanato, confesso que fiquei espantada, porque o que estaria ele a li a fazer naquela altura do dia, em vez de estar na escola?

A voz dele naquele instante deu me de certa forma força, e ouvi lo dizer:

_ Não te quero perder Elisabete. Força vai correr tudo bem.

Fez me acreditar que iria ficar tudo bem comigo, mesmo eu própria não sentido as minhas pernas nem quase parte alguma do meu corpo.

Quando os paramédicos me levaram para dentro da ambulância, o Ricardo e a Rosa ambos queriam ir comigo na ambulância. Mas apenas um podia ir, e a Rosa decidiu que fosse melhor ela própria.
Durante o caminho de ambulância, até ao hospital, não parava de pensar no que tinha acontecido, e na queda que tinha dado nas escadas. Mas alguém me teria empurrado, porque na altura tinha sentido alguém atrás de mim, mas quem teria sido?

Ao chegarmos ao hospital, os paramédicos mandaram a Rosa esperar na sala de espera, enquanto me levavam para dentro.
Eu ao ver todas aquelas luzes, pelo corredor a dentro, senti medo do que poderia acontecer, e ainda do que estaria para vir. Dos meus sonhos de ser bailarina profissional, algo que já mais se iria tornar realidade. Ou dos meus sonhos ao lado do Ricardo também...

Quando entrei finalmente na sala, o médico que lá estava, deu me uma injeção, e a partir daí não me recordo de absolutamente mais nada. Apaguei me por completo. Apenas me lembro de acordar já num quarto, um quarto branco, com uma mesa de cabeceira de madeira, ao lado esquerdo da cama, e com apenas uma janela larga para o mundo exterior.

Ao olhar para as minhas pernas reparei que ambas estavam rodeadas por um guesso. O que não seria muito bom sinal, pelo menos a meu ver.

Quando finalmente entraram no quarto em que eu me encontrava, eu perguntei:

_ Peço desculpa, mas seria capaz de me dizer o que eu tenho?

A enfermeira, vendo que eu tinha acordado do coma, apenas me respondeu:

_ A menina sofreu uma queda bastante grave, e fraturou dois ossos das suas duas pernas. A partir de agora e quando sair do hospital, terá de andar com uma cadeira de rodas, para que elas possam recuperar rapidamente e sem fazer muitos esforços.

Ouvindo as palavras que aquela enfermeira me tinha dito, fiquei de certa forma em choque, porque era sem dúvida alguma um cenário bastante diferente daquele a que eu própria estaria habituada.

Porque nunca me tinha imaginado a usar uma cadeira de rodas, e ver me naquele cenário, de certa forma deixou me em baixo. Quase sem forças.
Porque não gostava nada de me ver naquela situação, e precisava urgentemente de ouvir alguma explicação, à cerca do que me tinha acontecido. Não me lembrava de absolutamente nada.
Olhando para o relógio, que se encontrava em cima da televisão, mesmo em frente à cama em que estava deitada, e reparei que já passava um pouco do meio dia.
O sol já estava alto e abrasador lá fora, e conseguia sentir o vento quente a vir na minha direção, através da janela que a primeira enfermeira que tinha entrado, tinha a deixado aberta.

Passada uma hora depois, alguém entrou novamente no quarto, e reparei com grande felicidade minha que era a Rosa. Que mal me viu acordada, veio em minha direção e me abraçou, dizendo me ao ouvido:

_ Estou tão feliz por tu estares bem pequena.

E eu ouvindo as palavras dela, apenas agradeci pelo facto de ela se encontrar sempre ao meu lado, em qualquer situação difícil. A Rosa ao afastar se de mim, dirigiu se em direção à janela grande, onde começou a observar toda aquela maravilhosa paisagem, e a respirar todo aquele ar fresco, que já se fazia sentir um pouco à que lá hora da tarde. Até que por fim eu lhe perguntei:

_ Rosa porque motivo é que eu vim parar ao hospital?

Ela quase sem palavras para me dizer, continuou olhando através da janela, observando todo aquele belo horizonte verdejante. E apenas proferiu um nome. E o nome que ela disse foi:

_ Olivia. Foi graças a ela é que tu partiste as tuas duas pernas, graças a ela é que tu a partir do dia de hoje vais começar dia após dia a andar numa cadeira de rodas. Eu queria ter te ajudado na altura, mas não sabia o que poderia fazer.

Quando finalmente terminou o que estava a dizer, eu apenas lhe agradeci, por tudo o que ela estava a fazer por mim, mas sentia uma dor enorme no meu peito, dor essa que nunca mais iria passar, porque tinha sido completamente ingénua, ao acreditar na falsa bondade de uma pessoa, durante tanto tempo.
E saber que essa pessoa era a minha melhor amiga, a Olívia com quem eu tinha partilhado a maior parte da minha história de vida e os restantes dia em que ambas permanecemos fechadas no orfanato, fez com que senti se uma dor enorme no meu peito, uma perda, que já mais voltaria a recuperar.

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