As Minhas Dúvidas

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O Ricardo, finalmente percebendo que me poderia perder, para o seu melhor amigo, ele acabou pedindo me desculpa, por tudo aquilo que me tinha feito, incluindo não assumir aquele sentimento que ambos sentíamos um pelo outro.

Após dizer lhe o que tinha em mente, acabei voltando para o orfanato, mas antes que isso acontecesse, o Ricardo, já com as lágrimas a escorrer em lhe sobre o seu próprio rosto, me disse:

_ Eu não te quero perder Elisabete.

Seria realmente verdade o que ele me tinha dito?

Teria sido verdadeiramente sincero, o que eu tinha ouvido, naquele momento?

Aquelas palavras soavam como ecos na minha cabeça ecos dos quais eu infelizmente não consegui esquecer desde o dia de hoje.

Porque o Ricardo era tudo, como por exemplo egocêntrico, convencido, egoísta, tinha alguma falta de carácter, mas dizer me o que sentia, assim como declarar os seus sentimentos por mim, não era de todo o jeito dele.

As minhas dúvidas eram mais do que muitas na altura, e não saber o que realmente sentia pelo Ricardo, deixava me insegura de mim mesma a, certas e determinadas vezes, durante todos os dias. Ouvindo as palavras do Ricardo, por fim respondi lhe:

_ Não te preocupes Ricardo, tu nunca irás perder a minha amizade. Nunca...

Dito isto acabei engolido em seco, as minhas próprias palavras, talvez por orgulho, ou por ele já não ser assim uma pessoa tão única e especial como ele costumava ser.

Porque mesmo com as minhas dúvidas, ele continuava a ser um grande amigo para mim. Independentemente do que ambos tenhamos passado um com o outro.

Quando as férias de verão começaram, os dias começaram a tornar se cada vez mais longos. Cada vez mais tempo tinha, para fazer as minhas próprias coisas, incluído a recuperação das minhas pernas. Que já não aguentavam o peso do meu próprio corpo.

As únicas pessoas que no fundo conseguiram permanecer ao meu lado, foram a Rosa, o Rafael, e por certas vezes o Ricardo, que costumava vir ao orfanato à minha procura, para nós os dois falarmos um com o outro. Enquanto a Rosa permanecia dia após dia ao meu lado, tal e qual como acontecia com o Rafael.

Que para mim naquele momento se tinha tornado num grande amigo para mim. No meu melhor amigo, algo que há já algum tempo não tinha. Desde que tinha falado com o Ricardo, que andava assim mais em baixo, porque para todos os efeitos ele tinha sido o primeiro grande amor da minha vida.

Mas o grande problema dele era assumir. Quando se tratava de algo sério ele arranjava sempre maneira de fugir, e eu não gostava que ele fingisse não se preocupar minimamente com aquele assunto.

Cada vez sentia mais dúvidas em relação ao que eu sentia pelo Ricardo, seria real, ou apenas mais uma paixoneta de verão, como era provável acontecer, a uma rapariga com a minha idade?
O que eu sentia desde o primeiro dia em que o tinha visto era totalmente real para mim, mas não para ele...

Ele tinha se afastado de mim, depois de termos tido aquela conversa, e por esse motivo, eu acabei assim também, por não o ir procurar mais de volta.

Por uma simples razão, o Ricardo sabia perfeitamente onde eu estava. Sabia perfeitamente onde me vir procurar, eu pelo contrário não sabia de nada à cerca da sua vida, e depois de tudo o que ambos tínhamos passado juntos. Pensei mesmo que ele seria incapaz de fazer tal coisa.

O que me deixou de certa forma desiludida... Não apenas com ele, mas também pelas inúmeras dúvidas que sentia dentro de mim.

Cada vez tinha mais a certeza, que ter terminado aquela relação tóxica, que tanto eu com o Ricardo tínhamos, e sentíamos de certa forma um pelo outro, seria o melhor. E ainda bem que o tinha feito, porque tal como diz a Rosa, se continuasse com ele, iria acabar por sofrer muito, nas próprias mãos dele.

Dúvidas essas que com o passar do tempo aumentavam, cada vez mais na minha cabeça...

Saber o que eu própria sentia pelo Ricardo, e ele não saber definitivamente aquilo que sentia por mim, era sem dúvida alguma repugnante.
O que para ele era um quebra cabeças, para mim era sem dúvida alguma amor... Era porque a partir daquele momento, eu não iria lutar mais por ele.
Se o Ricardo não sabia o que queria, então perderia me para sempre, e era precisamente isso que iria acontecer. Até porque estava mais próxima de outra pessoa. E ele não merecia que eu lutasse por alguém que não sente o mesmo por mim.
Muito menos sendo essa pessoa, o melhor amigo do Ricardo.

O Rafael ao longo do tempo, tinha me vindo a surpreender mais, não apenas por trabalhar num hospital a cuidar e a tartar de pessoas com certas e determinadas dificuldades motoras, como também a sua personalidade, que a cada dia que passava, me encantava mais.

Ele ao contrário do Rafael, já me tinha entragado uma rosa, com um poema lindíssimo. Do qual consegui observar o seu lado mais tímido e carinhoso. Ele era uma pessoa bastante atenciosa para comigo. Um amigo sempre presente, em quais quer que fossem as circunstâncias da vida.

Ele era um verdadeiro cavalheiro comigo, trata me como bastante respeito, e carinho.
A cima de tudo, preocupa se comigo, com o meu próprio bem estar. E a prova disso era que ele demonstrava isso mesmo dia após dia. Sem exigir ou me pedir algo em troca, como fazia sempre o Ricardo, que para o próprio apenas o seu bem estar é que importava, e não o próprio bem estar das outras pessoas.

Já o Rafael pensava de forma completamente diferente, da dele. O Rafael para além de cuidar bem das outras pessoas, tratava as com bastante amor e carinho a cima de tudo. E era algo que eu admirava imenso nele, desde os dias de hoje.
E eu própria sentia muito orgulho, por ser sua amiga, e não só, por tê lo conhecido numa altura bastante difícil para ambos.

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