O Regresso

22 1 0
                                    

_ Eu desde muito cedo, sempre sonhei em ajudar as pessoas, assim como tu, com algumas necessidades especiais, mas a cima de tudo que nunca foram capazes de baixar os braços, e muito menos de desistir. E ter aceite este estágio, de fisioterapeuta, foi a melhor coisa que me aconteceu. Assim como o de te ter finalmente conhecido como pessoa, e de te ter ajudado. Foi sem dúvida alguma algo gratificante, e irei agradecer bastante à Rosa, por me ter chamado para este cargo.

Ouvindo o nome da Rosa, eu suspeitei logo, da intenção dela, para me juntar com o Rafael.

Mas talvez ele nesse aspeto teria toda a razão. Porque não posso, nem devo me apaixonar por uma pessoa, que não saiba aquilo que quer realmente. E o Ricardo já me tinha magoado muito nestes últimos tempos, com todas as suas dúvidas e incertezas.

Mas mesmo assim não consigo deixar de ama lo, por muito esforço que eu própria faça para tentar de uma vez por todas esquece lo.
Nesse primeiro dia, das passadas duas semanas, finalmente recebi alta hospitalar. Já me senti fortemente recuperada, para voltar à minha vida normal, no orfanato e confesso que de moletas era bastante melhor do que ir de cadeira de rodas.

O Rafael assim como a Rosa, levaram me para casa de carro. E quando digo casa, refiro me ao orfanato, que para mim desde muito cedo se reinou cada vez mais num lar. Onde todas nós, tanto eu como as minhas colegas, crescíamos de dia para dia. Até que a Olívia me veio à cabeça, e ela pra além de ter sido uma grande amiga, lá no orfanato, era quase como se fosse uma irmã para mim, mas em vez disso tornou se na minha pior inimiga, que me empurrou das escadas a baixo.

Pensando que ela me quereria de certa forma matar, deixava me de rastos. Durante todo o caminho de carro, aproveitei para fechar os olhos, e focar me apenas em coisas boas. Do hospital de Almada até Lisboa, ainda demorava um bocadinho, com que deu perfeitamente para descansar não apenas os meus olhos, como também a minha cabeça.

O Rafael que ia ao meu lado no carro, não tirava os olhos de cima de mim, e eu tinha reparado nisso, quando atravessamos a ponte vinte e cinco de Abril, e eu permanecia imóvel, quase com os olhos fechados, a olhar para o Cristo rei que surgia lentamente ao meu lado direito. E mais tarde sob a visa, no maravilhoso rio Tejo, o rio que à tanto tempo fazia parte de mim.

Até que finalmente, pondo a sua mão sobre a minha, que permanecia pousada por cima das minhas pernas, me perguntou:

_ Elisabete, sentes te bem?

Talvez aquela pergunta não fosse assim tão descabida, porque eu própria me sentia pálida e fraca, quase sem forças para me mover. Enquanto ele colocava lentamente a minha cabeça sobre o seu colo, tentando acalmar me, dizendo as seguintes palavras:

_ Vai ficar tudo bem Elisabete, estás de volta à tua casa, anima te. Em breve estarás rodeada pelas tuas amigas do orfanato, e tenho a certeza que todas estarão felizes com o teu regresso. Até o Ricardo.

Amor De Longe Onde histórias criam vida. Descubra agora