Manoela

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GIZELLY POV

Depois de muito protesto, finalmente meu pai tinha concordado ficar em meu apartamento por alguns dias até eu ter tempo de ir à sua casa e arrumar tudo.
Fiz ele ligar para o quartel avisando que estava doente e que precisava se ausentar. Uma virose, foi o que ele disse. Se alguém do quartel descobrisse sua situação iriam "gentilmente pedir que ele pedisse umas férias prolongadas, quem sabe uma aposentadoria" e eu sabia que isso era a última coisa que papai queria. Ele amava seu trabalho.
Sinto meu celular vibrando, é Manu ligando.
- Oi, Manu.
- Oi, Gi. E ai amiga, chegaram bem em casa? Você sabe que qualquer coisa pode ligar não sabe?
- Claro que sei, tampinha. Manu, no meio de tanta coisa, esqueci de te pedir algo.
- Pode pedir o que quiser.
- Eu não levei papai ao Hospital dos Veteranos com medo do que fossem fazer com ele em relação ao emprego, por isso pedi pra ambulância levá-lo para o Grande Irmão, porque sabia que você poderia me ajudar.
- Amiga, não precisa de preocupar, aqui ninguém vai ficar falando nada. Não se preocupa. A dr. Rafaella e a dr. Giovana são super corretas, jamais falariam nada pra ninguém. E aliás, como você conhece a dr. Rafaella?
Sabia que a pergunta estava vindo, Manu era curiosa demais pra deixar passar.
- Lembra aquele dia que nós fomos à boate e você me largou pra sair com aquele cara? Nós nos conhecemos lá e acabei indo pra casa dela. Mas foi só isso. Não nos falamos mais.
- Não acreditooooo! Não sabia que a dr. Rafaella era sapatão – Manu disse rindo no telefone. – Me conta mais!
- Não tem mais o que contar, sua doida – ri – E agora deixa eu ir que vou ainda na casa da meu pai tentar limpar as coisas por lá.
- Ok, ok. Mas não esquece de me ligar se precisar. Eu também preciso desligar porque sua namorada não é fácil e eu preciso estudar. – ela desligou rindo antes mesmo de eu poder responder.
Maluca.

FLASHBACK ON

- Meu deus, finalmente você atendeu!! To te ligando há horas! Me conta, como foi! - Manu falava tão rápido que mal respirava.
Contei tudo para Manu sobre minha conversa com meu pai. Podia ouvir os pulinhos de alegria que ela dava do outro lado do telefone.
- Mas e você, como foi a conversa?
- Então... eles não gostaram nenhum pouco. Falaram que eu estava jogando uma vida brilhante que teria pela frente, que todo mundo queria estar no meu lugar, com uma carreira garantida na maior firma de advogacia da cidade e blábláblá. Bem o que eu imaginava mesmo.
- Ô amiga, mas você falou pra eles que quer medicina? Tem tanta gente que sonha com filho médico...
- Falei mas eles acham que eu vou me matar de trabalhar e não terei vida alguma. Falei que ia trancar a faculdade e eles falaram que não iriam pagar por uma faculdade de medicina, então tenho que ficar tentando o vestibular até passar em uma pública.
- E eu tenho certeza que você vai conseguir. Você é super inteligente, Manu. No próximo vestibular, certeza que você passa. E eu te ajudo a estudar, se você quiser.
- Você sabe que eu te amo, né?
- Eu também te amo, tampinha.

3 anos depois...

- GIZELLYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYY! ABRE ESSA PORTA, ABRE ESSA PORTA!
Manu batia minha porta igual uma doida, saí da cozinha assustada correndo até a porta. Assim que abri, minha amiga me abraçou.
- EU PASSEIIIIIIIIIII! EU PASSEI AMIGA!!!!!!
- Puta que pariu, eu te falei que era pra você continuar tentando, eu te falei!!!! Meu deus, você vai ser a melhor médica do mundo! Eu to tão orgulhosa de você, baixinha!
Entramos em casa e comemoramos a aprovação de Manu no vestibular. O ruim é que ela tinha passado pra UFRJ, então não veria minha amiga frequentemente, mas a felicidade dela era tão grande que não nos deixamos abalar por isso.

FLASHBACK OFF

______

Cheguei na casa de papai e respirei fundo antes de dentrar no quarto. Só de olhar pra o cômodo, sentia meus olhos se enchendo de lágrimas. Comecei tirando todo o lixo do chão e botando em um saco. Peguei as roupas sujas e coloquei pra lavar, assim como sua roupa de cama. Passei o aspirador e depois o pano. Só faltava as janelas, não sabia como exatamente iria tirar aquelas tábuas sem danificar nada, mas não importava. Não tinha como papai voltar pra lá e se deparar com aquilo. Tinha medo de ser um gatilho e ele ter uma nova crise. Procurei pelo martelo por alguns minutos e quando achei, fui tirando as tábuas, uma por uma. Depois de tudo acabado, resolvi dar mais uma olhada pelo casa. Aparentemente tudo normal.
Sentei no sofá e peguei meu celular. Abri as mensagens e Rafaella?
Sério que agora você mandou mensagem?

"Oi Gizelly. Aqui é a Rafaella. Só queria me desculpar pelo que falei no hospital. Não quis te deixar chateada. Desculpa se soei egocêntrica, realmente não foi minha intenção. Espero que as coisas estejam melhores com o seu pai. A dr. Giovana é ótima, espero que ele faça o acompanhamento com ela. Se tiver algo que eu possa fazer para ajudar, você sabe onde me encontrar e agora tem meu número. Tenha um bom dia."

Fiquei olhando aquela mensagem sem saber direito o que fazer. Resolvi simplesmente ignorar.

No outro dia...

RAFAELLA POV

Gizelly não respondeu minha mensagem. Eu sabia que ela tinha lido porque o aplicativo mostrava, mas ela me ignorou. Ok, acho que mereci. Senti aquele incômodo já conhecido por mim quando algo envolvia Gizelly. Não queria que a mulher ficasse chateada comigo.

Estava almoçando quando meu celular toca. Era do hospital pedindo pra eu substituir um médico que estava doente.
Já tinha dormido o suficiente e aceitei. Ao chegar lá, fiquei surpresa ao ver Manoela. Ela não tinha ido embora?
- O que faz aqui, Manoela?
- Eu pedi pra Marlene sempre me ligar quando você tiver plantão. Não posso perder a oportunidade, chefe.
- Não sou sua chefe, Manoela – disse rindo pra menina. Sou sua professora. - Manoela vinha melhorando a cada semana. Virou uma sombra minha no PS e mesmo quando tinha que ir pra outro departamento, arranjava um jeito de voltar pra emergência para me acompanhar. Tinha que admitir que a companhia da menina não era ruim também. Ela era engraçada e continuava assim mesmo depois de horas de plantão.
- Então, chefinha, preciso conversar com você em particular.
- Ok, vamos até a sala dos médicos.

- Diga. Algum problema? – perguntei assim que chegamos na sala.
- Não exatamente. Eu só queria pedir uma coisa, na verdade não sou eu pedindo, é a Gizelly. Sei que viu na ficha do pai dela que ele é general do Exército e a Gi está preocupada que essa história vaze de alguma forma porque poderia prejudicar o pai dela.
- Sabe que jamais falaria informações de um paciente pra ninguém, Manoela.
- Sim, é claro. Jamais pensei que faria isso. Só queria saber se posso confiar na dr. Giovana. Falei pra Gi que ela era uma ótima profissional mas na verdade mal conheço a mulher.
- A dr. Giovana é de confiança, não se preocupe.
Manoela pareceu aliviada.
- Bom, eu vou indo. Espero a senhora na triagem.
- Espere, Manoela. Como está o sr. Mário? Eu mandei mensagem pra Gizelly mas ela não respondeu.
- Mandou mensagem, foi? Como tinha o número da Gi? – ela disse dando um sorriso de canto
Merda, pra que fui falar isso...
- Eu- eu vi na ficha. Só quis acompanhar o paciente. Saber como ele está.
- Ahan... ele está bem. Estável até agora. A Gi tá bem também. 
Manu deu um sorriso tão sarcástico que entendi, ela já sabia... Resolvi apenas ignorar e respondi apenas com um "Que bom" antes de pedir pra Manoela me esperar na triagem.

__________


MANU POV

Assim que sai da sala, peguei meu celular e liguei pra Gizelly. Como assim a chefinha tinha mandado mensagem e ela não respondeu? Ah, Gizelly...
- Oi, Manu.
- Olá, senhorita. Vem cá que história é essa que a Rafaella te mandou mensagem e você não respondeu? A mulher é linda, Gizelly!
- Como é que você sabe disso, sua louca? Espera ai, ela te falou?
- Falou. Meio que sem querer, mas falou. Queria saber como você estava, mas usou seu pai como desculpa. Acha que me engana. – disse rindo – Mas fala, por que você não respondeu?
- Nada ué, só não tive tempo ainda.
- Gizelly você acha que engana quem? Eu te conheço melhor do que você mesma, criatura. O que que aconteceu depois que você dormiu com ela?
Ouvi um suspiro derrotado vindo do outro lado da linha.
- Eu deixei meu número e ela não ligou e nem mandou mensagem, ok? Nossa noite foi incrível, Manu. Fiquei igual uma idiota esperando e nada. Daí agora ela vem querendo dar uma de boa moça? Não sou obrigada, né amiga...
- Entendi tudo. Ai amiga, como você é previsível! – falei rindo – Você quis dar o troco nela!
- Ok, talvez... Mas também não sabia direito o que responder. Ela disse que se eu precisasse de ajuda com algo, sabia onde encontrá-la.
- Amiga, eu não sei muito de flerte entre duas mulheres mas isso pra mim é um flerte.
-Claro que n-
- Eita, tenho que ir que a sua namoradinha ta chegando.
- Para de falar isso, maluca.
Me despedi rindo da minha amiga. 


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Veio dose dupla hoje simmmmmmm! Porque eu to irritadíssima com algumas coisas que vi no Twitter e escrever me acalma!
E como sempre, Manoela faz tudo!
Não esqueçam de dar a estrelinha e comentar. Amo ler o que vocês estão achando da fic!
Fuiiiiiii.

Recomeço - GirafaOnde histórias criam vida. Descubra agora